O SR. LOURIVAL BAPTISTA (PFL-SE. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, em meados do ano passado, o Banco Econômico completou 160 anos, sendo atualmente a instituição financeira privada mais antiga da América Latina.

Ao longo desse tempo, honra-se o Banco Econômico de ter passado por 100 Ministros da Economia ou da Fazenda, vários planos econômicos e oito diferentes moedas, sem nunca ter deixado de pagar dividendos aos seus acionistas, mesmo em tempos mais difíceis dos períodos de crises que temos atravessado.

Falo do Banco Econômico, Sr. Presidente, porque, fundado em 13 de julho de 1834 por Miguel Calmon Du Pin e Almeida, baiano de nascimento, esta instituição vem permanecendo por todo esse tempo sob a direção de seus descendentes na Bahia e atualmente tem como Presidente o Engenheiro Civil, que também é formado em Engenharia de Petróleo e Administração Financeira, Dr. Ângelo Calmon de Sá, funcionário de carreira do Banco, onde, galgando progressivamente os cargos de direção, consolidou sua atual estrutura que aqui atua em nível nacional e internacional, pois também opera agências suas no exterior.

O Dr. Ângelo Calmon de Sá, que já exerceu a Secretaria de Indústria e Comércio da Bahia, a Superintendência do Centro Industrial de Aratu, a Presidência do Banco do Brasil, o Ministério da Indústria e Comércio e a Secretária de Desenvolvimento Regional da Presidência da República, no cargo de Ministro-Chefe, vem promovendo importantes transformações na instituição que preside, uma das mais sólidas do Sistema Financeiro Nacional e, segundo entrevista publicada na revista do banco, considera o atual plano de estabilização econômica como a melhor oportunidade que o Brasil já teve para impulsionar o seu desenvolvimento e retomar o crescimento econômico.

O Sr. Mauro Benevides - Permite-me V. Exª um aparte?

O SR. LOURIVAL BAPTISTA - Ouço V. Exª com prazer.

O Sr. Mauro Benevides - Senador Lourival Baptista, no instante em que V. Exª realça a figura de um grande brasileiro, o ex-Ministro Ângelo Calmon de Sá, permito-me interferir no pronunciamento de V. Exª para levar também a minha manifestação solidária de enaltecimento dessa figura extraordinária de homem de finanças que já ocupou importantes postos da administração, como V. Exª acaba de mencionar, tais como o de Ministro da Indústria e Comércio, o de Ministro da Secretaria de Assuntos Regionais, enfim, uma série de outros encargos que tem cumprido com exemplar devotamento. Permito-me lembrar a V. Exª, neste instante, que fui colega de Ângelo Calmon de Sá no Conselho Monetário Nacional, quando ele compunha aquele colegiado, na época presidido pelo Ministro Dilson Funaro, e quando exercia eu a Presidência do Banco do Nordeste do Brasil. E posso dizer a V. Exª que, representando a área privada no Conselho Monetário Nacional, as intervenções do Conselheiro Ângelo Calmon de Sá eram sempre ouvidas com a maior atenção, porque ditadas pela sua experiência, pelo seu tirocínio, pelo seu descortino e, sobretudo, pela vivência dos problemas econômico-financeiros do País. Eu me permitiria também destacar para V. Exª que, embora engolfado com as responsabilidades de comandar um elenco de empresas, o Dr. Ângelo Calmon de Sá dedica ainda parte do seu tempo a uma obra das mais meritórias, o Hospital Sarah Kubitschek, chefiando o seu Conselho de Administração e ali estimulando, de todas as formas, a ação dinâmica do grande médico e cientista, Dr. Aloysio Campos da Paz Júnior. Pois bem, o Dr. Ângelo Calmon de Sá aí está de todas as formas motivando essa ação benfazeja em favor do aparelho locomotor, que é exatamente o grande objetivo da Rede Sarah, cuja sede é aqui em Brasília e tem hospitais em Salvador; está prestes a haver também em Fortaleza o Hospital Sarah Kubitschek. Portanto, ressaltando apenas esses dois aspectos, eu queria associar-me à homenagem que V. Exª presta a um grande brasileiro dedicado à atividade privada, fazendo com que o seu estabelecimento financeiro, que acredito que seja a holding de todas as suas empresas, tenha hoje uma imagem extremamente favorável junto aos círculos financeiros internacionais.

O SR. LOURIVAL BAPTISTA - Muito grato a V. Exª, eminente Senador Mauro Benevides, pelo seu aparte que muito enriquece esse pronunciamento que fazemos, referente aos 160 anos do Banco Econômico, hoje dirigido por Ângelo Calmon de Sá, que, como disse V. Exª, é um homem que também se dedica ao social.

