Discurso no Senado Federal

CRITICAS INJUSTAS DA IMPRENSA AO CONGRESSO NACIONAL, PELO NÃO FUNCIONAMENTO NA QUARTA-FEIRA DE CINZAS. INSTALAÇÃO DE COMISSÃO TEMPORARIA DESTINADA A AGILIZAR A ADMINISTRAÇÃO DO SENADO FEDERAL.

Autor
Ney Suassuna (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PB)
Nome completo: Ney Robinson Suassuna
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SENADO.:
  • CRITICAS INJUSTAS DA IMPRENSA AO CONGRESSO NACIONAL, PELO NÃO FUNCIONAMENTO NA QUARTA-FEIRA DE CINZAS. INSTALAÇÃO DE COMISSÃO TEMPORARIA DESTINADA A AGILIZAR A ADMINISTRAÇÃO DO SENADO FEDERAL.
Publicação
Publicação no DCN2 de 03/03/1995 - Página 2443
Assunto
Outros > SENADO.
Indexação
  • PROTESTO, ATUAÇÃO, IMPRENSA, INJUSTIÇA, CRITICA, AUSENCIA, FUNCIONAMENTO, CONGRESSO NACIONAL, POSTERIORIDADE, CARNAVAL.
  • COMENTARIO, INSTALAÇÃO, COMISSÃO TEMPORARIA, OBJETIVO, ALTERAÇÃO, FUNCIONAMENTO, AGILIZAÇÃO, ADMINISTRAÇÃO, SENADO.

O SR. NEY SUASSUNA (PMDB-PB. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, de ontem para hoje presenciamos, através da imprensa brasileira, uma enxurrada de críticas ao Congresso Nacional por não haver funcionado na quarta-feira de cinzas; e que o novo Congresso não é diferente do anterior. Pergunto-me: até onde são justas e até onde são injustas essas críticas? Pergunto-me, inclusive, se há algum interesse subliminar, algum interesse escondido em que este Congresso não pareça cumpridor do seu dever.

Hoje, às 5h da manhã, vindo do interior do Estado do Rio para Brasília, para cumprir minhas obrigações no Senado Federal, ouvi, numa das mais populares rádios do Estado do Rio, como se fora uma reportagem in loco, alguém dizendo: "Estamos no Congresso Nacional e não há viva alma. Estamos na Câmara dos Deputados e não há movimento. Não, parece que há um movimento. Vamos ver". Aproxima-se e pergunta: "O senhor é parlamentar?" E o cidadão responde: "Que é isso!? Não sou parlamentar! Estou aqui namorando". "O senhor está aqui namorando?" "Claro! Aqui tem ar condicionado, tem cafezinho e não há ninguém. O local é ótimo!" Quando então o presumível repórter pergunta: "O senhor não tem medo de ser assaltado, com tão pouco movimento aqui?" "Não, não. Os ladrões só estão aqui nas terças, quartas e quintas-feiras. No final de semana eles vão para casa, que não são otários". Isso numa das rádios de maior audiência do Rio de Janeiro.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, pego uma revista, também de grande circulação, e vejo o retrato do plenário do Congresso, com o seguinte anúncio: "Seus funcionários andam faltando muito? Ligue para a gente". Uma empresa multinacional de publicidade, fazendo uma propaganda em cima do Congresso Nacional.

De tanto baterem vão terminar convencendo o público de que somos inteiramente dispensáveis, de que não há necessidade do Congresso. Daqui a pouco, voltaremos a ter o Congresso fechado; aí, sim, vão notar que o Congresso é importante, porque só há democracia, só há liberdade quando existe Congresso aberto.

Mas é preciso que mudemos. Sei do esforço da Mesa do Senado Federal para que as mudanças ocorram. 

Na terça-feira, o Presidente José Sarney estará implantando uma Comissão que vai coletar e sugerir medidas para que o Senado Federal tenha maior agilidade administrativa, e uma série de outras mudanças, inclusive de imagem.

Mas é preciso que haja um alerta, principalmente à imprensa nacional, porque não é justo o que fizeram ontem, uma vez que durante toda a semana passada houve o aviso de que não haveria sessão. Mesmo assim, bateu-se seriamente no Senado e na Câmara dos Deputados, quando se sabe que até as passagens aéreas estão difíceis. Hoje, após o carnaval, praticamente não há vagas nos vários vôos e há certas áreas do País em que não há vaga em vôo algum.

Mas, menos a crítica e mais a certeza de que em pouco tempo, com as sugestões que haverão de vir, com as mudanças que a Mesa do Senado e, com toda a certeza, a Mesa da Câmara estão promovendo, teremos um Congresso que haverá de ser respeitado, porque é primordial à democracia que exista o Congresso e que este funcione.

País sem Congresso é país sem liberdade, sem esperança, sem progresso.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DCN2 de 03/03/1995 - Página 2443