Discurso no Senado Federal

REGOZIJO PELA ESCOLHA DO SENADOR GUILHERME PALMEIRA PARA COMPOR A CHAPA DO SR. FERNANDO HENRIQUE CARDOSO COMO VICE-PRESIDENTE.

Autor
Divaldo Suruagy (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AL)
Nome completo: Divaldo Suruagy
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA PARTIDARIA.:
  • REGOZIJO PELA ESCOLHA DO SENADOR GUILHERME PALMEIRA PARA COMPOR A CHAPA DO SR. FERNANDO HENRIQUE CARDOSO COMO VICE-PRESIDENTE.
Aparteantes
Albano Franco, Carlos Patrocínio, Cid Sabóia de Carvalho, Lourival Baptista, Magno Bacelar, Marco Maciel, Mauro Benevides, Ney Maranhão, Odacir Soares, Teotonio Vilela Filho.
Publicação
Publicação no DCN2 de 12/05/1994 - Página 2215
Assunto
Outros > POLITICA PARTIDARIA.
Indexação
  • CONGRATULAÇÕES, ESCOLHA, GUILHERME PALMEIRA, SENADOR, CANDIDATO, VICE-PRESIDENTE DA REPUBLICA, COMPOSIÇÃO, CHAPA, APOIO, CANDIDATURA, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA.
  • ELOGIO, ATUAÇÃO, VIDA PUBLICA, GUILHERME PALMEIRA, POLITICO, ESTADO DE ALAGOAS (AL).

    O SR. DIVALDO SURUAGY (PMDB-AL. Como Líder. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, agradecendo a deferência do Senador Ney Maranhão, que me permitiu falar antes de S. Exª, gostaria de registrar minha alegria pela ascensão de um companheiro nosso, o Senador Guilherme Palmeira, convidado e indicado pelo seu Partido para compor a chapa da candidatura Fernando Henrique Cardoso na qualidade de Vice-Presidente da República.

    Faço política com o Senador Guilherme Palmeira há mais de trinta anos. Juntos participamos de inúmeras campanhas eleitorais, e todos sabemos que ninguém consegue esconder a sua verdadeira personalidade durante uma campanha eleitoral. As virtudes e os defeitos dos candidatos extrapolam dentro das paixões envolvidas numa campanha.

    Pois bem, ao longo desse tempo de convívio político e pessoal com o Senador Guilherme Palmeira, jamais encontrei em S. Exª um gesto que o diminuísse como representante de Alagoas no cenário federal.

    Guilherme Palmeira foi Presidente da Assembléia Legislativa do meu Estado, Secretário de Indústria e Comércio, Deputado Estadual em três legislaturas. Governador de Alagoas, Senador da República por dois mandatos consecutivos, Vice-Presidente e Presidente Nacional do Partido da Frente Liberal e Vice-Presidente desta Casa. S. Exa , em momento algum, diminuiu o cenário da República e a classe política, que ele dignifica com o seu nome e desempenho.

    Por isso, quero expressar minha satisfação e alegria por ver esse companheiro de tantas batalhas e lutas. E, mesmo estando hoje em partidos diversos, não posso calar a minha voz e deixar de lançar o meu protesto contra uma campanha insidiosa que está sendo tramada contra o Senador Guilherme Palmeira, apontando-o como irresponsável e como um ébrio contumaz.

    S. Exa é um homem que dignifica a classe política brasileira e, particularmente, a alagoana.

    O Sr. Magno Bacelar - Permite-me V. Exa um aparte?

    O SR. DIVALDO SURUAGY - Concedo um aparte ao nobre Senador.

    O Sr. Magno Bacelar - Nobre Senador Divaldo Suruagy, estou inscrito, como Líder, exatamente para alertar esta Casa, lastimando a atitude da revista Veja na reportagem que denigre esta Casa e atinge a honra de um homem de bem. Acho que o Senado Federal precisaria - e vou solicitar isto na minha intervenção - tomar uma atitude para coibir tais julgamentos precipitados e sem prova e, sobretudo, já com aspecto de campanha política. O artigo tem fim político e objetiva denegrir a honra de um homem de bem pelo simples fato de ele ter sido escolhido para Vice-Presidente. Não sou partidário da campanha do Sr. Fernando Henrique Cardoso, não sou do Partido do nobre Senador Guilherme Palmeira, mas o tenho na conta de um homem de bem, de um homem que dignifica não só esta Casa, mas a política brasileira. Esta Casa tem que reagir a tais artigos e não se acovardar como uma ostra que se recolhe na casca com medo de uma imprensa que dita irresponsavelmente os destinos deste País. Era essa a finalidade da minha inscrição, como Líder de um Partido de oposição à candidatura do Sr. Fernando Henrique Cardoso. Não abro mão da minha inscrição, porque levantarei uma questão de ordem. Mas digo a V. Exª que o tom do meu pronunciamento é de indignação, principalmente com a falta de atitude desta Casa, que precisa deixar de ser covarde para ser mais responsável para com o povo que nos elegeu. Muito obrigado a V. Exª

