Pronunciamento de Magno Bacelar em 19/01/1995
Discurso no Senado Federal
PRONUNCIAMENTO DE DESPEDIDA DO SENADO.
- Autor
- Magno Bacelar (PDT - Partido Democrático Trabalhista/MA)
- Nome completo: Carlos Magno Duque Bacelar
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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ATUAÇÃO PARLAMENTAR.:
- PRONUNCIAMENTO DE DESPEDIDA DO SENADO.
- Aparteantes
- Josaphat Marinho, Junia Marise.
- Publicação
- Publicação no DCN2 de 20/01/1995 - Página 916
- Assunto
- Outros > ATUAÇÃO PARLAMENTAR.
- Indexação
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- COMENTARIO, ATUAÇÃO PARLAMENTAR, ORADOR, MOTIVO, DESPEDIDA, SENADO.
O SR. MAGNO BACELAR (PDT-MA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, no momento em que a nobre Senadora Júnia Marise, eleita e consagrada, pela nossa Bancada, como Líder do meu Partido, vai à tribuna desta Casa para defender o trabalhador e os menos favorecidos - isso consta do programa do nosso Partido e faz parte do ideal de todos nós que compomos o PDT -, neste instante, avesso às despedidas, venho à tribuna para deixar registrado nos Anais desta Casa, não a despedida, mas a honra e o orgulho que tive de a ela pertencer nesses quatro anos, bem como a honra de ter liderado a Bancada do meu Partido e a convicção de haver cumprido com o meu dever e correspondido às expectativas do povo da minha terra, que me reconduziu à Câmara dos Deputados.
Neste momento, devo dizer que foi uma grande honra, jamais esperada por mim, conviver com homens dignos nesta Casa da sapiência, na Casa do equilíbrio, na Casa de representação dos nossos Estados.
Não precisaria eu continuar na vida pública, depois de ter tido esse convívio, depois de ter passado por esta grande escola, ao tempo em que o País vivia toda sorte de problemas e a nossa democracia passava por grandes momentos de afirmação. Tivemos a cassação de um Presidente, tivemos CPIs investigando nossos próprios colegas. A imprensa, açodada, muitas vezes, em cumprir o seu papel em defesa da liberdade, tem criticado e até mesmo caluniado este Congresso, julgando previamente ações que ainda se desenvolvem.
Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, tenho certeza de que o encaminhamento brilhante, feito pela nobre Senadora Júnia Marise, seria até desnecessário, porque tenho a convicção de que esta Casa aprovará o salário mínimo, ainda muito pequeno, de R$100,00. Não será isso que levará o País à bancarrota.
Não é mantendo uma classe tão pobre, tão miserável, que se aumentará o consumo e a produtividade da indústria brasileira e dos serviços prestados ao País.
A Srª Júnia Marise - Permite-me V. Exª um aparte?
O SR. MAGNO BACELAR - Ouço, com muita honra, o aparte de V. Exª.
A Srª Júnia Marise - Nobre Senador Magno Bacelar, no momento em que V. Exª faz a sua despedida do Senado, para se dirigir à Câmara dos Deputados, onde continuará desempenhando o seu mandato de Congressista, como sua liderada e integrante da Bancada do PDT, quero manifestar o meu testemunho do desempenho de V. Exª como Senador da República. Tenho certeza de que o trabalho e a atuação de V. Exª foram merecedores da confiança não apenas do Senado Federal, mas também do povo do seu Estado, o Maranhão, que o elegeu Deputado Federal para continuar a representá-lo no Congresso Nacional. A atuação de V. Exª, em todos os momentos decisivos dos debates e embates que se promoveram neste Senado e neste Congresso Nacional, a sua altivez, a sua postura e o seu comportamento como homem público marcaram profundamente a sua trajetória política no Senado Federal. É por isso que quero aqui manifestar não apenas o meu regozijo, porque V. Exª continua na vida pública, continua no Congresso Nacional, mas registrar também o nosso apreço, a nossa admiração e o reconhecimento pelo trabalho e pela seriedade com que V. Exª conduziu, nesses quatro anos, o seu mandato de Senador da República.
O SR. MAGNO BACELAR - Muito obrigado a V. Exª, nobre Senadora Júnia Marise, pelas palavras carinhosas, fruto da amizade que tive a honra de fazer com V. Exª.
Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ontem, esta Casa viveu um dos seus grandes dias, quando o Senado homenageou o nobre Senador Nelson Carneiro, no momento da sua despedida, e a minha própria voz fez eco àquelas de tantos que se manifestaram, solicitando ao nobre Senador Nelson Carneiro que permanecesse no nosso convívio, que permanecesse trazendo as luzes da sua sabedoria e a prática que tem da vida pública reta e digna do nosso respeito, que ele continuasse entre nós.
Hoje me despeço, Srs. Senadores, pedindo a esta Casa e a todos que nela permanecem que me permitam, na Câmara dos Deputados, continuar vindo aqui para buscar o saber, o equilíbrio e a dignidade de tantos quanto honram o Brasil nesta Casa.
O Sr. Josaphat Marinho - V. Exª me permite um aparte?
O SR. MAGNO BACELAR - Com muita honra, nobre Senador.
O Sr. Josaphat Marinho - Nobre Senador, ainda bem que V. Exª, nas últimas palavras que está proferindo, declara que nos pede a oportunidade de estar sempre aqui presente, embora passe a exercer o mandato de Deputado Federal. Não é V. Exª que nos pede. Nós é que lhe solicitamos a grata satisfação de estar sempre presente neste plenário, onde V. Exª, por seu trato cordial, por sua presença constante, por seu esforço desenvolvido sobretudo na Comissão de Constituição Justiça e Cidadania, afirmou-se como um representante competente do Estado do Maranhão.
O SR. MAGNO BACELAR - Muito obrigado.
O Sr. Josaphat Marinho - Conheci aqui V. Exª e sobretudo na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania. Neste instante, quero lhe manifestar o prazer de tê-lo conhecido, a satisfação do convívio que aqui estabelecemos, e lhe manifestar a justa expectativa de vê-lo sempre neste plenário, vindo da Câmara dos Deputados, e assim demonstrando que as duas Casas funcionam como vasos comunicantes. É a satisfação que lhe quero manifestar, sobretudo, com a alegria de vê-lo não se despedindo do Congresso, mas apenas transferindo-se desta Casa, aqui permanecendo continuamente pelas boas relações que com todo o Senado estabeleceu.
O SR. MAGNO BACELAR - Muito obrigado a V. Exª, nobre Senador Josaphat Marinho.
Sr. Presidente, as palavras brilhantes - como sempre - do Senador Josaphat Marinho encerrarão com maior grandeza e clareza a minha manifestação na despedida desta Casa. Depois de passadas todas as emoções, depois de nos habituarmos à democracia que estamos conquistando, a História haverá de julgar a grandeza de todos os homens com quem tive a honra de conviver.
Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente. Muito obrigado.