Discurso no Senado Federal

ARTIGO DO JORNALISTA ALEXADRE GARCIA, PUBLICADO NO JORNAL DE BRASILIA, DE 10 DE JANEIRO ULTIMO, INTITULADO O CIGARRO, A CACHAÇA E A COCAINA.

Autor
Lourival Baptista (PFL - Partido da Frente Liberal/SE)
Nome completo: Lourival Baptista
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
TABAGISMO.:
  • ARTIGO DO JORNALISTA ALEXADRE GARCIA, PUBLICADO NO JORNAL DE BRASILIA, DE 10 DE JANEIRO ULTIMO, INTITULADO O CIGARRO, A CACHAÇA E A COCAINA.
Publicação
Publicação no DCN2 de 14/01/1995 - Página 724
Assunto
Outros > TABAGISMO.
Indexação
  • TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, JORNAL DE BRASILIA, DISTRITO FEDERAL (DF), AUTORIA, ALEXANDRE GARCIA, JORNALISTA, RELAÇÃO, RISCOS, SAUDE, POPULAÇÃO, UTILIZAÇÃO, FUMO, DROGA, ALCOOL.

O SR. LOURIVAL BAPTISTA (PFL-SE. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, li no Jornal de Brasília da última terça-feira, dia 10 de janeiro, um dos artigos mais concisos e ricos de objetividade e informações úteis que um jornalista pode resumir em pequeno espaço de um jornal.

Agradou-me a leitura, Sr. Presidente, não somente o estilo breve, claro e direto, mas especialmente o conteúdo que abordou e a mensagem que conseguiu divulgar com austeridade e franqueza.

Como o artigo é muito pequeno, mas denso de informações que devem ser refletidas com seriedade, gostaria de ler o referido texto no meu pronunciamento para que possa ser transcrito nos Anais do Senado, sendo assim mais um registro da luta que venho desenvolvendo há mais de 10 anos pela erradicação do tabagismo. O referido artigo é do conceituado jornalista Alexandre Garcia e tem o seguinte título: "O Cigarro, a Cachaça e a Cocaína."

Leio o referido artigo, Sr. Presidente:

      Jornal de Brasília, terça-feira, 10 de janeiro de 1995.

      O Cigarro, a Cachaça e a Cocaína. (Alexandre Garcia)

      Uma emissora de rádio me perguntou se, diante da Portaria Antifumo do Ministério da Saúde, nós, da TV Globo de Brasília, poríamos no ar algum entrevistado fumando. Respondi que não, porque nunca pusemos, independentemente de portarias oficiais. E dei três motivos: primeiro, para não dar mau exemplo aos jovens; segundo, porque a fumaça suja o videoespaço; terceiro, porque o fumo estraga os componentes eletrônicos das câmeras. Não mencionei o óbvio, porque seria egoísmo: que a fumaça do cigarro prejudicaria a voz de nossos repórteres.

      Estão discutindo se é ou não constitucional a Portaria mandando os produtores de cigarro avisarem nos maços que o fumo causa câncer, enfisema e arteriosclerose. Besteira. Estão na discussão burocrática, quando o que está em jogo são os direitos humanos: os seres humanos têm o direito de respirar ar puro. O Diretor do Instituto Nacional do Câncer, Dr. Marcos Moraes, informa que o cigarro mata mais que a AIDS, a cocaína, o álcool, os incêndios, os acidentes de automóveis e os suicídios juntos. O Dr. Zerbini, certa vez, me disse que o cigarro é pior que a cocaína e o álcool, porque é o malefício mais tolerado pela sociedade e o mais difundido pela propaganda enganosa. Até quando nós, cordeirinhos, vamos tolerar isso?

      O dado alarmante é que crianças e adolescentes, mais afetados pela propaganda, se tornam fumantes. São 2,4 milhões no Brasil. Os jovens também são vítimas dos traficantes de outras drogas. Os cardiologistas Cláudio Benchimol, Professor da UFRJ, e Hugo da Costa Lins, Diretor da Sociedade Brasileira de Cardiologia, informam que adolescentes estão morrendo de ataque cardíaco por ingestão de cocaína, mesmo sem serem viciados. A cocaína provoca a súbita contrição da coronária e mata, mesmo em pequenas doses e em uso eventual.

      Em Cingapura, na sexta-feira, uma traficante de heroína foi executado por enforcamento. Ela estava com 5 Kg de heroína na bagagem e alegou que não sabia; mesmo assim, foi condenada à forca. A TV Católica de Macau fez campanha pelo abrandamento da pena, mas uma avalanche de telefonemas desabou sobre a emissora: 80% das pessoas, em geral, pais e mães de família, eram a favor da forca para qualquer tipo de traficante.

      Perguntem o que pensam os pais e mães brasileiros.

      Mas também perguntem aos patrões e aos policiais qual é a maior peste nacional. Vão responder que é a cachaça. Responsável por faltas ao trabalho, queda da produção, brigas, espancamento de mulheres e crianças e assassinatos. Enquanto houver miséria no Brasil, as autoridades não acabam com a cachaça. Ela é aliada da estabilidade política. Enquanto houver cachaça, o povo esquece seus males.

      Agora, diga-me aqui: O que é mais chato que um bêbado, mais deprimente que um drogado e mais fedorento que um fumante?

      Alexandre Garcia

Finalizando, Sr. Presidente, quero cumprimentar o ilustre jornalista Alexandre Garcia pela opinião sincera e corajosa que expressou em seu artigo, e convidar a todas as pessoas de bom senso a refletir sobre este assunto que diz respeito, diretamente, à vida, ao bem-estar e à saúde da população brasileira.

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente. (Muito bem!)


Este texto não substitui o publicado no DCN2 de 14/01/1995 - Página 724