    O SR. DIVALDO SURUAGY - Senador Magno Bacelar, o aparte de V. Exª nos revela a dignidade com que tem conduzido sua vida pública. E a sua atitude em defesa de um companheiro, a quem não está oferecendo apoio político nesse pleito eleitoral, é um atestado eloqüente da sua grandeza e também um reconhecimento aos atributos e às qualidades que norteiam a maneira de ser e proceder do Senador Guilherme Palmeira.

    O Sr. Cid Saboia de Carvalho - Permite-me V. Exª um aparte?

    O SR. DIVALDO SURUAGY - Nobre Senador Cid Sabóia de Carvalho, é uma honra ser aparteado por V. Exª

    O Sr. Cid Saboia de Carvalho - Estou aparteando V. Exª, logo de saída, seguindo-me ao Senador Magno Bacelar, naturalmente para concordar com os reparos que hoje são feitos nesta Casa por V. Exª, no que diz respeito ao nosso prezado e querido companheiro Senador Guilherme Palmeira. Vimos o modo como esse cidadão foi magoado, ofendido, injuriado, difamado até - não digo caluniado porque não se atribuiu a ele nenhum crime - mas se assacou contra a sua dignidade pessoal, contra a sua conduta, algo absolutamente inaceitável, notadamente em termos democráticos. Nem podemos chamar de liberdade de imprensa esse momento em que a liberdade extrapola tanto que invade a dignidade do cidadão, infringindo, portanto, os dispositivos que estão no art. 5º da Constituição Federal, como o direito que todos têm à honra, à dignidade, o direito à imagem que realmente possam produzir socialmente. O Senador Guilherme Palmeira já esteve nesta Casa em outro mandato - quando cheguei aqui, o encontrei; foi cumprir mandato executivo em Maceió, foi o Prefeito; foi novamente eleito para esta Casa, e aqui não se tem conhecimento de nenhum ato indigno ou de nenhum ato que caiba na imputação que a ele foi assacada. O Senador Magno Bacelar é do PDT, não vai votar no Senador Fernando Henrique Cardoso; eu não vou votar no Senador Fernando Henrique Cardoso; V. Exª também não, porque é do PMDB, terá um candidato do nosso Partido; e, conseqüentemente, não distinguiremos o Companheiro Guilherme Palmeira com o nosso voto, não por aquilo que se lhe imputa, mas, primordialmente, por uma questão de composição política. S. Exª seria digno do nosso voto - quem sabe - num segundo turno, em outra circunstância; seria acolhido no PMDB e em qualquer partido, sem nenhuma ressalva, porque é um homem absolutamente de bem; não se conhece nada de indignidade no seu comportamento. Agora, veja V. Exª que, no Brasil, tornou-se uma verdadeira e fácil possibilidade assacar-se contra qualquer pessoa que apareça no cenário político qualquer imputação, sem a menor responsabilidade para com a verdade, para com o princípio da veracidade. Por isso, alio-me a V. Exª - eu pretendia também discursar sobre este assunto, mas, já que V. Exª o faz, incluo-me na sua palavra digna, de pessoa que conhece Guilherme Palmeira mais do que todos nós - somo-me a V. Exª e faço o meu protesto juntamente com o seu. Muito obrigado pelo aparte.

    O SR. DIVALDO SURUAGY - Eu que agradeço a V. Exª, nobre Senador Cid Sabóia de Carvalho. Tenho certeza de que as palavras de V. Exª vão calar muito profundo nos sentimentos e nas emoções do Senador Guilherme Palmeira.

    O Sr. Ney Maranhão - Permita-me V. Exª um aparte?

    O SR. DIVALDO SURUAGY - Ouço V. Exª com muito prazer.

