Discurso no Senado Federal

HOMENAGEM POSTUMA AO JORNALISTA E ESCRITOR JOÃO EMILIO FALCÃO.

Autor
Epitácio Cafeteira (PPR - Partido Progressista Reformador/MA)
Nome completo: Epitácio Cafeteira Afonso Pereira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • HOMENAGEM POSTUMA AO JORNALISTA E ESCRITOR JOÃO EMILIO FALCÃO.
Publicação
Publicação no DCN2 de 30/03/1995 - Página 4210
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, JOÃO EMILIO FALCÃO, JORNALISTA, ESCRITOR, ESTADO DO PIAUI (PI).

O SR. EPITACIO CAFETEIRA (PPR-MA. Pela ordem. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, permita-me dizer que o Regimento prevê aquilo que normalmente deve ocorrer no Senado. Os fatos que normalmente ocorrem nesta Casa devem caminhar dentro dos limites estabelecidos pelo Regimento.

Mas a morte de João Emílio Falcão não poderia ser, ao menos, prevista; ele morreu no momento de maior descontração de sua vida. Jantou, jogou baralho com sua esposa, colocou um disco para tocar, achou a música bonita, convidou sua mulher para dançar e, dançando com ela, morreu - de uma forma, portanto, inusitada. Tenho certeza de que ele nos deixou e deixou a vida em um momento de grande felicidade.

João Emílio Falcão, meu vizinho do Piauí, construiu nome no jornalismo brasileiro e dele se orgulhava. Jamais alugou a sua pena; escrevia o que sentia e o que queria, com uma independência, até certo ponto, difícil de se encontrar nas pessoas que precisam trabalhar dentro da sua função para viver. João Emílio Falcão vai deixar uma lacuna muito grande.

Estou vindo do campo santo de Brasília, onde encontrei um grupo de pessoas de todas as categorias profissionais; jornalistas estupefatos, porque alguns tomaram conhecimento já depois do almoço da morte de João Emílio Falcão.

O que mais me impressionou é que João Emílio Falcão dava a impressão de que não estava com os olhos fechados, mas, sim, semicerrados, como que a olhar cada uma das pessoas que iam lá para velar o seu corpo. Parece que ele estava, de certa forma, vendo e agradecendo, quando, na verdade, eu é que agradeço a João Emílio Falcão o fato de ter sido por ele distinguido com a sua amizade e com o seu respeito.

Portanto, Sr. Presidente, juntando a minha voz à do nobre Senador Esperidião Amin, gostaria de deixar, de forma clara e patente, o sentimento que me invade no dia de hoje, nesta sessão, de uma profunda saudade.

Tenho certeza de que o dia-a-dia no Senado, o meu dia-a-dia, vai ficar amputado de uma parte: o momento em que eu conversava com João Emílio Falcão. Não só eu, mas muitos Senadores, porque ele tinha o respeito e a admiração dos Parlamentares, a quem nunca denegriu. João Emílio Falcão jamais denegriu qualquer das Casas do Congresso. Conseguia, respeitando esse Poder, ser também por ele respeitado, querido e amado.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DCN2 de 30/03/1995 - Página 4210