Discurso no Senado Federal

SAFRA RECORDE EM MATO GROSSO.

Autor
Júlio Campos (PFL - Partido da Frente Liberal/MT)
Nome completo: Júlio José de Campos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA AGRICOLA.:
  • SAFRA RECORDE EM MATO GROSSO.
Publicação
Publicação no DCN2 de 23/03/1995 - Página 3567
Assunto
Outros > POLITICA AGRICOLA.
Indexação
  • INFORMAÇÃO, AUMENTO, PRODUTIVIDADE, SAFRA, GRÃO, ESTADO DE MATO GROSSO (MT).
  • COMENTARIO, HISTORIA, PROGRESSO, PRODUÇÃO AGRICOLA, ESTADO DE MATO GROSSO (MT).
  • ELOGIO, POLITICA, INVESTIMENTO, AGRICULTURA, GOVERNO ESTADUAL, ESTADO DE MATO GROSSO (MT), RESULTADO, AUMENTO, PRODUÇÃO AGRICOLA.
  • SOLICITAÇÃO, PRIORIDADE, GOVERNO FEDERAL, MELHORIA, RODOVIA, REGIÃO CENTRO OESTE, OBJETIVO, ESCOAMENTO, PRODUÇÃO AGROPECUARIA.

O SR. JÚLIO CAMPOS (PFL-MT. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é com grande satisfação que ocupo, hoje, a tribuna para trazer ao conhecimento desta Casa que o Estado do Mato Grosso colherá, este ano, a maior safra de grãos de sua história. Irá produzir uma safra agrícola de mais de seis milhões e oitocentas mil toneladas, superando em cerca de um milhão e seiscentas mil toneladas a produção do ano passado.

Mato Grosso, vencendo desafios, vem quebrando, a cada safra, seus próprios recordes de produção de grãos, fazendo brotar nas terras férteis do Estado um novo tempo de prosperidade e desenvolvimento.

A agricultura foi e continua sendo a grande propulsora do desenvolvimento do Estado que tenho a honra de representar nesta Casa, Sr. Presidente. Não resta dúvida de que é ela o grande sustentáculo de toda a economia mato-grossense e suas perspectivas de expansão são enormes, considerando-se as áreas já plantadas e as vastas terras que ainda esperam para serem desbravadas.

Mato Grosso, atualmente, é o terceiro maior produtor de grãos do País, sendo superado apenas pelos Estados do Rio Grande do Sul e do Paraná. Os resultados obtidos nesta safra levam a crer que, dentro de quatro anos, o Estado conseguirá suplantar a produção paranaense e ocupar a segunda posição no ranking nacional. 

Nos últimos anos, Mato Grosso conseguiu reverter a tendência de queda da produção registrada no Estado no final da década passada e consolidou sua recuperação, passando a ocupar o terceiro lugar nacional na produção de grãos como soja, milho, algodão e arroz, e o honroso primeiro lugar em produtividade de soja no País.

Em fins de janeiro, o jornal O Estado do Mato Grosso, em seu artigo intitulado "Safra será a maior da história", noticiou que, segundo previsão do Banco do Brasil, a soja, o milho, o algodão e o arroz apresentarão um crescimento médio de vinte e cinco por cento na safra que começa a ser colhida neste mês de março. Serão mais de cinco milhões de toneladas de grãos de soja, quase oitocentas e cinqüenta mil toneladas de milho, mais de seiscentas e oitenta mil toneladas de arroz, cento e vinte mil toneladas de algodão, além de outros tipos de grãos.

Esses números são o resultado da acertada política adotada nos últimos anos pelo Governo do Estado, que, por conhecer bem as potencialidades das nossas terras, por saber que muito mais se poderia fazer para incrementar a produção mato-grossense e por desejar inserir novas áreas na fronteira agrícola da região, assumiu a vocação agrícola de Mato Grosso e investiu pesado no setor.

Foi essa vocação, aliada ao espírito de empreendimento e ao desejo de alargar horizontes, a grande responsável pela atração e pela vinda de grande número de sulistas para o Mato Grosso, para ocupar e explorar quilômetros e quilômetros daquela nova e promissora fronteira para o cultivo de grãos.

Desde que os desbravadores gaúchos e paranaenses rumaram em direção às terras baratas do Centro-Oeste brasileiro, no início da década de setenta, o cultivo da soja, nosso principal produto, não parou de crescer. Se em 1979 a área plantada não chegava a setenta mil hectares, hoje as plantações cobrem mais de dois milhões de hectares de terra fértil.  

Sem dúvida, a soja é a cultura que mais vem contribuindo para o crescimento da produção do Estado, devendo fazer saltar de cerca de três milhões e setecentas mil toneladas para mais de cinco milhões de toneladas só de grãos de soja nesta safra. Note-se que esse aumento representa um crescimento de cerca de trinta e oito por cento na produção e de apenas 1,24 por cento na área plantada.

Em termos de produtividade, os mato-grossenses são imbatíveis no cultivo da soja. Mato Grosso foi o Estado onde a produção mais cresceu nos últimos tempos, representando cerca de doze por cento do contexto nacional. Há pouco mais de dois anos, a produtividade do Estado atingiu cerca de dois mil e quinhentos quilos por hectare plantado, índice trinta e cinco por cento superior à média brasileira e vinte por cento à americana. É o maior índice de produtividade no plantio da soja no mundo.

