Discurso no Senado Federal

ADUZINDO NOVAS CONSIDERAÇÕES AO PRONUNCIAMENTO FEITO POR S.EXA, REFERENTE AO FINANCIAMENTO DOS MOVIMENTOS SINDICAIS EM MANIFESTAÇÃO CONTRA A REFORMA CONSTITUCIONAL.

Autor
Valmir Campelo (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/DF)
Nome completo: Antônio Valmir Campelo Bezerra
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL (GDF).:
  • ADUZINDO NOVAS CONSIDERAÇÕES AO PRONUNCIAMENTO FEITO POR S.EXA, REFERENTE AO FINANCIAMENTO DOS MOVIMENTOS SINDICAIS EM MANIFESTAÇÃO CONTRA A REFORMA CONSTITUCIONAL.
Aparteantes
Lauro Campos.
Publicação
Publicação no DCN2 de 24/03/1995 - Página 3949
Assunto
Outros > GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL (GDF).
Indexação
  • DEFESA, ORADOR, ACUSAÇÃO, LAURO CAMPOS, SENADOR, AUTORIA, DENUNCIA, RESPONSABILIDADE, GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL (GDF), FINANCIAMENTO, MANIFESTAÇÃO COLETIVA, PROTESTO, PROPOSTA, REFORMA CONSTITUCIONAL, GOVERNO.

O SR. VALMIR CAMPELO (PTB-DF. Como líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, serei rápido, não transformarei o assunto em polêmica, absolutamente, primeiro porque não é do meu feitio e segundo porque não cabe.

Queria apenas mais uma vez dizer ao eminente Senador que acaba de pronunciar as suas palavras que não fiz nenhuma denúncia aqui. E não sei por que S. Exª parte quase que para a agressão verbal a uma pessoa que viu Brasília nascer e que não tem absolutamente nada a ver com esse artigo. Entendo que o comportamento e as palavras do nobre Senador deveriam ser endereçadas ao jornal Folha de S. Paulo. A mim não cabe nada, não fiz nenhuma declaração. Apenas li a manchete de um jornal como sempre faz o eminente Senador Eduardo Suplicy, que eu admiro e respeito pelo seu comportamento ético, profissional e companheiro.

É um direito que me assiste. Não fiz nenhuma declaração ou acusação ao governo do PT. Apenas li que o governo do Distrito Federal banca ato e que a administração petista aloja manifestantes, paga despesas e põe policiais para servir cafezinhos. Mas quem diz isso não sou eu, é a Folha de S. Paulo, a quem devem ser dirigidas as palavras do eminente Senador.

Senador Lauro Campos, V. Exª se refere a minha pessoa como servidor leal, antigo. Isso eu sou mesmo, graças a Deus. Ninguém jamais levantou nada contra a minha honra e minha moral. Nem mesmo quando enfrentei V. Exª, em 1990, e tive a felicidade de ganhar as eleições para Senador da República, V. Exª jamais questionou a minha idoneidade e minha honra porque nada encontrou. Este é um orgulho que tenho: o meu passado em Brasília, que supera qualquer patrimônio material. É o maior patrimônio que tenho e que vendo muito caro, pois é a minha honra.

Graças a Deus, Professor - desculpe-me, Senador, mas, pelo respeito que tenho por V. Exª, sempre o tratei como professor - cheguei a Brasília lavando banheiros e servindo cafezinho, com muita honra. Fui encarregado, chefe de seção, chefe de serviço, chefe de divisão, chefe de departamento do governo, chefe de gabinete de empresa, subsecretário de Estado, cheguei a secretário de Estado, conselheiro de quase todas as empresas do Governo; administrei uma, duas, três cidades-satélites por 16 anos ininterruptamente. Jamais, nenhuma vez, - e desafio não só V. Exª como qualquer outro cidadão -, ninguém ou o Tribunal de Contas do Distrito Federal questionou qualquer conta minha.

Também aqui no Senado, quando a CPI fez uma série de indagações e foi fundo na vida de todos nós, nada foi levantado contra minha honra ou contra minha pessoa.

V. Exª, com uma certa conotação, disse que eu pertenci com lealdade a todos os outros Governos. Pertenci mesmo. Servi à sociedade. Não servi a senhores. Servi a Governos. Servi ao povo do Distrito Federal.

Tanto que nas primeiras eleições de Brasília, em 1986, candidatei-me a Deputado Federal e tive a honra de ser o Deputado Federal mais votado da história de Brasília. Em 1990, nós dois nos enfrentamos e eu fui o Senador mais votado do Distrito Federal. Agora, em 1994, ganhei a eleição para Governador no primeiro turno e, diante de outros fatos sobre os quais não cabe aqui fazer nenhuma análise. Nunca ocupei a tribuna para fazer avaliação do Governo.