O Sr. Ângelo Calmon é Presidente do Conselho do Hospital Sarah Kubitschek, do qual também faço parte. Neste momento, quero dizer a V. Exª que de Sergipe S. Sª também presta relevantes serviços à instituição que foi fundada por minha saudosa esposa, Hildete Falcão Baptista.

Quando minha esposa faleceu, tal instituição era constituída por 1.110 meninos em regime de semi-internato e de externato e, graças a Deus, continua funcionando também devido ao apoio de Ângelo Calmon de Sá.

O Sr. Mauro Benevides - Nobre Senador Lourival Baptista, sei que vou tocar ainda mais o coração de V. Exª ao dizer que, dentre os seus colegas desta Casa, talvez seja eu quem conhece mais de perto o trabalho realizado pela saudosa D. Hildete na obra extraordinária, que é o Instituto Lourival Fontes. Eu mesmo, ao visitar aquela entidade de fins filantrópicos, pude verificar uma administração realizada não apenas com mestria de comando, mas sobretudo com abnegação, com devotamento, com sacrifício pessoal. V. Exª se recorda que, ao visitar Aracaju, desloquei-me até aquela entidade e ali pude levar pessoalmente, acompanhado que estava também da minha mulher, a manifestação do nosso estímulo àquela dama extraordinária que deixava o conforto do seu lar, o convívio de sua família para se dedicar às centenas de crianças recolhidas para receberem educação e adestramento profissional. Eu não poderia, nesse instante, me exonerar desse dever de consciência de enaltecer o que D. Hildete realizava em favor das crianças sergipanas.

O SR. LOURIVAL BAPTISTA - Muito grato a V. Exª, eminente Senador Mauro Benevides, por esse segundo aparte. V. Exª fez com que eu retornasse ao que me enche de grande saudade, que toma conta de mim: justamente a falta de minha companheira, minha esposa, que infelizmente perdi há dois anos. Durante os últimos nove anos da nossa vida em comum, dedicou-se de corpo e alma ao Instituto Lourival Fontes. V. Exª sabe o motivo dessa dedicação: o atropelamento que sofreu uma de nossas netas, que ficou trinta e seis dias entre a vida e a morte; este fato levou minha esposa a fazer uma promessa: se a menina ficasse boa, iria dedicar-se de corpo e alma ao Instituto Lourival Fontes. Lá ficou cerca de nove anos, repito. Eu ia às quintas-feiras e voltava aos domingos; hoje, graças a Deus, aquele Instituto é dirigido por uma filha minha.

Agradeço a V. Exª este aparte, que partiu diretamente do seu coração, muito mais do que pelos filtros da inteligência de V. Exª.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o atual Banco Econômico, de âmbito nacional, com agências no exterior, antes denominado Banco Econômico da Bahia, um dos maiores bancos múltiplos privados do Brasil, é uma instituição que honra o seu Estado de origem e muito tem contribuído, com a sua experiência e atuação, para o nosso desenvolvimento.

E, na pessoa do seu Presidente, o ex-Ministro Ângelo Calmon de Sá, que das vezes que passou pelo Governo prestou relevantes serviços à administração pública federal com a rica experiência que acumulou na iniciativa privada, quero manifestar as minhas congratulações ao corpo diretivo e funcional da empresa e acrescentar, com entusiasmo, que a história do Banco e dessa ilustre e tradicional família baiana muito honra a sua terra natal e muito tem feito pelo progresso de nosso País.

Quero ressaltar que, durante sua passagem pelos cargos que exerceu como Ministro, sempre atendeu com toda a presteza e atenção aos pleitos de interesse de Sergipe, levados por mim ou por outros membros da bancada sergipana no Congresso Nacional, razão pela qual lhe somos muito gratos.

Fico muito feliz de fazer hoje à tarde este registro porque muito valorizo a antiga e preciosa amizade que me liga a Ângelo Calmon de Sá, que sempre me distinguiu com a sua habitual atenção e por sua generosidade em sempre procurar ser útil às boas causas, tornando-se também um benemérito do Instituto Lourival Fontes, ao qual sempre emprestou a sua ajuda para realizar o trabalho de assistência aos menores carentes mantidos pela entidade, fundada pela minha saudosa esposa Hildete Falcão Baptista.

Finalizando, Sr. Presidente, peço a transcrição, com o meu pronunciamento, do artigo publicado na Revista do Banco Econômico, nº 482, de julho de 1994, intitulado "O Real é a nossa grande chance".