    O Sr. Ney Maranhão - Senador Divaldo Suruagy, V. Exª já está sentindo a unanimidade desta Casa quando assoma à tribuna e mostra as qualidades, a honradez de um político brasileiro que será o orgulho de qualquer partido que tiver o nobre Senador Guilherme Palmeira como candidato. Todos conhecemos profundamente esse político nordestino de Alagoas, homem simples, que tanto faz estar como Senador da República ou como um simples cidadão, é um homem tratável, um homem que conhece os problemas deste País e que sempre esteve à altura de qualquer dos cargos que ocupou no seu Estado e como Senador da República, pela segunda vez. Afirmo a V. Exª, Senador Divaldo Suruagy, - falo como Líder de um partido cujo principal representante teve o mandato cassado por esta Casa - pelo respeito que tenho ao Senador Guilherme Palmeira, aos amigos e à classe política, a solução é uma lei de imprensa, que até agora não tivemos coragem de decidir, mas uma lei que doa no bolso também daqueles que assacam contra a honra alheia. Uma reportagem como essa, numa revista como a Veja, ou qualquer outra, é a primeira notícia que fica. A imagem do Congresso Nacional, lá fora, é muito ruim, é péssima, mas os culpados somos nós que não temos uma lei de imprensa para responsabilizar, não só criminalmente, mas principalmente bater no bolso desse cidadão quando assacar contra a honra de qualquer cidadão brasileiro. Portanto, como Líder do PRN, Partido que não vota no Senador Guilherme Palmeira, neste instante, solidarizo-me com S. Exª e com o pronunciamento de V. Exª. Tenho certeza de que a unanimidade desta Casa tem esse mesmo pensamento. Guilherme Palmeira é um homem sério, é um político que honra qualquer partido, qualquer cargo que seja distinguido por essas agremiações. Muito obrigado.

    O SR. DIVALDO SURUAGY - Muito obrigado, nobre Senador Ney Maranhão, as palavras de V. Exª, além de enriquecerem o nosso pronunciamento, terão uma repercussão muito forte na nossa Região, no Nordeste, particularmente em Alagoas, graças à expressão política de que V. Exª goza nessa região.

    O Sr. Lourival Baptista - Permite-me V. Exª um aparte, nobre Senador Divaldo Suruagy?

    O SR. DIVALDO SURUAGY - Ouço o aparte do nobre Senador Lourival Baptista.

    O Sr. Lourival Baptista - Eminente Senador Divaldo Suruagy, estou ouvindo V. Exª com muita atenção, falando sobre o nosso querido amigo Senador Guilherme Palmeira. Faço minhas as palavras de V. Exª Conheço há anos o Senador Guilherme Palmeira e seu saudoso pai, Rui Palmeira, a quem me ligavam profundos laços de amizade. Nesta cadeira, onde me sento há vinte e três anos, afirmo a V. Exª que muito devo por aqui estar ao ex-Senador Rui Palmeira. Aconteceu um episódio conosco, e ele me avisou sobre o que queriam fazer contra mim, o que permitiu que me defendesse no tempo oportuno. O saudoso Senador Rui Palmeira honrou esta Casa e a dignificou, quando, lá no Estado de Alagoas, deixou um filho tão digno quanto ele, Guilherme Palmeira. V. Exª faz muito bem em dar a sua palavra, a sua solidariedade a esse homem de bem que é Guilherme Palmeira.

    O SR. DIVALDO SURUAGY - Agradecendo ao Senador Lourival Baptista, ressalto que o Senador Guilherme Palmeira herdou os atributos e as qualidades maiores daquele que norteou a sua personalidade, que foi o sempre lembrado, jamais esquecido, Senador Rui Soares Palmeira.

    O Sr. Carlos Patrocínio - Permite-me V. Exª um aparte?

    O SR. DIVALDO SURUAGY - Ouço com prazer o nobre Senador Carlos Patrocínio.

    O Sr. Carlos Patrocínio - Eminente Senador Divaldo Suruagy, V. Exª faz muito bem em sair na defesa da pessoa do nosso querido amigo e correligionário, Senador Guilherme Palmeira. Temos, na realidade, que repudiar esse tipo de imprensa que, não conseguindo nada que possa macular a imagem de uma pessoa, de um homem público, começa a partir por esses terrenos escusos, esses terrenos das questões familiares e, às vezes, por esses como o que veiculou essa revista Veja. Considero o Senador Guilherme Palmeira um dos homens mais íntegros, mais respeitados, mais conscientes desta Casa, um amigo fiel e leal. Portanto, nada poderia macular sua imagem, principalmente agora que S. Exª, representando o PFL com muita dignidade, faz parte dessa chapa do nosso também querido Senador Fernando Henrique Cardoso. Talvez uma lei de imprensa mais rígida acabe com esse tipo de coisa. Daqui a uns dias, nobre Senador Divaldo Suruagy, vão dizer de uma pessoa, que não tem outro defeito, que ele não poderá ser candidato, porque é um fumante inveterado e coisa dessa natureza. Portanto, louvo essa atitude de V. Exª, associando-me a essas manifestações de apreço a esse grande brasileiro, a esse grande alagoano, que é o nosso querido Senador e candidato a Vice-Presidente, Guilherme Palmeira. Muito obrigado.

