Pronunciamento de Magno Bacelar em 14/04/1994
Discurso no Senado Federal
SITUAÇÃO CAOTICA DO MUNICIPIO DE COELHO NETO - MA, COM O BLOQUEIO DE SUAS CONTAS PELA CAIXA ECONOMICA FEDERAL, DECORRENTE DE DIVIDA DE EMPRESTIMO COM A INSTITUIÇÃO. DEFESA DE CONCESSÃO MAIS CRITERIOSA DE EMPRESTIMOS A MUNICIPIOS POBRES E ENERGIA ELETRICA SUBSIDIADA.
- Autor
- Magno Bacelar (PDT - Partido Democrático Trabalhista/MA)
- Nome completo: Carlos Magno Duque Bacelar
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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ESTADO DO MARANHÃO (MA), GOVERNO MUNICIPAL.:
- SITUAÇÃO CAOTICA DO MUNICIPIO DE COELHO NETO - MA, COM O BLOQUEIO DE SUAS CONTAS PELA CAIXA ECONOMICA FEDERAL, DECORRENTE DE DIVIDA DE EMPRESTIMO COM A INSTITUIÇÃO. DEFESA DE CONCESSÃO MAIS CRITERIOSA DE EMPRESTIMOS A MUNICIPIOS POBRES E ENERGIA ELETRICA SUBSIDIADA.
- Publicação
- Publicação no DCN2 de 15/04/1994 - Página 1818
- Assunto
- Outros > ESTADO DO MARANHÃO (MA), GOVERNO MUNICIPAL.
- Indexação
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- INFORMAÇÃO, PARALISAÇÃO, ATIVIDADE ESSENCIAL, SERVIÇO, SAUDE, ESCOLA PUBLICA, FECHAMENTO, PREFEITURA, MUNICIPIO, COELHO NETO (MA), ESTADO DO MARANHÃO (MA), MOTIVO, INADIMPLENCIA, ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL, EMPRESTIMO, CAIXA ECONOMICA FEDERAL (CEF).
- DEFESA, REESCALONAMENTO, DEBITOS, IMPEDIMENTO, FALENCIA, CAIXA ECONOMICA FEDERAL (CEF), BANCO OFICIAL, SOLUÇÃO, PROBLEMA, ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL, ESPECIFICAÇÃO, ESTADO DO MARANHÃO (MA).
- COMENTARIO, NECESSIDADE, GOVERNO FEDERAL, MELHORIA, CRITERIOS, EXAME, CONCESSÃO, EMPRESTIMO, MUNICIPIOS.
O SR. MAGNO BACELAR (PDT - MA. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srs. Senadores, o nobre Senador Valmir Campelo, que ocupa a Presidência dos trabalhos neste momento, iniciou o seu discurso falando sobre os problemas que a dívida externa trouxe à Nação brasileira e ao seu desenvolvimento.
Se a dívida externa fosse o único obstáculo ao desenvolvimento do País, poderíamos estar felizes. Há também a questão da dívida interna, causada por maus administradores e pela irresponsabilidade de alguns dirigentes do poder público e dos bancos oficiais, que abusaram dos recursos obtidos no exterior, que fraudaram a arrecadação de Municípios e de Estados, endividando-os e trazendo conseqüências terríveis para a população deste País.
Na manhã de hoje, eu gostaria de registrar um problema local do meu Estado, da minha cidade natal. Trata-se do Município de Coelho Neto, no Maranhão, que está com a sua prefeitura fechada, com os seus serviços essenciais paralisados; as escolas e os serviços de saúde também não estão funcionando. Poderíamos dizer, no jargão popular, que o Município "está fechado para balanço". E isso por que, Sr. Presidente, Srs. Senadores? Porque a administração anterior concedeu empréstimo, pela Caixa Econômica Federal, para obras de fachada e de infra-estrutura sem nenhuma conseqüência, com a capacidade do Município inteiramente comprometida. Fraudaram todas as perspectivas de arrecadação, e o dinheiro foi levado, foi gasto, malversado sem nenhum benefício àquela população.
Sou adversário da Prefeita daquela cidade. Mas, antes do interesse político, há o meu compromisso com o Município, a obrigação para com a minha terra.
Ontem, procurei o Presidente da Caixa Econômica Federal, argumentando que não se pode reter recursos de Municípios desrespeitando o que determina a Constituição. O Presidente da Caixa Econômica Federal mandou examinar o assunto.
Solicitei audiência com o Sr. Ministro da Fazenda, mas, infelizmente - é bom que a Nação saiba -, determinados Ministros não marcam audiências com Parlamentares. A que ponto chegamos!
Este Congresso, que tem apoiado integralmente o atual Governo, tem sido tratado - e é bom que se registre - até mesmo pelo nosso Colega Fernando Henrique Cardoso, a tapas e beijos. Beijos quando S. Exª, quando Ministro, visitava esta Casa e cumprimenta a todos com cordialidade; tapas quando este Governo não leva em conta nossos apelos e seus ministros não recebem os Parlamentares.
Sei, Sr. Presidente e Srs. Senadores, que este assunto da defesa da população abandonada do Nordeste não se resolve em plenário, e sim na esfera da Administração.
Sabendo que sou adversário da Prefeita, vereadores me procuraram para propor ação de impeachment contra ela. Isso não resolve. Queremos equacionar o problema do município. A Prefeita não tem nenhuma responsabilidade; qualquer um que a substitua igualmente ficará sem recursos para gerir a cidade.
É necessário que as autoridades se conscientizem das suas responsabilidades, não fraudem arrecadações e não emprestem dinheiro a municípios que não podem pagar. As autoridades devem analisar as finalidades dos empréstimos pleiteados e não devem utilizar da força política de determinados setores nem do dinheiro ou da corrupção para levar populações inteiras ao desespero e ao caos.
Continuarei insistindo no âmbito da Administração, mas a Nação inteira precisa saber que, no Maranhão, esse já é o terceiro município a ser atingido dessa maneira. Caxias e Açailândia, segundo e terceiro maiores municípios respectivamente, bem como Coelho Neto, também sofrem com o mesmo problema. Essa situação deve alastrar-se pelo País inteiro se não tivermos o cuidado de reescalonar esses débitos, procurando soluções para que não se dê a falência da Caixa Econômica ou dos bancos oficiais, mas, também, para que sobrevivam as administrações municipais e, sobretudo, a população, punida pelo descaso das autoridades.
Fica o registro, Sr. Presidente, Srs. Senadores, no sentido de que o Governo Federal passe a examinar com mais cuidado, no momento da concessão, os financiamentos facilitados, mas terrivelmente escorchantes na hora do recebimento. Que se dê aos Municípios o tratamento que o Brasil tem tentado conseguir no exterior; que se dê aos Municípios pequenos do Nordeste a mesma prerrogativa dada aos Estados mais ricos da União.
Pode estar certa a Nação brasileira de que conta com a nossa determinação na luta pela moralização e pela defesa dos menos favorecidos.
Sr. Presidente, Srs. Senadores, temos certeza de que o povo saberá votar e escolher entre os que têm compromissos sociais com a Nação, distinguindo-os daqueles que usam o cargo para promover a corrupção e levar o povo à penúria que se verifica na minha terra, neste momento. Essa situação não é nada mais, nada menos, do que o retrato do Brasil doente e enfermo de hoje.