O Sr. Lauro Campos - Permite V. Exª um aparte?

O SR. VALMIR CAMPELO - Concederei já o aparte a V. Exª, com muito prazer.

Na tarde de hoje também não trouxe e nem fiz qualquer avaliação do Governo do Distrito Federal. E uma série de dados e informações que têm chegado a meu Gabinete e a minha pessoa, a todo instante, mas jamais trouxe-os a plenário, mesmo porque entendo que nesta Casa Alta da República, de tanta importância, não cabe a discussão de assuntos paroquiais, assuntos de interesse local. Somos maiores do que os assuntos paroquiais.

Claro, compete a mim, como Senador da República e representante do Distrito Federal, defender os recursos de Brasília, e continuarei defendendo-os. Todas as vezes que alguma denúncia for feita, como esta da Folha de S.Paulo, eu a investigarei porque compete a mim, como Senador da República. Conheço esta cidade como a palma de minha mão, moro aqui há 33 anos, vi Brasília nascer, cheguei aqui ainda menino. Compete a mim lutar pela melhoria de Santa Maria, do Gama, de Taguatinga, de todas as cidades satélites de modo geral, porque eu as conheço. Conheço os problemas de Brasília porque os vejo e não porque me dizem; convivi com esses problemas das cidades satélites, com o povo mais humilde, com trabalhadores da construção civil, com operários porque já morei em cidade satélite.

O Sr. Lauro Campos - Permite-me V. Exª um aparte?

O SR. VALMIR CAMPELO - Ouço V.Exª com prazer.

O Sr. Lauro Campos - Depois de ouvir sua autobiografia, com muito prazer, gostaria de dizer apenas que quem atacou a honestidade, o comportamento, a situação em que se encontram os hospitais e as escolas de Brasília não foi a Folha de S.Paulo, foi V. Exª. V. Exª introduziu na leitura do artigo da Folha esses comentários - e aí praticou uma injustiça -, esquecendo-se de que o Governo do PT, o Governo do Prof. Cristovam Buarque é um governo de 83 dias, enquanto V. Exª se refere a 34 anos de participação na administração. É só isso que gostaria de dizer.

O SR. VALMIR CAMPELO - Entretanto, nunca fui Governador. V. Exª, infelizmente ou felizmente, sabe que nunca fui Governador do Distrito Federal, pois não sou Executivo.

V. Exª é um homem culto, é um professor universitário, é Senador da República e sabe que, como administrador, fiz muitas obras. Tanto que a população me colocou, nas eleições, como o mais votado. É sinal de que realizei alguma coisa. A minha parte eu a fiz, Senador Lauro Campos.

Não posso, entretanto, ser responsabilizado pelas obras de governadores. Tenho absoluta certeza de que jamais vou responsabilizar V. Exª pelo Governo que aí está. V. Exª é um Senador da República. Não poderia responsabilizá-lo pela sua omissão, já que V. Exª é assíduo na luta em busca da melhoria do Distrito Federal. Não poderia responsabilizá-lo pela melhoria do hospital, das escolas etc, porque essa responsabilidade é do Executivo. Aqui, no Legislativo, não temos esse poder. A nossa caneta não decide.

Quando eu me pronunciei, não fui injusto, porque de algum lugar essa verba saiu, Senador Lauro Campos. Ou saiu da educação, da saúde, da segurança pública, dos transportes ou do saneamento básico.

O Governo atual tem que deixar o discurso, o palanque ou talvez o metrô, não é mesmo? Mas eu acredito que o Governo não vai deixar o metrô porque ouvi, na primeira semana de governo, o Secretário da Fazenda dizer que ia sacrificar a área da saúde e da educação para pagar umas contas dos empresários do metrô. Talvez não tenha sido isso, porque, para esse governo, o pagamento dos empresários, tirando a verba da saúde e da educação, seja prioritário.

Mas, como eu estava dizendo a V. Exª, de algum local devem ter saído esses recursos: ou da educação, ou da saúde, ou de algum outro setor. Estamos ouvindo o discurso de 83 dias de governo; mas quem se propõe a ser Governador do Distrito Federal, tenho absoluta certeza, já deveria estar preparado para, no dia 1º de janeiro, tentar melhorar a fisionomia, a imagem do Distrito Federal. Não vai aqui nenhuma avaliação, porque não me compete fazê-la, mesmo porque esse não é o momento propício para isso, mas fica a colocação.

Volto a repetir: as denúncias não foram feitas por mim, as denúncias foram feitas pela Folha de S.Paulo, e eu apenas as trouxe à luz desta Câmara Alta, que é o Senado Federal, para conhecimento, como dever, como cidadão e como parlamentar.


Este texto não substitui o publicado no DCN2 de 24/03/1995 - Página 3949