Pronunciamento de Marco Maciel em 23/05/1994
Discurso no Senado Federal
REGOZIJO PELA CONCESSÃO DO PREMIO INTERAMERICANO DE CULTURA GABRIELA MISTRAL - ANO 1993 AO ARTISTA PERNAMBUCANO FRANCISCO DE PAULA COIMBRA DE ALMEIDA BRENNAND, OUTORGADO PELA OEA.
- Autor
- Marco Maciel (PFL - Partido da Frente Liberal/PE)
- Nome completo: Marco Antônio de Oliveira Maciel
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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CONCESSÃO HONORIFICA.:
- REGOZIJO PELA CONCESSÃO DO PREMIO INTERAMERICANO DE CULTURA GABRIELA MISTRAL - ANO 1993 AO ARTISTA PERNAMBUCANO FRANCISCO DE PAULA COIMBRA DE ALMEIDA BRENNAND, OUTORGADO PELA OEA.
- Publicação
- Publicação no DCN2 de 24/05/1994 - Página 2570
- Assunto
- Outros > CONCESSÃO HONORIFICA.
- Indexação
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- ELOGIO, CONCESSÃO, PREMIO, ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS (OEA), FRANCISCO DE PAULA COIMBRA DE ALMEIDA BRENNAND, PINTOR, ESCULTOR, ARTISTA, ESTADO DE PERNAMBUCO (PE).
O SR. MARCO MACIEL (PFL - PE. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a arte torna o mundo mais rico. Exalta e dignifica o ser humano. Por meio dela, o artista debruça-se sobre as coisas sensíveis e fecunda-as com os germes de sua criatividade.
Teço essas considerações, Sr. Presidente, Srs. Senadores, a propósito da fecunda atividade artística do pintor, escultor, ceramista, muralista, gravador e tapeceiro pernambucano Francisco de Paula Coimbra de Almeida Brennand, a quem, no início deste ano, a Organização dos Estados Americanos - OEA, outorgou o Prêmio Interamericano de Cultura Gabriela Mistral correspondente ao ano de 1993. Essa distinção, tida como da mais alta importância no mundo das artes plásticas e literárias, ciências e filosofia, Brennand compartilha-a com o artista equatoriano Eduardo Kigman.
Os agraciados são, na expressão do júri internacional que os elegeu, "artistas que têm consagrado suas vidas à criação permanente de expressões artísticas inspiradas nos aspectos sociológicos, históricos e mágicos da realidade americana".
O Prêmio Gabriela Mistral é galardão que se concede anualmente, de forma rotativa, a expoentes das atividades culturais relacionadas à literatura e filosofia; ciências e artes musicais; ciências e artes plásticas. Busca distinguir uma ou mais pessoas ou instituições em um Estado - Membro da OEA cuja obra tenha contribuído para a identificação e enriquecimento da cultura própria da América e de suas regiões, ou, ainda, individualidades culturais, pela expressão de seus valores ou pela assimilação e incorporação a ela de valores universais da cultura.
Seus admiradores de há muito, já o sabemos um artista que tem lugar assegurado no clube dos principais da arte contemporânea, conforme palavras de Jorge Amado em artigo publicado em A Tarde, edição de 30 de abril último, intitulado "Brennand, mestre brasileiro".
Jorge Amado acentua que a cerâmica de Brennand "é toda brasileira na imensa aventura criadora, nada nela é cópia ou imitação". E ainda: "Brasileira, do barro à concepção, da técnica ao sonho, do forno à inventiva, a arte de Brennand nada deve ao que se faz em outras plagas". E por isso, conclui o escritor, Brennand "é tão importante, que, sozinho, proclama a universalidade que decorre da originalidade nacional".
Sr. Presidente, Srs. Senadores, Francisco Brennand, cuja obra Ariano Suassuna considerou "bela, forte e brasileira", nasceu em 1927 em Recife, onde iniciou estudos de pintura com Álvaro Amorim. Aperfeiçoou-se, posteriormente, na Europa. Discípulo de Lhote e Léger, é artista muitas vezes premiado, tendo sido consagrado na Bienal de Veneza com o título de "sumo sacerdote".
É autor de trabalhos murais em edifícios de Recife, Salvador e outras cidades brasileiras e do exterior. É dele a Batalha de Guararapes, executado em cerâmica e localizado na capital pernambucana.
Em verdade, Brennand é artista extremamente versátil. É, em sua singularidade, convergente e múltiplo. Difícil se torna, assim, em conseqüência, a enumeração de todos os seus trabalhos e a classificação dos que apresentam maior importância.
Ele próprio, em entrevista que concedeu à revista Projeto, edição de dezembro de 1988, menciona alguns de seus melhores trabalhos: a Batalha de Guararapes, o mural que se encontra em Miami, o painel que se encontra no aeroporto de Recife e o trabalho realizado no Hospital Aliança, de Salvador, tão bem descrito por Jorge Amado no artigo que já mencionei. Localizado em Recife, ele destaca também o obelisco na estação central do Metrotec. Em São Paulo, lembra um painel no Ginásio de Itanhaém, cujo tema é Anchieta.
A concessão do Prêmio Interamericano de Cultura Gabriela Mistral a Brennand é justa e merecida homenagem a um artista que, segundo o abalizado juízo de Jorge Amado, é hoje "o principal artista do Brasil, um dos grandes da arte contemporânea".