Discurso no Senado Federal

PRESENÇA NAS GALERIAS DO PLENARIO DE COLONOS DA CIDADE DE MEDICILANDIA-PA, REIVINDICANDO UMA MAIOR ATENÇÃO A CLASSE, TENDO EM VISTA O SEU ABANDONO.

Autor
Ademir Andrade (PSB - Partido Socialista Brasileiro/PA)
Nome completo: Ademir Galvão Andrade
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
DESENVOLVIMENTO REGIONAL.:
  • PRESENÇA NAS GALERIAS DO PLENARIO DE COLONOS DA CIDADE DE MEDICILANDIA-PA, REIVINDICANDO UMA MAIOR ATENÇÃO A CLASSE, TENDO EM VISTA O SEU ABANDONO.
Publicação
Publicação no DCN2 de 10/03/1995 - Página 2916
Assunto
Outros > DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, TRABALHADOR RURAL, PRESENÇA, GALERIA, PLENARIO, SENADO, REIVINDICAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, CUMPRIMENTO, COMPROMISSO, INSTITUTO NACIONAL DE COLONIZAÇÃO E REFORMA AGRARIA (INCRA), MELHORIA, VIDA, AGRICULTOR.
  • COMENTARIO, TENTATIVA, FORMAÇÃO, BLOCO PARLAMENTAR, REGIÃO AMAZONICA, ENTENDIMENTO, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, NECESSIDADE, ATENDIMENTO, REIVINDICAÇÃO, REGIÃO, PRIORIDADE, DESTINAÇÃO, RECURSOS FINANCEIROS, CONCLUSÃO, CONSTRUÇÃO, RODOVIA, EXTENSÃO, LINHA DE TRANSMISSÃO, USINA HIDROELETRICA, LIGAÇÃO, ESTADO DO PARA (PA), ESTADO DO AMAPA (AP), ESTADO DO AMAZONAS (AM).
  • CRITICA, DEMONSTRAÇÃO, INTERESSE, GOVERNO FEDERAL, POSSIBILIDADE, EXPLORAÇÃO, RIQUEZAS, REGIÃO, IMPLANTAÇÃO, PROJETO, AUSENCIA, INTEGRAÇÃO, DESENVOLVIMENTO REGIONAL.

O SR. ADEMIR ANDRADE (PSB-PA. Como Líder. Sem revisão do orador) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quero aproveitar esta oportunidade para fazer uma saudação às pessoas que estão nas galerias desta Casa. E chamo a atenção dos Srs. Senadores de maneira geral para o assunto. Estão hoje, em Brasília, cerca de duzentos trabalhadores rurais, duzentos colonos da região da Transamazônica, mais especificamente da região de Medicilândia, no Estado do Pará.

Esses lavradores que nos dão a honra da sua presença nesta Casa fizeram uma viagem de extremo sacrifício; vieram a Brasília em caminhões paus-de-arara para reivindicar um direito legítimo, para cobrar uma promessa que lhes foi feita pelo INCRA e que não foi cumprida.

Anos atrás, Sr. Presidente, foi construída uma usina de beneficiamento de cana para a produção de álcool e açúcar no Estado do Pará. Centenas de colonos para lá foram levados, com o intuito de gerar produtos que seriam beneficiados por essa usina. Chegaram com dificuldade, se implantaram e tiveram a esperança de uma vida melhor. E hoje, pelos atrasos dos financiamentos, pela falta de cumprimento dos compromissos assumidos pelo próprio Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, esses homem são obrigados a se deslocar e vir ao Governo Federal exigir seus direitos.

Tiveram reunião com o Presidente do INCRA, com o Governador do Pará, novamente com o Presidente do INCRA, e, agora, iremos ao Ministro da Agricultura.

O Banco do Brasil quer atender às necessidades desses agricultores; no entanto, a dificuldade está sendo basicamente criada pelo INCRA.