    O SR. DIVALDO SURUAGY - Senador Carlos Patrocínio, agradeço a V. Exª pelo aparte e aproveito a oportunidade para anunciar à Casa um fato que imagino seja do conhecimento de V. Exª: o Senador Guilherme Palmeira não pretendia ser candidato a Vice-Presidente, tendo relutado em aceitar essa tarefa. Como o seu nome era o que mais somava, por ser o que menos dividia, dentro do Partido, S. Exª a aceitou como uma incumbência partidária, para prestar um serviço ao Partido e ao País, imaginando que possa ser útil à candidatura do Senador Fernando Henrique Cardoso.

    Agradeço o aparte de V. Exª e, ao mesmo tempo, deixo bem claro que o Senador Guilherme Palmeira não pleiteou essa indicação. Pelo contrário, S. Exª relutou em aceitar essa incumbência, depois rendendo-se aos argumentos dos companheiros do Partido.

    O Sr. Teotonio Vilela Filho - Senador Divaldo Suruagy, permite-me V. Exª um aparte?

    O SR. DIVALDO SURUAGY - Concedo o aparte a V. Exª, Senador Teotonio Vilela Filho.

    O Sr. Teotonio Vilela Filho - Nobre Senador Divaldo Suruagy, faço questão de registrar aqui um testemunho que é mais de justiça do que de simples amizade ou admiração pessoal. O Senador Guilherme Palmeira e eu estivemos sempre em palanques diversos e sempre em partidos diferentes. Não posso, no entanto, calar o testemunho da honestidade e da correção com que se houve no Governo de Alagoas. Discorde-se de sua postura política, mas ninguém lhe poderá negar o crédito da absoluta honestidade pessoal. Divirja-se de sua política de governo, mas ninguém lhe poderá usurpar o reconhecimento da mais absoluta integridade pessoal e da mais democrática postura política quando esteve à frente dos destinos de meu Estado. Critica-se hoje o Senador Guilherme Palmeira antes por suas qualidades, de haver tentado a paz e a conciliação entre irmãos que se digladiavam. Todas as críticas ao honrado Senador Guilherme Palmeira, na verdade, mal disfarçam o ranço do preconceito mais odiento contra o Nordeste e o Estado de Alagoas. Esse preconceito regional encobre, pior ainda, o preconceito econômico contra uma região que paga, em seu desempenho econômico e em seus indicadores sociais, o pesado preço do descaso, do abandono e da omissão de sucessivos governos da União. Pode ser incômodo denunciar, mas é preciso que se desnude a farsa: critica-se o Senador Guilherme Palmeira por ser nordestino, por vir de uma região economicamente pobre, socialmente espoliada. Pobre não por falta de potencial, mas de políticas compensatórias de investimentos econômicos e sociais. Infelizmente, tais críticas retratam parte de um Brasil que, faz muito pouco tempo, até pregava o separatismo político, por conta de um separatismo econômico infelizmente já real. O Senador Guilherme Palmeira, hoje, é também vítima do iníquo apartheid econômico com que querem enlamear as tradições do próprio Brasil. Registro, neste aparte, minha indignação pessoal e de cidadão contra essa postura discriminatória de preconceitos mal disfarçados. E hipoteco minha solidariedade ao Senador Guilherme Palmeira. Volto a insistir: o registro da honestidade política e pessoal, da integridade moral e da honradez do Senador Guilherme Palmeira é um imperativo acima de tudo de justiça, mais que um simples dever de amizade e de admiração pessoal.

    O SR. DIVALDO SURUAGY - Senador Teotonio Vilela Filho, gostaria de aproveitar suas colocações para destacar a propriedade do argumento apresentado por V. Exª

    Certa feita, participando do programa do Jô Soares, em São Paulo, o famoso entrevistador tentava nos gozar como alagoano, indagando como Alagoas pôde ter gerado e criado Fernando Collor. Respondi - e hoje estou convencido de que fui muito feliz na resposta - que Fernando Collor havia nascido no Rio de Janeiro, havia sido criado em Brasília, passado férias em Maceió, tendo sido eleito por São Paulo - porque Fernando Collor teve mais votos em São Paulo do que Lula, Mário Covas, Ulysses Guimarães, Afif e Maluf. São Paulo elegeu Fernando Collor. Tanto isso era verdade que o Jô Soares encerrou o assunto, não voltando a discutir nesses termos.

    Repito: Fernando Collor nasceu no Rio de Janeiro, criou-se em Brasília, passou férias em Maceió e foi eleito por São Paulo, porque lá derrotou todos os candidatos do Estado.

