O SR. JONAS PINHEIRO (PFL-MT. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o jornal Folha de S.Paulo publicou, em sua edição do dia 24 de abril, entrevista com o empresário e suplente de Senador Blairo Maggi, radicado em Mato Grosso e, ao mesmo tempo, nota da assessoria do Ministro do Planejamento, José Serra, em resposta a referências a ele feitas pelo empresário, em sua entrevista.

Sr. Presidente, não poderia deixar de ocupar a tribuna desta Casa para manifestar-me a respeito e registrar a minha solidariedade com o empresário Blairo Maggi e a minha estranheza com a reação do Ministro José Serra.

O empresário Blairo Maggi, em sua entrevista, fez um relato da crítica situação que vêm enfrentando os agricultores da Região Centro-Oeste e, sobretudo, das enormes incoerências e omissões do Governo Federal, onde, em última análise, residem as origens da atual crise da agricultura.

Na realidade, foi um desabafo de quem vem dedicando seu esforço e sua vida em transformar os cerrados brasileiros e implantar, nessa região, uma agricultura forte, sustentada, com alto padrão tecnológico, capaz de competir com as mais avançadas do mundo. Um desabafo de quem semeou, este ano, cerca de 30 mil hectares de soja e espera colher 1,5 milhão de sacos, ou seja, o equivalente a US$13 milhões, além de ser responsável pela comercialização de 10% da produção mato-grossense desses grãos.

Sr. Presidente e Srs. Senadores, o empresário Blairo Maggi, com sua família, está à frente de um grupo empresarial dos mais competentes, dinâmicos e respeitados do Centro-Oeste, implementando iniciativas que vêm transformando o cenário do Estado de Mato Grosso e da região.

A título de exemplo, vale mencionar a transformação que vem promovendo no ex-distrito de Sapezal, antes Município de Campo Novo do Parecis e emancipado recentemente, onde vem praticamente construindo um pólo agroindustrial com toda a infra-estrutura necessária em termos de energia, hospitais, escolas, comunicação, estradas, etc. Além do mais, investe cerca de US$70 milhões na implantação da hidrovia Madeira-Amazonas, para viabilizar o escoamento da produção dessa região para os mercados internacionais.

Portanto, o suplente do Senador Blairo Maggi não é um neófito ou um aventureiro, que se vem envolvendo em empreendimentos amadorísticos e que desconhece a dinâmica da agricultura e da Região Centro-Oeste. Pela sua ampla experiência e seu profundo conhecimento, suas palavras merecem crédito ou, no mínimo, merecem ser analisadas com mais seriedade e profissionalismo.

A resposta do Ministro José Serra, classificando as declarações de Blairo Maggi como um resumo de "tolices, desinformação e preconceitos" é, no mínimo, primária e passional, incompatível com o nível de formação e a postura que sempre adotou, ao longo de sua vida profissional e pública. Optou o Sr. Ministro por adotar uma postura de defesa, desqualificando as declarações feitas, simplesmente classificando-as como "pieguice regionalista, incompatível com a pujança econômica da Região Centro-Oeste, que é prioritária na política do Governo FHC".

Prefiro acreditar que o Sr. Ministro não analisou, com isenção e profissionalismo, as declarações do empresário, pois, se tivesse feito, certamente não emitiria esse parecer e essa nota à imprensa, que, na prática, em nada contribuiu para o aprofundamento do debate e para a busca de soluções para a grave crise que vem atingindo a agricultura do Centro-Oeste brasileiro e comprometendo o seu desenvolvimento.

Seria mais produtivo se o Ministro José Serra procurasse, com mais humildade, analisá-las e, julgando que haja desinformação, procurasse, com sua competência e amplo conhecimento, mostrar de maneira mais clara quais são efetivamente as prioridades que o Governo Fernando Henrique Cardoso vem dedicando à Região Centro-Oeste e de que maneira elas vêm se materializando, ao longo do atual Governo, para promover o desenvolvimento dessa região.

Agindo assim, cumpriria melhor o seu papel e poderia contribuir de maneira mais efetiva para promover mais estreita integração entre o Governo e a iniciativa privada em benefício da agricultura e da população dessa importante região brasileira.

Muito obrigado.