Discurso no Senado Federal

INEXISTENCIA DE COORDENADOR POLITICO DO GOVERNO NO SENADO FEDERAL, COMO FATOR DE INSUCESSO NA OBTENÇÃO DE QUORUM PARA DELIBERAÇÃO. VOTOS DE RECUPERAÇÃO DA SAUDE DO SENADOR DARCY RIBEIRO.

Autor
Eduardo Suplicy (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Eduardo Matarazzo Suplicy
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SENADO.:
  • INEXISTENCIA DE COORDENADOR POLITICO DO GOVERNO NO SENADO FEDERAL, COMO FATOR DE INSUCESSO NA OBTENÇÃO DE QUORUM PARA DELIBERAÇÃO. VOTOS DE RECUPERAÇÃO DA SAUDE DO SENADOR DARCY RIBEIRO.
Publicação
Publicação no DCN2 de 06/01/1995 - Página 322
Assunto
Outros > SENADO.
Indexação
  • QUESTIONAMENTO, AUSENCIA, GOVERNO FEDERAL, ESCOLHA, LIDER, SENADO.
  • NECESSIDADE, PRESENÇA, PLENARIO, SENADOR, MOTIVO, ESCOLHA, PRESIDENTE, BANCO CENTRAL DO BRASIL (BACEN).
  • COMENTARIO, VONTADE, ORADOR, RECUPERAÇÃO, SAUDE, DARCY RIBEIRO, SENADOR.

O SR. EDUARDO SUPLICY (PT-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, pergunto se o Governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso já designou um líder.

Parece-me que há uma certa falta de coordenação política; afinal, são 81 Srs. Senadores. Ontem, havia 54 ou 56 na Casa; 40 presentes, e os outros 41? Quem examina, com atenção, onde estão? Será que há alguma liderança do Governo que procura telefonar, solicitando a atenção dos Srs. Senadores? Será que alguém está fazendo um balanço de quem está viajando, de quem está no exterior, de quem, porventura, esteja doente?

Sou um Senador de Oposição, mas fico preocupado, porque a decisão sobre a Presidência do Banco Central é algo que está além do interesse simplesmente de um Senador da Oposição. Trata-se de uma questão de interesse público, de interesse da Nação estar consciente de que há um titular, o Presidente do Banco Central, diante de situações graves na economia. Como salientei ontem, há questões como a intervenção do BANESPA, do BANESER e que a todo dia interferem no mercado financeiro com as instituições financeiras; questões decorrentes da crise no México, que afetam a economia argentina e a economia brasileira, enfim, todas as economias da América Latina.

Preocupa-me o interesse da Nação. Então, pergunto-me - porque, até a semana passada, havia um Líder de Governo, o Senador Pedro Simon -: será que há alguém exercendo a função de coordenador? Será que o Vice-Presidente da República, Senador Marco Maciel, até a semana passada, estava consciente do que está ocorrendo nesta Casa? Quem está fazendo esse balanço? Ou será que o Governo Fernando Henrique não tem quem se preocupe com uma situação como essa, que acaba resultando em manchetes, tais como as de hoje, em toda a imprensa nacional, sobre o comportamento do Senado?

Sei que há Senadores que, infelizmente, não podem estar presentes. Por exemplo, o 2º Suplente do Senador Mário Covas, Joaquim dos Santos Andrade, que foi Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e da CGT. S. Exª sofreu um enfarte, há pouco tempo, e ainda não está em boas condições físicas. Mas será que não seria o caso, dada a emergência da situação, de solicitar que o 1º Suplente, hoje Secretário da Cultura do Governo Mário Covas, até renuncie ao mandato para estar presente?

Recebo a informação de que Mauro Mendonça já renunciou ao mandato de Senador. Então, essa possibilidade não mais existe.

Há o caso do Senador Darcy Ribeiro, que, felizmente, saiu do hospital, ou melhor, S. Exª fez uma peripécia que devemos augurar. Quero registrar quão contente estou porque, há cerca de 3 ou 4 semanas, na semana em que faleceu Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, tentei visitá-lo. Estive apenas na entrada do hospital, porque S. Exª estava na UTI e não podia receber visitas - e, ali, comunicaram-me sobre seu estado grave.

Sr. Presidente, os índios de todo o Brasil tocaram tambores para que Darcy Ribeiro se recuperasse. O Senador se sentiu encorajado e, mesmo na UTI, pediu a um amigo uma cadeira de rodas e escapuliu. Hoje, na primeira página do Jornal do Brasil, há uma foto sua e um artigo revelando como "aos 72 anos, não só escapou da morte como, há cinco dias, fugiu do hospital"!

"Os médicos davam alta pra todo mundo, menos pra mim", dizia ontem, deitado na rede da varanda de uma casa de praia no litoral do Estado, onde se refugiou para concluir projeto de mais de 30 anos: "Os Brasileiros". Darcy Ribeiro está conseguindo superar, resistir ao câncer que o vitimou. Está conseguindo respirar, apesar de estar apenas com um pulmão. Está se emocionando ao saber que os índios do Brasil inteiro tocaram tambor por sua saúde.

E, aqui, simbolicamente, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, gostaria também de tocar o tambor pela saúde de nosso querido Senador Darcy Ribeiro, a fim de que S. Exª possa, o mais rápido possível, retornar a esta Casa, participando de nossas atividades.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente. Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DCN2 de 06/01/1995 - Página 322