    Inclusive quero deixar um comentário a respeito das críticas que têm sido feitas ao Senador Guilherme Palmeira, de que S. Exª teria criado Fernando Collor. Em primeiro lugar, o pai de Fernando Collor, Arnon de Mello, tendo exercido os cargos de Senador por Alagoas, durante três mandatos consecutivos, e de Governador do Estado, foi o grande responsável pelo surgimento do filho no processo político do Estado. A liderança do Senador Arnon de Mello emprestou força política ao filho. Se não fosse o prestígio político do seu pai, Fernando Collor não teria surgido no cenário alagoano e, depois, no cenário nacional.

    Inclusive, o Senador Guilherme Palmeira disputou o Governo do Estado contra Fernando Collor, tendo sido por ele derrotado. Nessa ocasião, Fernando já revelava o seu caráter, pois voltou-se contra quem o havia nomeado Prefeito de Maceió.

    Sou testemunha, e posso falar de cátedra, da violentação do Senador Guilherme Palmeira em aceitar diálogos com Fernando Collor. Naquele instante, S. Exª teve uma visão contrária à minha, do Senador Teotonio Vilela Filho e do Deputado José Costa, que está nos honrando com a sua presença. S. Exª imaginava que seria muito mais útil a Alagoas criando condições de governabilidade para Fernando Collor. Nós, Senador Teotonio Vilela Filho, Deputado José Costa e eu, estávamos convencidos de que o Collor era inconseqüente e irresponsável, a quem não poderíamos prestar qualquer apoio. Mas essa atitude do Senador Guilherme Palmeira não significou, em momento algum, uma paternidade das decisões e dos erros do Governo Collor. Ao contrário, S. Exª muitas vezes levou as dúvidas e as inquietações que dominavam esta Casa para o então Presidente da República.

    Faço este esclarecimento, deixando bem claro que Fernando Collor foi eleito por São Paulo.

    O Sr. Albano Franco - Permite-me V. Exª um aparte?

    O SR. DIVALDO SURUAGY - Concedo o aparte a V. Exª, nobre Senador Albano Franco.

    O Sr. Albano Franco - Nobre Senador Divaldo Suruagy, inicialmente desejo parabenizar e felicitar V. Exª pelo pronunciamento. E hoje, aqui no Senado, mais uma vez, V. Exª demonstra a sua coerência, a sua lucidez e, principalmente, a sua maneira de fazer política, pensando no seu Estado, na sua Região, mas sempre com dignidade nos seus atos. Neste instante, aparteando V. Exª, desejo dizer o que penso acerca do Senador Guilherme Palmeira. Não somente pelo fato de sermos de Estados vizinhos, mas o Senador Guilherme Palmeira também foi, durante quatro anos, colega de meu pai, Governador de Sergipe, sendo ele Governador de Alagoas. Desde 1983 somos colegas aqui no Senado; acompanho todas as idéias e teses defendidas por S. Exª em favor do desenvolvimento de Alagoas, no setor do açúcar, do álcool, da alcoolquímica, do sal-gema, porque o meu relacionamento na área empresarial demonstra o conhecimento das posições e do trabalho do Senador Guilherme Palmeira. V. Exª, que o conhece há 30 anos, portanto, melhor do que ninguém, nos dá o seu testemunho, muito importante para nós, porque conhecemos a dignidade, o comportamento, a ética e a coerência política do Senador Guilherme Palmeira. Por isso, associo-me às palavras com que V. Exª se refere a Guilherme Palmeira, que continua a honrar e dignificar a classe política brasileira.

    O SR. DIVALDO SURUAGY - Muito obrigado, Senador Albano Franco. V. Exª evoca o testemunho de um dos maiores Governadores que Sergipe já teve, ao lado do ex-Governador Lourival Baptista, que foi o Dr. Augusto Franco, seu honrado pai, um modelo de política para todos nós do Nordeste.

    Encontram-se aqui também vários Senadores que foram colegas de governo do Senador Guilherme Palmeira: o Senador Lucídio Portella, o Senador Marco Maciel e tantos outros, que conhecem de perto o espírito público, a capacidade administrativa e a seriedade de Guilherme Palmeira.

    O Sr. Marco Maciel - Permite-me V. Exª um aparte?

    O SR. DIVALDO SURUAGY - Concedo o aparte ao nobre Senador Marco Maciel.

