Discurso no Senado Federal

CONSIDERAÇÕES AO DISCURSO DO SENADOR PEDRO SIMON, COM RELAÇÃO A NATUREZA DAS MANIFESTAÇÕES QUE TEM SIDO REALIZADAS NAS DIVERSAS VISITAS DO PRESIDENTE DA REPUBLICA.

Autor
Eduardo Suplicy (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Eduardo Matarazzo Suplicy
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
MANIFESTAÇÃO COLETIVA.:
  • CONSIDERAÇÕES AO DISCURSO DO SENADOR PEDRO SIMON, COM RELAÇÃO A NATUREZA DAS MANIFESTAÇÕES QUE TEM SIDO REALIZADAS NAS DIVERSAS VISITAS DO PRESIDENTE DA REPUBLICA.
Publicação
Publicação no DCN2 de 12/04/1995 - Página 5096
Assunto
Outros > MANIFESTAÇÃO COLETIVA.
Indexação
  • COMENTARIO, DESAPROVAÇÃO, TUMULTO, VIOLENCIA, OPORTUNIDADE, VISITA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, ESTADOS, BRASIL, DEFESA, LEGITIMIDADE, PACIFICAÇÃO, MANIFESTAÇÃO COLETIVA, REJEIÇÃO, GOVERNO.
  • MANIFESTAÇÃO, ACORDO, ORADOR, PEDRO SIMON, SENADOR, RESPEITO, CRITICA, DISCURSO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, CAPITAL DE ESTADO, ESTADO DO CEARA (CE).

O SR. EDUARDO SUPLICY (PT-SP. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, vou-me reportar à preocupação manifestada hoje à tarde pelo Senador Pedro Simon, com relação à natureza das manifestações que têm sido realizadas nas diversas visitas do Presidente da República, seja a Recife ou a outros estados.

Quero apenas dizer que um governante - como já o foi o Senador Pedro Simon - sabe muito bem que nem sempre as pessoas são obrigadas a achar boas todas as decisões e as atitudes de quem está no Governo. Numa democracia, é próprio que as pessoas possam manifestar-se.

Não recomendo, de forma alguma, manifestações violentas com pedras, paus, tomates. Penso que as manifestações devem ser realizadas de forma pacífica, civilizada. Mas manifestações normalmente ocorrem e é importante que um governante, como por exemplo o Presidente da República, esteja consciente de que, muitas vezes, os seus atos podem desagradar segmentos da população.

As reações que se podem seguir a cada momento dependem muito das próprias atitudes do governante. Um Presidente, quando toma decisões sobre mensagens que vêm ao Congresso Nacional relativamente a propósitos de natureza econômica, de reforma da Previdência ou até falta de proposições, deve esperar reações.

Lembremo-nos de que, com relação à reforma fiscal e tributária, o Presidente, embora tenha feito proposições enquanto candidato, até o presente, e em virtude de dissensões dentro de suas próprias bases, ainda não formulou sua proposição de reforma fiscal e tributária. Tem razão o Senador Pedro Simon quando disse que, em Fortaleza, o Presidente teve uma atitude que não foi a mais construtiva, pois tentou desqualificar aqueles que formulam críticas, dizendo que são da direita carcomida ou da falsa esquerda. Procurou, ainda, desqualificar o Senador que havia aqui cumprido seu dever, no sentido de chamar a atenção e solicitando esclarecimentos sobre possíveis vazamentos de informações. O Senador José Eduardo Dutra, no caso, estava cumprindo com o seu dever, e muito melhor seria se o Presidente colocasse todos os esclarecimentos à disposição do Congresso Nacional ao invés de desqualificar quem tenha formulado críticas e suscitado dúvidas.

Aliás, na próxima semana, dia 18, virá o Presidente do Banco Central, Pérsio Arida, justamente trazer todas as informações que foram demandadas pelos Senadores, inclusive pelo Senador José Eduardo Dutra, por mim próprio e outros.

Assim, Sr. Presidente, eu gostaria apenas de dizer da importância, para o amadurecimento e o avanço da democracia no Brasil, que se considerem normais as manifestações. A quem porventura tenha se excedido com violência, recomendo que não mais a cometa. O Presidente, entretanto, precisa estar consciente de que muitas vezes suas ações poderão desagradar certos segmentos da população. Assim, Sua Excelência verá algumas de suas ações agradar e outras não.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DCN2 de 12/04/1995 - Página 5096