É digno de registro esse significativo crescimento da produtividade em nosso Estado, Srªs e Srs. Senadores. Mato Grosso, que ocupa 10,6% do território nacional, tem as mais altas taxas de produtividade do País e os produtores mato-grossenses são os que usam o melhor nível de tecnologia e os que mais empregam recursos próprios na atividade agrícola. Em Mato Grosso, teve sucesso quem soube aliar as condições favoráveis do clima a métodos de gestão modernos adaptados ao campo.

Enquanto em muitas regiões as novas tecnologias não são aplicadas em larga escala na agricultura, com índices de produtividade abaixo do exigido para diversas culturas devido à insuficiente utilização de insumos agrícolas, o Estado do Mato Grosso tem obtido resultados extraordinários na cultura de grãos graças ao uso de tecnologias que viabilizam a elevação da produtividade.

Nosso Estado está perfeitamente sintonizado com o programa de campanha defendido pelo presidente Fernando Henrique Cardoso para a agricultura: desenvolvimento tecnológico e de recursos humanos, regionalização, política comercial sob o signo da abertura e da integração.

A almejada estabilização definitiva da economia brasileira - meta prioritária do atual governo - tem na agricultura um aliado de peso, por sua influência contínua nos índices de preços. Hoje, toda a política para a agricultura está intimamente relacionada com a política para a agroindústria. O desenvolvimento recente mostra que a concentração agroindustrial numa determinada região passa a ser pré-condição para o desenvolvimento da produção agrícola.

O novo ciclo implantado no Governo Jaime Campos teve na diversificação da lavoura e na verticalização das atividades seus objetivos maiores. O aumento da área plantada e da produção agrícola do Estado levou o Governo do Mato Grosso a criar condições para os agricultores deixarem de ser apenas produtores de matérias-primas. A própria Secretaria de Agricultura, vem incentivando os agricultores a reunirem-se em cooperativas e formarem as próprias indústrias.

O principal objetivo do projeto, que já apresentou resultados práticos nas localidades em que foi implantado, é assegurar aos próprios produtores as vantagens econômicas obtidas com a industrialização da produção, garantindo a eles todo o lucro. Nesse sistema, em vez de o valor agregado ao produto final ir para o bolso das indústrias, como ocorre habitualmente, ele fica nas mãos de quem produz. E as vantagens não se limitam apenas aos produtores, Senhor Presidente. A centralização da produção, além de reduzir o número de participantes na cadeia de produção, permite também uma redução do custo final ao consumidor.

Há ainda uma enorme vantagem a ser destacada nesse projeto: a economia obtida no transporte dos produtos. Como todos sabemos muito bem, o custo do frete dos produtos agrícolas é um dos maiores problemas das Unidades da Federação situadas nas regiões brasileiras mais distantes dos canais de exportação. Muitos produtos deixam de ser competitivos no mercado nacional e internacional porque o preço do frete pesa muito no preço final.

O Mato Grosso, por exemplo, apresenta grande deficiência de estradas para o escoamento de sua produção, principalmente na região onde se concentram as culturas de grãos. Há somente duas estradas federais cortando o Estado, a BR-364 e a BR-163, ambas necessitando de reparos. Apesar dos esforços do Governo do Estado, que vem procurando pavimentar, abrir e recuperar quilômetros e quilômetros da malha rodoviária mato-grossense para facilitar o escoamento da safra agrícola, muito ainda precisa ser feito nesse Estado que desponta no cenário nacional como um dos mais promissores do País.

O rebaixamento dos custos de escoamento da safra agrícola, via o desenvolvimento de corredores de exportação, de transporte intermodal e, especialmente, da recuperação da malha de transportes, é vital para toda a Região Centro-Oeste e precisa ser prioridade do atual governo.

Apesar de sua crescente participação na economia brasileira e na vida política do País, os Estados do Centro-Oeste, e o Estado do Mato Grosso em particular, ainda não alcançaram o nível desejado de importância e de influência nas grandes decisões nacionais. Estradas, telecomunicações, agricultura e pecuária são setores que podem e devem ser dinamizados nessa imensa e promissora área do território brasileiro.

Produzir alimentos é questão de estratégia nacional e é do interesse de todo o povo deste País. Os novos Governadores dos Estados que integram a Região Centro-Oeste precisam unir-se e pleitear junto ao Governo Federal a contrapartida devida à sua presença marcante nas atividades agrícolas do País.

Ao concluir este pronunciamento, reafirmo minha convicção de que a agricultura, com seu enorme potencial de gerar empregos e riqueza, tem um papel importante a desempenhar na solução dos graves problemas sociais do País e aproveito para parabenizar todos os agricultores mato-grossenses, do mais humilde ao mais importante, pelos resultados obtidos na produção de grãos em nosso Estado. Tenho a certeza de que o recorde histórico da atual safra será batido a cada ano no Mato Grosso, pois nosso Estado, rico em terras férteis e homens dispostos a trabalhar, pode colaborar para abastecer o mercado interno e para tornar o Brasil a potência agrícola que nosso País tem todas as condições de vir a ser no limiar do século XXI.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DCN2 de 23/03/1995 - Página 3567