O SR. PEDRO SIMON (PMDB-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, é com muito pesar que transmito à Casa o falecimento do nosso ex-companheiro e Senador Edgard da Matta-Machado. S. Exª foi Senador neste Congresso, suplente do Senador Itamar Franco, pois, quando eleito o Senador Itamar Franco para Presidente da República, ocupou a sua vaga no Senado Federal.

Aprendi a respeitar muito o professor Edgard da Matta-Machado. Ele representou uma geração dos que sofreram e dos que lutaram, dos que foram martirizados na sua vida particular. Todos nos lembramos do terror que aconteceu com o seu filho e com aquilo que realmente representou um daqueles tantos e tantos desaparecidos e vítimas da Revolução de 1964.

Edgard da Matta-Machado foi um líder do pensamento espiritualista, professor universitário, intelectual, um homem de bem, um homem que foi uma das pessoas mais dignas, mais puras e mais sinceras que conheci. Eu fazia questão de visitar o professor Edgard da Matta-Machado nas várias vezes que eu ia a Belo Horizonte ou na sua passagem pelo Senado. Era um homem que tinha uma grandeza de sentimento com relação à preocupação com o social e com o futuro deste País.

Minas Gerais e o Brasil perdem um dos grandes nomes. Um desses nomes que talvez não ocupe o brilho e a imponência daqueles que estão acostumados a brilhar, talvez com um brilho maior do que a luz própria.

Edgard da Matta-Machado foi indiscutivelmente um homem que marcou passagem pela correção, pela dignidade, por ter sofrido o que sofreu na sua família, por seu filho, por manter a mesma firmeza, sem mágoa, sem ressentimentos, preocupado com o País no seu conjunto.

Lembro-me de sua passagem por esta Casa, como ele se impôs ao respeito e à admiração. Na época do nosso PMDB, Edgard da Matta-Machado era o que tínhamos como símbolo da pureza, da espiritualidade, o qual podemos almejar atingir o grau por ele atingido, qual seja, a perfeição e a seriedade.

O Sr. Josaphat Marinho - Permite-me V. Exª um aparte?

O SR. PEDRO SIMON - Concedo o aparte a V. Exª.

O Sr. Josaphat Marinho - Senador Pedro Simon, V. Exª traça concisamente, mas de maneira forte, o perfil de Matta-Machado. Pouco há que se acrescentar, em resumo, ao que V. Exª, magistralmente, diz a respeito do homem que foi, sobretudo, uma correção na sustentação do seu espírito e de suas posições. Conheci bem Matta-Machado jornalista, professor e o político. Ele era a unidade perfeita de idéias, com admirável segurança na sustentação de seus pontos de vista e com impressionante serenidade. V. Exª disse muito bem: nada lhe alterava o temperamento. Eu o vi no exercício do mandato de Deputado, depois, em Minas Gerais, no infortúnio político, inclusive sofrendo pelo que experimentava seu filho. V. Exª faz bem em assinalar nesta Casa, com a tristeza que todos sentimos, a morte de Matta-Machado, que foi um homem igual a si mesmo na hora do poder, mas sobretudo nos instantes de infortúnio.

O SR. PEDRO SIMON - Agradeço o aparte de V. Exª, prezado amigo, Senador Josaphat Marinho.

Solicitaria a V. Exª, Sr. Presidente, já que é uma triste realidade, exatamente no apagar das luzes da nossa legislatura, se pudesse ser o último ato de V. Exª, designar uma comissão de Senadores, para que amanhã, à tarde, representasse o Senado no enterro do Senador Matta-Machado.