Discurso no Senado Federal

TRANSCRIÇÃO DO ARTIGO INTITULADO 'MUSEU DE SERGIPE', PUBLICADO NO JORNAL A TARDE, EDIÇÃO DO DIA 27 DE FEVEREIRO ULTIMO.

Autor
Lourival Baptista (PFL - Partido da Frente Liberal/SE)
Nome completo: Lourival Baptista
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA CULTURAL.:
  • TRANSCRIÇÃO DO ARTIGO INTITULADO 'MUSEU DE SERGIPE', PUBLICADO NO JORNAL A TARDE, EDIÇÃO DO DIA 27 DE FEVEREIRO ULTIMO.
Publicação
Publicação no DCN2 de 27/04/1994 - Página 2008
Assunto
Outros > POLITICA CULTURAL.
Indexação
  • SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, A TARDE, AUTORIA, JUNOT SILVEIRA, JORNALISTA, REFERENCIA, ACERVO, MUSEU, ESTADO DE SERGIPE (SE).

    O SR. LOURIVAL BAPTISTA (PFL - SE. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras e RS. Senadores, uso da palavra nesta oportunidade para registrar um comentário feito pelo Professor Junot Silveira, jornalista e editor de A Tarde, sobre um dos centros de cultura mais importantes do País, não apenas pela antiguidade de sua sede, situada na parte histórica da quarta cidade mais antiga do Brasil, mas, principalmente, pelo conjunto de peças e antiguidades do seu acervo, que retratam fatos, acontecimentos marcantes da História do Brasil e seus capítulos regionais.

    Falo, Sr. Presidente, sobre o Museu de Sergipe, sediado no antigo Paço Provincial de São Cristóvão, a cidade mais antiga de Sergipe, fundada nos idos de 1590, com o início da colonização.

    Este museu, Sr. Presidente, organizado com o apoio do então Governador Luiz Garcia, por sugestão do historiador Sergipano José Calazans e Lauro Fontes, mas que teve a contribuição do génio realizador, nesta área, dos irmãos Junot e Genner Silveira, é hoje visita obrigatória e qualquer pessoa, sergipana ou visitante, que deseje saber um pouco mais da História do Brasil, especialmente a parte que se refere ao Nordeste, tanto na fase colonial, quanto no período do império ou republicano.

    O precioso acervo, antes disperso pelos diversos municípios e localidades do Estado, inclusive na Bahia, foi reunido, em sua grande parte, pelo esforço desenvolvido por Junot Silveira, para isto incumbido pelo Governador Luiz Garcia. Assim vários órgãos públicos, famílias tradicionais do Estado e particulares diversos foram motivados a doarem ao Museu de Sergipe os objetos antigos que, mais do que a eles, interessariam à própria História do Estado.

    Recolheu-se desta forma, conforme lembra o ilustre Jornalista Junot Silveira, o primeiro cofre da Província, mobiliário do Século XVII e XVIII, um antigo canhão deixado durante as andanças do General Labatut durante as guerras da independência, quadros de artistas sergipanos famosos, como Horácio Hora; armas antigas, como, por exemplo, um revólver 45 que pertenceu a um dos personagens citados em Os Sertões de Euclides da Cunha, durante a Guerra de Canudos e, entre outras curiosidades, uma carabina que pertenceu a Francisco Camelino, um voluntário civil de Estância, que morreu lutando na Guerra do Paraguai.

    Lá também se encontra, Sr. Presidente, o acervo que a família de Lampião reuniu sobre ele, constituída de objetos pessoais, noticias de jornal, armas, munições e apetrechos usados pelo seu bando naqueles tempos.

    Gostaria, Sr. Presidente, de relatar aqui como conheci a filha dele, que foi minha cliente, quando clinicava em Aracaju, médico que era do IAPI. Entrou uma jovem de uns 18 anos em meu consultório e quando a atendia, fazendo a anamnese, perguntei-lhe:

    - Como é seu nome?

    Ela respondeu: Expedita Ferreira

    - Seu pai é vivo?

    - Morreu.

    - Morreu de quê?

    - Assassinado.

    - Sua mãe é viva?

    -Também morreu assassinada.

    Então, surpreso e curioso, perguntei-lhe:

    - O que foi isso, menina?

    E ela, com os olhos brilhando, respondeu:

    - Sou a filha de Lampião e Maria Bonita.

    E desde esta época se tornou minha cliente, durante o período em que exerci a medicina.

    Situado no centro histórico de São Cristóvão, o Museu de Sergipe, atualmente dirigido com muita dedicação e empenho pela Professora Ana Maria Fonseca Medina, tornou-se uma das grandes realizações culturais do Estado.

    Sr. Presidente, finalizando, peço a transcrição com o meu pronunciamento do artigo de autoria do Jornalista Junot Silveira, publicado em A Tarde, edição de 27 de fevereiro de 1994, intitu-

lado Museu de Sergipe. 


Este texto não substitui o publicado no DCN2 de 27/04/1994 - Página 2008