    O Sr. Marco Maciel - Nobre Senador Divaldo Suruagy, manifesto a minha total adesão às palavras que V. Exª profere. Como colega e amigo do Senador Guilherme Palmeira, mas, sobretudo, como Líder da Bancada do PFL, não gostaria de manifestar a minha opinião sobre o denso e oportuno discurso que V. Exª profere nesta sessão matutina, mas desejo registrar a nobreza do seu gesto. V. Exª pertence a um partido diferente daquele que integra o Senador Guilherme Palmeira; entretanto, não titubeou em se manifestar publicamente nesta Casa em favor do ilustre Senador, seu coestaduano. Esta é uma característica de V. Exª: mesmo em campos opostos, V. Exª não perde a nobreza de gestos; em momento nenhum deixa que episódios políticos ou partidários venham comprometer os laços de amizade. Por isso, exalto esse gesto de V. Exª, que muito nos sensibiliza, sobretudo a nós da Bancada do PFL, que tem em Guilherme Palmeira um dos seus mais ilustres e eminentes representantes. Desejo, também, dizer a V. Exª, Senador Divaldo Suruagy, que, na verdade, Guilherme Palmeira é um homem público por excelência. Desde muito cedo, honrando a tradição que vem do seu pai, o Senador Guilherme Palmeira tem se desincumbido com espírito público e competência nas diferentes funções a que tem sido alçado, desde muito cedo, na vida acadêmica, posteriormente na Assembléia Legislativa, no Governo do Estado das Alagoas, na Prefeitura de Maceió, no Senado da República, já por dois mandatos. Todos que conhecem Guilherme Palmeira, todos que, de alguma forma, privam de sua amizade sabem que ele, além de ser um político integral, é também um homem de conduta cívica e pessoal irrepreensível. Por isso, merece mais do que uma defesa; merece o nosso permanente reconhecimento. De mais a mais, ninguém pode desconhecer que Guilherme Palmeira é um político que, além de lutar pelas soluções dos problemas do seu Estado, o Estado das Alagoas, e lutar também pela solução dos problemas da região na qual se encontra inserido o Estado das Alagoas e o Nordeste, é um político que tem uma visão nacional, que nunca se omitiu nos múltiplos e diferentes problemas que enfrenta o País. Inclusive, sob o ponto de vista político, ele não tem deixado de participar das campanhas que, de alguma forma, tenham concorrido para o fortalecimento das instituições políticas brasileiras. Dou como exemplo, sem querer recuar muito no passado, a sua memorável participação na chamada Aliança Democrática, que tornou possível a chapa Tancredo Neves-José Sarney, e que teve como objetivo primacial fazer com que o País se reinserisse no Estado de Direito e visse restauradas suas instituições democráticas. O Senador Guilherme Palmeira tem como característica de sua atuação política a discrição, ou seja, é um político que age de forma lúcida, determinada, mas sem muitos alaridos, o que o torna, portanto, um político respeitado pela sobriedade de gestos, mas também um político que não busca manchetes, que não vive cultuando ou cultivando a popularidade fácil. Por isso, nobre Senador Divaldo Suruagy, quero cumprimentá-lo, uma vez mais, pelo discurso que V. Exª profere na manhã de hoje. E dizer mais, que o Senador Guilherme Palmeira, alçado agora à condição de candidato a Vice-Presidente, na chapa integrada pelo Senador Fernando Henrique Cardoso, merece, com todos os títulos, o nosso reconhecimento. Nós, do PFL - cujo partido vem de celebrar uma coligação com o PSDB - e todos os outros, que eventualmente estejam em campos opostos, conhecemos a forma pela qual o Senador Guilherme Palmeira anuiu em participar da chapa presidida pelo Senador Fernando Henrique Cardoso. Em momento algum ele a desejou, em momento algum ele postulou a função; antes foi conseqüência de um entendimento político-partidário do qual participaram os partidos que estão coligados em torno da candidatura Fernando Henrique Cardoso, nomeadamente o PSDB, o PFL e o PTB, presidido pelo nobre colega de representação no Senado, o Senador José Eduardo Andrade Vieira. Sabe V. Exª, como seu companheiro de bancada, que, em momento algum, S. Exª postulou essa indicação. Aceitou, posso dizer, como imperativo partidário, e certamente muito vai concorrer pela sua representatividade política para dar maior peso partidário-eleitoral à chapa do Senador Fernando Henrique Cardoso e à campanha que ambos empreenderão. Essa campanha vai permitir fazer com que não-somente fiquem mais claros os objetivos programáticos que fizeram com que diferentes partidos se unissem, mas vai contribuir também para que o País melhor conheça o Senador Guilherme Palmeira e melhor possa, inclusive, apreciar as suas qualidades de homem público e as suas características de político. Por isso, encerrando o meu aparte, quero dar o meu total apoio às palavras de V. Exª e dizer que o Senado, de alguma forma, hoje, se engrandece com esse gesto generoso de V. Exª, tão oportuno em defesa do Senador Guilherme Palmeira e em reconhecimento das suas qualidades cívicas e pessoais. Portanto, nobre Senador Divaldo Suruagy, receba, com os meus cumprimentos, a certeza de que suas palavras irão perpassar os limites do Senado da República e, certamente, percorrer todo este País, sobretudo neste momento em que vivemos e que, certamente, faz com que a Nação se mobilize na busca de alternativas válidas para as eleições de 3 de outubro, que se avizinham, durante as quais, entre outros cargos eletivos, serão providos os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República.

