A SRA. JÚNIA MARISE (PDT - MG. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, é com pesar que venho a este plenário comunicar e lamentar o desaparecimento do radialista Januário Carneiro, Diretor-Presidente da Rádio Itatiaia, que morreu de enfarte, em Belo Horizonte, no último dia 8 de maio.

    Januário Carneiro nasceu em 1928, em Patrocínio do Muriaé, Zona da Mata Mineira, e iniciou sua carreira aos 15 anos escrevendo para o Esporte Ilustrado, do Rio de Janeiro. Em 1951, iniciou a saga em busca de seu sonho e criou uma estação de rádio em Nova Lima.

    Em 1952, aquela pequena rádio de Nova Lima transferiu-se para Belo Horizonte, já como Rádio Itatiaia. Desde então, não parou de crescer. Vieram a Rádio Cultura, a Extra FM, a FM Itatiaia, a Rádio Ouro Preto, a Rádio Pirapora e a TV Montes Claros. Tudo começou, no entanto, com aquela pequena estação de Nova Lima, de apenas 100 watts. Em 1955, a Rádio Itatiaia já tinha 500 watts e, no ano passado, alcançou a potência de 50 quilowatts, o que lhe concedeu uma posição de extraordinário alcance e a transformou numa das melhores do País. A emissora esteve comprometida, ao longo de todos esses anos, com o melhor jornalismo, com o esporte e com a prestação de serviços de utilidade pública.

    Januário Carneiro sempre foi um empreendedor e um radialista ousado. Em 1966, numa iniciativa inédita, a Rádio Itatiaia transmitiu a Copa do Mundo da Inglaterra, sob o comando de Jota Júnior e Oswaldo Faria.

    Houve outros momentos importantes. A Rádio Itatiaia transmitiu o Congresso Eucarístico Internacional realizado em Bogotá, em 1968. Transmitiu as cerimônias religiosas da Semana Santa, em 1969. Foi a primeira emissora brasileira de rádio a transmitir programação ao vivo, via Intelsat, com a participação de José Lino e Oswaldo Faria.

    Também foi pioneira na cobertura das apurações eleitorais.

Com o slogan "A Itatiaia não perde voto", foi infalível na divulgação antecipada dos resultados eleitorais. A Rádio Itatiaia caracteriza-se por ser uma emissora ágil, decidida e dedicada aos maiores interesses de Minas Gerais, um retrato perfeito das preocupações de seu fundador, o radialista Januário Carneiro, que nos deixou.

    Nos 43 anos de trabalho, essa emissora de rádio e o grupo que se originou dela têm sido um símbolo da competência mineira na arte da comunicação.

    Tenho orgulho, Sr. Presidente, Srs. Senadores, de ter integrado os seus quadros, comandando um programa diário, que posteriormente foi transformado em tribuna popular. O profissionalismo é a marca e a preocupação da direção composta

por Januário Carneiro e seu irmão Emanuel Carneiro. O jornalismo comandado por Márcio Dotti e o esporte chefiado pelo jornalista Osvaldo Faria têm proporcionado àquela emissora os maiores índices de audiência de Minas Gerais.

    Sr. Presidente, Srs. Senadores, lembro essa odisséia da Rádio Itatiaia para reverenciar a memória de seu criador, o radialista Januário Carneiro. Ele, nascido em Muriaé, chegou a Belo Horizonte aos nove anos. Estudou e trabalho. Não terminou os seus estudos. Começou a escrever cedo, em publicações do Rio de Janeiro, mas logo depois passou a trabalhar na revista Minas Esportiva e no semanário Diário Esportivo, ambos de Belo Horizonte. Em seguida, começou a trabalhar em O Diário. Ocorreu naquele momento, em novembro de 1945, o convite para trabalhar na Rádio Guarani como auxiliar de esportes. Aos 19 anos, já chefiava o departamento de esportes da emissora e assumia as funções de correspondente de O Globo Esportivo e da Rádio Continental, ambos do Rio de Janeiro. Falava todas as noites para os cariocas.

    Em 1951, começou a perseguir seu sonho. Criou a Rádio Itatiaia em Nova Lima, transferiu-a para Belo Horizonte no ano seguinte e, desde então, não parou de crescer. Criou um grupo de comunicação, de rádio e televisão, que alcança quase todo o Estado de Minas Gerais.

    Januário Carneiro deixa uma legião de amigos, correligionários e admiradores. Sua obra é a obra da persistência, do trabalho e da dedicação de um homem vocacionado para o desenvolvimento. Foi fundador da Associação Mineira de Rádio e Televisão - AMIRT, e seu presidente por 21 anos. Foi vice-presidente da Associação Brasileira de Rádio e Televisão - ABERT, por 27 anos. Dedicou parte de sua vida ao clube de futebol Vila Nova, do qual foi membro do Conselho Deliberativo por 26 anos. É o patrono do futebol amador de Minas Gerais.

    É com pesar, que registro o seu desaparecimento, reverenciando sua história de vida e de profissional sério e respeitado. Trata-se de uma personalidade singular, de um homem que construiu a sua história com suor e trabalho, com ousadia, com percepção dos problemas, inclusive da necessidade de se cercar de profissionais qualificados. Teve uma vida toda dedicada ao trabalho e aos interesses superiores de Minas Gerais.

    Sua obra permanece. O complexo de empresas criado por Januário Carneiro continuará levando aos mineiros e aos brasileiros a informação, o noticiário de esporte e lazer, que fazem a vida mais confortável. Lamento e lamento muito, Sr. Presidente, Srs. Senadores, que tenha que falar sobre o desaparecimento de Januário Carneiro. Melhor seria que este discurso não tivesse razão para ser pronunciado. A vida e a morte são os dois lados da existência. O grande pioneiro nos deixou. Mas legou o exemplo de seriedade e profissionalismo que ficará para sempre inscrito na memória mineira.

    Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.