Discurso no Senado Federal

REGOZIJO PELA DECISÃO DO MINISTRO DA AERONAUTICA, SR. MAURO JOSE GANDRA, DE NÃO COMEMORAR OFICIALMENTE O DIA 31 DE MARÇO, ANIVERSARIO DO MOVIMENTO DE 64.

Autor
Pedro Simon (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RS)
Nome completo: Pedro Jorge Simon
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
FORÇAS ARMADAS.:
  • REGOZIJO PELA DECISÃO DO MINISTRO DA AERONAUTICA, SR. MAURO JOSE GANDRA, DE NÃO COMEMORAR OFICIALMENTE O DIA 31 DE MARÇO, ANIVERSARIO DO MOVIMENTO DE 64.
Publicação
Publicação no DCN2 de 07/04/1995 - Página 4757
Assunto
Outros > FORÇAS ARMADAS.
Indexação
  • CONGRATULAÇÕES, DECISÃO, MAURO JOSE GANDRA, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA AERONAUTICA (MAER), AUSENCIA, ATO OFICIAL, COMEMORAÇÃO, REVOLUÇÃO, PAIS.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB-RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Tenho certeza de que a saída de V. Exª não tem nada de pessoal com relação ao assunto que vou tratar.

O dia 31 de março, Sr. Presidente, transcorreu há poucos dias. Naquele dia, chamou-me a atenção a subida à tribuna, ocupando-a pela primeira vez neste Senado Federal, o Líder comunista Roberto Freire, tantos anos depois de tê-la ocupado um ilustre gaúcho que se chamava Luís Carlos Prestes. Brinquei com o Senador se S. Exª tinha dado conta de que era o dia 31 de março e ele respondeu-me que havia sido coincidência.

Na verdade, creio que essa data não chamou a nossa atenção, nós que vivemos um dia 31 de março diferente: não houve notas oficiais nem a nota de comando, não saiu a palavra oficial do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, a que estávamos acostumados.

Estou nesta tribuna para chamar atenção para este detalhe. O Ministro Mauro José Gandra fez questão de dizer o seguinte:

      "O Ministro da Aeronáutica, Mauro José Gandra, disse ontem que a decisão de não comemorar oficialmente o 31 de março - aniversário do Movimento de 64 - demonstra uma nova postura dos militares, empenhados em pôr um ponto final nas discussões de temas que geram confrontos nacionais. Os militares também não querem ouvir falar de desaparecidos políticos e cemitérios clandestinos como o de Perus, em São Paulo."

E diz mais:

      A ausência da Ordem do Dia em 31 de março marcou o fim de um período. Do mesmo jeito que não se comemora mais a Guerra do Paraguai ou a Revolução de 30, também não faz mais sentido comemorar com Ordem do Dia o 31 de março. Ele foi um ato e um fato que estão na história, e isto basta. Precisamos acabar com os confrontos nacionais. Em todos os sentidos, irrita-me muito ver pessoas aqui e ali falando em desaparecidos políticos ou cemitério de Perus. Precisamos acabar com tudo isso e pacificar o País.

      Há muito tempo, eu e o Ministro Mauro (Mauro César Pereira, da Marinha) tínhamos essa idéia de acabar com a Ordem do Dia. Como este ano cabia à Marinha elaborá-la, já que existe um esquema de rodízio entre as Forças, o Ministro Mauro sugeriu formalmente que a Ordem do Dia deixasse de existir. A sugestão foi aceita por unanimidade. Em termos especulativos, se fosse um presidente radical, talvez a Ordem do Dia tivesse existido. Mas isso é especulação".

Quero felicitar o Ministro, Sr. Presidente. Realmente, estamos vivendo uma nova época. Não cabe, aqui, analisar, a cada dia e a cada ano, o que foi o 31 de março. Os que foram contrários, como eu, que entenderam que houve um golpe de Estado ou os que acharam que foi uma revolução ou os que acharam que foi uma contra-revolução. Entendo que foram dias negros, tristes, lamentáveis, mas que já passaram.

A verdade é que estamos vivendo uma democracia e temos que lutar para preservá-la. A verdade é que os Senhores militares se manifestaram com muita lucidez, com ampla competência. O que acontecia era que os militares lançavam notas relativas ao 31 de março, que eram lidas nas casernas e sempre havia um senador aqui, um deputado lá, um vereador adiante e um jornal acolá que faziam com que a nota fosse publicada. E havia notas que tinham resposta: umas elogiando e outras contestando e protestando.

A partir deste ano o 31 de março entrou para a história. Graças a Deus! Felicito os Senhores militares por essa decisão. Creio que temos condições de refletir e analisar que os 31 de março da vida são lamentavelmente questões que vão e voltam na história brasileira. O Brasil é um país que tem momentos de liberdade entrecortados por momentos de ditadura. Tem períodos de democracia entrecortados por longos períodos de exceção. Estamos vivendo, queira Deus, um longo período de democracia.


Este texto não substitui o publicado no DCN2 de 07/04/1995 - Página 4757