    O SR. DIVALDO SURUAGY - Senador Marco Maciel, para que V. Exª tenha noção da importância do seu depoimento, basta que V. Exª saiba que tanto o Senador Guilherme Palmeira quanto o Senador Divaldo Suruagy enxergam em V. Exª um modelo de político.

    O Sr. Odacir Soares - V. Exª me permite um aparte?

    O SR. DIVALDO SURUAGY - Ouço V. Exª com prazer.

    O Sr. Odacir Soares - Solidarizo-me, nobre Senador Divaldo Suruagy, com V. Exª em termos, com aquilo que, especificamente, é a base, a razão e a motivação do discurso de V. Exª: o Senador Guilherme Palmeira. S. Exª é o candidato do PFL à Vice-Presidência da República na chapa do Senador Fernando Henrique Cardoso; é um Parlamentar que honra as tradições de Alagoas, correto, diligente, que preenche, do ponto de vista de sua atuação política, todos os requisitos necessários para o desempenho do mandato que terá, de Vice-Presidente da República. Do ponto de vista moral, pessoal, é um cidadão que tem vida inatacável. Entendo, entretanto, que a candidatura do Senador Guilherme Palmeira - uma candidatura do PFL, que a assumiu com plena consciência de sua atitude - não tem nada a ver com o Presidente Collor. Penso que ela não foi proposta em função do Presidente Collor. Se S. Exª foi amigo do Presidente Collor, se é amigo ou não, creio que essa é uma situação que não tem nada a ver com sua candidatura e, também, com a política alagoana. A política alagoana é, de certo modo, até sui generis. V. Exª, Senador pelo PMDB, está fazendo a defesa de um Senador do PFL e é apoiado por um Senador do PSDB, o Senador Teotonio Vilela Filho. Eu sou Vice-Presidente Nacional do PFL - falo também nesta condição -, estamos satisfeitos, vamos defender e estamos solidários com a candidatura Guilherme Palmeira Contudo, não podemos ficar submetidos ou sujeitos às colocações que a imprensa eventualmente faz desse ou daquele político, desse ou daquele cidadão. Se no passado, presente ou futuro o Senador Guilherme Palmeira manteve ou não laços de amizade com o ex-Presidente Collor, se não tem mais, isso não afeta em nada sua candidatura, positiva ou negativamente. O Senador Guilherme Palmeira é candidato pelas qualidades que tem, pelo currículo político da sua vida pessoal, da sua vida familiar. V. Exª sabe, tanto ou mais que eu, que estamos lamentavelmente nesta democracia que vivemos, em que a imprensa não tem qualquer limite de responsabilidade para exercitar a liberdade que tem e sabe que pode exercitar essa liberdade sem limites, porque a nossa legislação é infeliz, é lamentável, até como decorrência de arroubos liberais de pessoas chamadas de esquerda que não permitiram tivéssemos aqui uma legislação como acontece em países da Europa, que permite à imprensa a liberdade total, mas que, em contrapartida, a submete a penas pecuniárias decorrentes daquilo que ela extrapola. Lamentavelmente, no Brasil, isso não acontece. Finalizando, V. Exª tem a nossa integral solidariedade. O Senador Guilherme Palmeira é o nosso candidato. Em Alagoas, o PFL está ou vai estar, inclusive, em coligação com o PMDB e, portanto, com a sua candidatura. V. Exª, por isso mesmo, é uma voz isenta e autorizada para fazer o discurso que está fazendo, e tem a nossa integral solidariedade. Contudo, lembro que o Presidente Collor não tem nada a ver com isso, positiva ou negativamente. Entendo até que o nome dele está sendo citado neste discurso desnecessariamente. Queria fazer esta observação.

    O SR. DIVALDO SURUAGY - É verdade. Em relação ao Presidente Collor, aconteceu que envolveram o nome do Guilherme como se fosse, na revista, o criador.

