O SR. LOURIVAL BAPTISTA (PFL-SE. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, dizem na Bahia que "santo de casa não faz milagre". Indiscutivelmente, o melhor intérprete da alma baiana é o escritor Jorge Amado nos personagens e cenários das suas obras literárias.

Há alguns anos, Sr. Presidente, no início da década de 80, subscrevi, juntamente com vários Senadores, uma proposição para que o Senado Federal indicasse à Academia Sueca de Letras o nome de Jorge Amado como concorrente ao Prêmio Nobel de Literatura. Desde então, e anualmente, por ocasião da escolha desse importante prêmio dado aos maiores destaques da literatura mundial, muitos lembram o nome de Jorge Amado.

Em dezembro do ano passado, visitou a Bahia o Deputado francês Jack Lang - atualmente também Prefeito da cidade de Blois, tendo sido, durante 10 anos, Ministro da Cultura da França - que, em entrevista à imprensa local, ao fazer a diferença entre a literatura francesa e a brasileira - a primeira mais intimista e psicológica, enquanto a nossa mais épica e entranhada no meio popular - citou o escritor Jorge Amado como exemplo de nossa melhor expressão literária e considerou uma "injustiça inacreditável" não terem ainda contemplado o notável romancista brasileiro com a citada premiação. O ex-Ministro da Cultura da França, comentando que os promotores do Prêmio Nobel talvez tenham em seus critérios a intenção de fazer descobertas de novos escritores, afirmou que Jorge Amado já é uma glória mundial.

Disse ele: "O Nobel corre atrás dos que podem vir a ser sucesso; Jorge Amado já é sucesso. Se não derem o prêmio a Jorge eles é que ficarão desmoralizados".

E, ao concluir sua entrevista, pediu que publicassem também "que se fosse eleitor do Prêmio Nobel da Literatura escolheria o casal Jorge Amado e Zélia Gattai. Ela tem tanto talento quanto ele e é também excelente fotógrafa. Além disso são inseparáveis". Concluiu Jack Lang.

Sr. Presidente, eu, como um dos signatários daquela proposição do Senado que há mais de 10 anos indicava o ilustre escritor para o Prêmio Nobel, considerei muito justa e oportuna a opinião transmitida à imprensa pelo famoso intelectual francês, pessoa de grande prestígio na Europa e um dos nomes mais lembrados para a sucessão presidencial em seu país, que, juntamente com o imenso público que lê e admira a obra de Jorge Amado, considera justo que lhe confiram o referido prêmio, distinção que seria o reconhecimento de um mérito já consagrado em todo o mundo, pois vários são os seus livros e inúmeros os idiomas e línguas em que já foram traduzidos.

Sr. Presidente, aproveito esta ocasião para novamente propor ao Senado que, em manifesto devidamente justificado, solicite à Academia Sueca de Letras a inscrição do nome de Jorge Amado como candidato ao Prêmio Nobel de Literatura, pois o Brasil, berço de tantos escritores de renome, merece esta alegria.

Finalizando, Sr. Presidente, peço a transcrição com o meu pronunciamento da notícia publicada em A Tarde, edição de 22 de dezembro de 1994, intitulada "Ex-Ministro francês acha que Jorge Amado deve ganhar Nobel."