O SR. LOURIVAL BAPTISTA (PFL - SE. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sr^as e Srs. Senadores, retornando de Aracaju de avião, há poucos dias, li uma revista de bordo, onde me deparei com um artigo que considero possa ser do interesse de todas as pessoas que fazem longas viagens aéreas e, de um modo geral, pela mesma razão, das pessoas que ficam muito tempo em recintos fechados, como nós, quando trabalhamos neste plenário.

    Trata-se de uma pesquisa, Sr. Presidente, realizada pela Universidade do Sul da Flórida, em Tampa, na qual os pesquisadores concluíram que o risco de uma pessoa que nunca fumou em adquirir câncer de pulmão dobra se ela conviver no mesmo ambiente com outra que fuma.

    Esse relatório, publicado pelo Instituto Nacional do Câncer, atesta, categoricamente:

    As descobertas sugerem que a exposição prolongada à fumaça de tabaco existente no ambiente aumenta o risco de câncer em adultos que nunca fumaram.

    O referido artigo é bastante elucidativo e sucinto e peço a sua transcrição junto ao meu pronunciamento.

    É lamentável que as pessoas que não fumam e convivem com fumantes tenham risco duas vezes maior de contrair câncer de pulmão, uma das piores e mais dolorosas doenças que se conhece.

    Insisto em fazer este registro, Sr. Presidente, para mais uma vez alertar as pessoas que convivem com fumantes em ambientes fechados, mesmo eventualmente, para o risco que correm, pois o cigarro, além de causar dano a pessoa que fuma, também polui todo o ambiente, prejudicando, dessa forma, a todos os que convivem num mesmo espaço.

    Sr. Presidente, antes de encerrar este breve registro, quero manifestar o meu grande contentamento pela recuperação de nosso pregado colega, o nobre Senador José Richa, meu velho amigo, a quem muito estimo e por quem tenho grande admiração, que recentemente foi acometido de uma ameaça de embolia pulmonar e, graças a Deus, já está em franco processo de melhoria do seu estado de saúde, totalmente fora de perigo e restabelecido.

    Pelo que fui informado por um colega, também médico, o eminente Senador - que, como sabemos, era um fumante inveterado - teria deixado de fumar após esse embaraço, estando com mais de 20 dias de abstinência.

    Fico feliz com essa notícia, pois nós, os médicos, sabemos, como verdade cristalina, que o fumo também contribui para o surgimento do problema que acometeu o Senador José Richa, produzindo vasoespasmo, aumentando a coagulabilidade do sangue e diminuindo a taxa de oxigenação sangüínea, o que compromete seriamente a circulação em geral.

    Faço votos de que o nobre Senador José Richa seja bem sucedido ao transformar esse período de abstinência do cigarro em um fato absolutamente definitivo, porque nós, no Senado, o Brasil e o Parará muito precisamos dele, político de grande envergadura e brasileiro exemplar.

    O Sr. Ney Maranhão - Permite-me V. Exª um aparte?

    O SR. LOURIVAL BAPTISTA - Com prazer, eminente Senador Ney Maranhão.

    O Sr. Ney Maranhão - Senador Lourival Baptista, estava no meu gabinete quando comecei a ouvir V. Exª falando a respeito desse problema que tanto combate, o fumo. Desejo incluir no seu pronunciamento uma definição de Henrique Pongetti, aquele grande jornalista que escrevia na revista Manchete, fumante inveterado, o qual dizia não ter condições de evitar o vício, tendo morrido de enfisema: "Cigarro: um rolo de papel, uma brasa na ponta e um imbecil chupando." Isso significa, nobre Senador, que o cigarro faz mal à saúde e as pessoas continuam fumando, mesmo sabendo disso. Desse modo, trago essa lembrança de Henrique Pongetti, que, embora não tivesse conseguido deixar de fumar, alertou aos fumantes sobre o malefícios que o cigarro traz à saúde. Muito obrigado a V. Exª.

    O SR. LOURIVAL BAPTISTA - Muito grato a V. Exª, eminente Senador Ney Maranhão. Em nosso pronunciamento será inserida a valiosa colaboração que V. Exª presta em benefício da saúde daqueles que desejam tê-la.

    Muito grato a V. Exª, eminente Senador Ney Maranhão.

    Sr. Presidente, manifesto mais uma vez o meu contentamento pela admissão de mais um sócio ilustre na legião dos não-fumantes, reiterando a minha convicção de que estamos no caminho certo ao combatermos o tabagismo, hábito absolutamente pernicioso à saúde da população e à felicidade das pessoas.

    Alegria maior teremos quando virmos o nobre Senador José Richa aqui em nosso meio, vendendo saúde, alegre e feliz, mas sem o cigarro, dizendo: "Cigarro, nunca mais!"

    Finalizando, Sr. Presidente, passo a ler nota publicada na Coluna do Estadão, de Cristina Lôbo, com Agência Estado, do jornal O Estado de S. Paulo, edição de 30 de abril, sábado, com o título de "Volta", nos seguintes termos:

     Já recuperado da doença respiratória que o levou para o INCOR, em São Paulo, José Richa reapareceu ontem, em Curitiba, na formalização da coligação do PSDB com o PDT de Jaime Lerner.

     Mais magro e disposto, informou o segredo da boa saúde: "Deixei de fumar, depois de completar 50 anos com o cigarro."

 Muito obrigado, Sr. Presidente.