    O Sr. Odacir Soares - Na discussão da coligação PSDB-PFL, eu li num jornal que alguém teria "vetado" o nome do Deputado Luís Eduardo Magalhães, por S. Exª ser filho do Governador Antônio Carlos Magalhães. Deve-se usar a palavra "filhotismo". Quando o "filhotismo" é de outras pessoas é bom. Quando o Senador é do PSDB, do PDT, ou do PT, ser filho é qualidade. Quando ser filho é o Collor, não é qualidade. Estava a ver o Senador Albano Franco dizer que é filho do ex-Governador Augusto Franco, aí é qualidade; mas quando é filho do Arnon de Mello, é defeito. Só quero que saiamos desse maniqueísmo, dessa hipocrisia. O Senador Albano Franco é ilustre não apenas por ser filho de um ex-Govenador, mas por ser competente, correto, sério.

    O SR. DIVALDO SURUAGY - Correto.

    O Sr. Odacir Soares - Não podemos fazer o jogo da imprensa, mas o da democracia, o jogo positivo da candidatura de V. Exª, que engrandece Alagoas; da candidatura de Guilherme Palmeiras, que engrandece o Estado, também. Queiramos ou não, o Presidente Collor é um político de Alagoas. Se nasceu no Rio, se teve a maior votação de São Paulo, tudo isso, no seu momento é uma manifestação positiva do grande Estado de Alagoas. É positivo, não negativo. Tenha V. Exª a minha solidariedade e por todas as razões pessoais de V. Exª, saiba também que me filio à coligação que o PFL vai fazer em Alagoas em torno do nome de V. Exª.

    O SR. DIVALDO SURUAGY - Obrigado, Senador Odacir Soares.

    Para que não paire dúvidas, quero dizer que quando surgiu o nome do ex-Presidente, em torno do tom crítico que a matéria implicava na paternidade do Senador Guilherme Palmeira, quis dizer que o ex-Presidente surgiu no cenário político alagoano por ser filho de um homem que tinha uma liderança enorme dentro do Estado, do Senador Arnon de Mello, que foi Governador e Senador da República em três mandatos consecutivos.

    Essa história de transferir a paternidade política do Collor para Guilherme Palmeira, para Divaldo Suruagy, para fulano ou beltrano, tudo isso é fantasia. O Fernando Collor surgiu porque tinha luz própria a ponto de chegar à Presidência da República. Ninguém pode deixar de reconhecer esse fato, que é evidente por ele mesmo.

    O Sr. Mauro Benevides - Permite-me V. Exª um aparte?

    O SR. DIVALDO SURUAGY - Esclarecido esse ponto de vista, dou o aparte ao meu Líder, Senador Mauro Benevides, que, gentilmente, autorizou-me a usar o horário do Partido para externar a minha solidariedade à candidatura do Senador Guilherme Palmeira.

    O Sr. Mauro Benevides - Nobre Senador Divaldo Suruagy, quando chegávamos hoje ao Senado, ao iniciar os nossos trabalhos, V. Exª me comunicou o seu propósito de ocupar a tribuna e fazer os reparos indispensáveis a uma matéria jornalística que alcançava a figura do nosso Colega de Senado, indicado para a Vice-Presidência a uma das chapas que disputam o voto popular nas eleições de 3 de outubro. Posso, também, neste instante, a exemplo do que fizeram outros companheiros, aditar a minha manifestação e a de todos eles de que durante todo esse lapso de tempo de convivência com Guilherme Palmeira sempre recolhemos dele a melhor das impressões. E, se bem me recordo, ao se configurar a minha candidatura à Presidência do Senado Federal, S. Exª foi dos primeiros a se manifestar exatamente em apoio e solidariedade ao meu nome, o que me sensibilizou profundamente. Portanto, no instante em que o vejo projetar-se na vida pública nacional para disputar a indicação como Vice-Presidente, não me dispensaria de também emitir a minha opinião a respeito, ou seja, S. Exª sempre foi um Parlamentar absolutamente correto e nunca faltou à nossa região com o seu apoio, com a sua colaboração, com o seu voto e com os seus pronunciamentos da tribuna do Senado Federal. Portanto, S. Exª tem condições bastante de cumprir esse papel importante na vida pública do País, disputando o voto popular e se o seu candidato a Presidente da República for o preferido, tenho a certeza de que S. Exª saberá portar-se com a maior dignidade na vida pública brasileira.

    O SR. DIVALDO SURUAGY - O aparte de V. Exª, Senador Mauro Benevides, em virtude da autoridade política que possui nesta Casa, é um atestado eloqüente dos atributos e das qualidades maiores do Senador Guilherme Palmeira.

    Gostaria de encerrar este pronunciamento com o aparte do Senador Mauro Benevides e destacando, mais uma vez, que o Senador Guilherme Palmeira dignifica esta Casa, dignifica o Nordeste, dignifica o Estado de Alagoas.

    Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DCN2 de 12/05/1994 - Página 2215