Porém, quero, nesta oportunidade, dizer a esses companheiros que fizeram tão longa viagem e que no intervalo das audiências nos dão a honra de sua visita que nós da Amazônia sabemos que nossa Região não tem merecido o devido respeito do Governo federal, que só demonstra o seu interesse quando quer explorar suas riquezas; quando determinados segmentos empresariais deseja implantar certos projetos naquela Região como é o caso de Tucuruí, Carajás, ALBRÁS-ALUNORTE, Jari Florestal, todos grandes projetos que não têm qualquer integração com o que se chama desenvolvimento regional e participativo.

Exemplo disso, Sr. Presidente, é que o governo militar, há 22 anos, jogou esses homens na construção da Rodovia Transamazônica e os abandonou à própria sorte. São 22 anos durante os quais aquela rodovia continua sendo exatamente a mesma. No entanto, houve crescimento; dezenas de cidades foram construídas, e o povo, com sua própria força, com sua coragem conseguiu progredir.

Imaginem os senhores que para asfaltarem 1.600 km da Rodovia Transamazônica dentro do Estado do Pará seria necessário apenas 200 milhões de dólares.

O Governo Federal foi capaz de gastar 1 bilhão de dólares para fazer a ferrovia que vai de Paraopeba a Itaqui, no Maranhão. Construíram, em um ano e meio, 900 quilômetros de ferrovia com uma ponte de mais de 5 quilômetros sobre o rio Tocantins e não tiveram a coragem de asfaltar a rodovia Transamazônica para dar a essa gente uma vida melhor e mais digna. Uma oportunidade inclusive de se obter retorno, crescimento econômico para o Estado, para a Nação e para a nossa região.

Para exportar o nosso minério de ferro para o Japão e outros Países do mundo, construíram rapidamente uma ferrovia de 1 bilhão de dólares; souberam construir uma hidrelétrica de 6 bilhões de dólares, mas não tiveram a coragem de guardar 500 milhões de dólares para levar a energia dessa hidrelétrica até o outro lado do rio Amazonas, até o Amapá, até Manaus, capital daquele grande Estado da nossa região.

Quero dizer aos Senadores desta Casa e aos presentes nas galerias que aqui estamos, tentando, de maneira pacífica e cordial, um entendimento com o Presidente da República do Brasil. Estamos tentando formar o Bloco Parlamentar da Amazônia, do qual inclusive o Presidente José Sarney, que está na Presidência do Senado, é integrante, porque foi eleito pelo Estado do Amapá. Queremos levar ao Presidente da República as nossas razões e os nossos argumentos, dentre os quais citei alguns, pois a Amazônia não pode continuar sendo desrespeitada.

O Ministro José Serra e o Presidente Fernando Henrique Cardoso vetaram e tiraram do Orçamento da União de 1995 todos os recursos destinados à Transamazônica e a Santarém/Cuiabá, bem como todos os recursos destinados ao linhão da hidrelétrica de Tucuruí que levaria energia àquela área.

Companheiros, vamos tentar, com argumentos convincentes, mostrar as nossas razões e buscar investimentos para a nossa região. Porém, se não nos atenderem, Sr. Presidente, faremos uso da nossa força nesta Casa; usaremos os meios necessários e possíveis para vermos respeitados os direitos da nossa região e do povo do Estado do Pará.

Faremos obstrução aos projetos de interesse do Governo no plenário do Senado e no plenário do Congresso Nacional se necessário for, porque a Amazônia não pode continuar abandonada como está, relegada a segundo plano e sendo vista como uma região de onde apenas se tira, se explora, como se lá não houvesse povo.

Encerro minhas palavras dizendo aos companheiros que todos nós, Senadores e Deputados Federais da Amazônia, juntamente com vocês, haveremos de, unidos, fazer respeitar o direito daquela região e cumprir a promessa feita: a Transamazônica e a Santarém/Cuiabá serão asfaltadas, podem crer, porque lutaremos nesta Casa para isso.

A energia da hidrelétrica de Tucuruí não continuará indo para o Nordeste, para ALCOA, para a ALBRAS/ALUNORTE ou para Carajás. A energia da hidrelétrica de Tucuruí terá que se voltar para o desenvolvimento e para a melhoria de vida do povo da nossa região.

Este é o nosso compromisso no Senado Federal e creio seja o mesmo de todos os Senadores da Amazônia.

Era o que tinha a dizer.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DCN2 de 10/03/1995 - Página 2916