Discurso no Senado Federal

TRANSCURSO DO 'DIA DA COMUNICAÇÃO'.

Autor
Casildo Maldaner (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/SC)
Nome completo: Casildo João Maldaner
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • TRANSCURSO DO 'DIA DA COMUNICAÇÃO'.
Publicação
Publicação no DCN2 de 06/05/1995 - Página 7731
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA NACIONAL, COMUNICAÇÃO SOCIAL.
  • ELOGIO, IMPORTANCIA, EFICACIA, TRABALHO, CATEGORIA PROFISSIONAL, COMUNICAÇÃO SOCIAL, PAIS, ESPECIFICAÇÃO, ESTADO DE SANTA CATARINA (SC).

O SR. CASILDO MALDANER (PMDB-SC. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, neste cinco de maio, data consagrada à Comunicação Social, eu gostaria de prestar daqui, da Tribuna do Senado Federal, minha homenagem aos profissionais de área tão sensível e importante no mundo de hoje, em especial aos que labutam no meu Estado de Santa Catarina.

Ninguém pode conceber, em nossos dias, um mundo no qual as notícias não sejam instantâneas. No entanto, esse mundo existiu até bem pouco tempo atrás. O rádio e a televisão são fenômenos recentes, em termos históricos. O rádio no Brasil surgiu nos anos vinte, e a televisão começou a nascer na metade dos anos quarenta.

Tínhamos antes os jornais, sim, mas mesmo eles davam as notícias com certo atraso. E se formos analisar criticamente a história do jornalismo brasileiro no final do século passado ou mesmo no início deste, veremos que os jornais, na maioria, eram feitos de forma amadorística. Por serem ligados a correntes políticas ou a grupos ideológicos, os jornais tinham um conteúdo informativo muito acanhado em relação à parte de editoriais.

O jornalismo impresso no Brasil profissionaliza-se, primeiro nas grandes cidades, mais ou menos ao mesmo tempo em que a televisão engatinha e que o rádio exerce uma esmagadora liderança a nível nacional.

Hoje temos, em território brasileiro, um nível de profissionalismo excelente nestes três veículos de comunicação. E eu diria que, nesse campo importantíssimo da informação, o Brasil não fica a dever nada aos países mais ricos.

Na verdade, há estudiosos que afirmam que tanto o jornalismo impresso quanto o eletrônico praticados em nosso País estão entre os melhores do mundo.

Nesta data em que se comemora o Dia da Comunicação eu gostaria de ressaltar um aspecto que, salvo engano, não tem sido valorizado na sua justa medida. Trata-se da importância que os meios de comunicação social desempenham na tarefa hercúlea que temos no Brasil de transformar cada homem e cada mulher num verdadeiro cidadão consciente dos seus deveres e dos seus direitos.

Quer me parecer que esta missão vem sendo muito bem desempenhada pelos meios de comunicação social no Brasil, especialmente depois da promulgação da Carta Magna de 1988, que o saudoso doutor Ulysses Guimarães, líder máximo do nosso PMDB, chamou de Constituição Cidadã.

Ora, como sabemos todos nós, que desempenhamos mandatos políticos, aquela Carta deu realmente o status de cidadãos aos brasileiros, que viram seus direitos serem todos recuperados e ampliados.

No entanto, era preciso reeducar o cidadão brasileiro, submetido durante um quarto de século a um governo autoritário, que criou leis de exceção e que desrespeitou os direitos mais elementares do homem desta Terra.

Essa tarefa grandiosa de reeducar pessoas criadas sob o império do medo recaiu, portanto, sobre os meios de comunicação social. E dela eles vêm se desincumbindo a contento.

O papel do rádio e da televisão na formação de uma nova consciência política entre os cidadãos brasileiros, do final dos anos oitenta para cá, ainda está para ser avaliado com a sua devida importância.

Sr. Presidente, Srs. Senadores:

Depois de destacar essa missão mais ampla de todos os meios de comunicação social do Brasil, eu gostaria de descer às especificidades da informação em Santa Catarina.

Como é notório, Santa Catarina é um Estado peculiar dentro da Federação brasileira. Começa por não ter uma grande cidade-pólo. Na verdade, tem várias. E essas cidades-pólo são, felizmente, de porte médio, sem os graves problemas sociais comuns às megalópoles. Além disso, essas cidades catarinenses mais importantes estão espalhadas por todo o Estado. Temos, ao Norte, Joinville; ao Sul, Criciúma e Tubarão; Lages, no Planalto Catarinense; Chapecó, no Oeste; Blumenau, no Vale do Itajaí; e a capital, Florianópolis, no centro da faixa litorânea.

Penso que essa boa distribuição da população e das atividades econômicas pelo nosso território fez com que Santa Catarina tivesse um situação social das mais tranqüilas dentro do contexto brasileiro. Da mesma forma, isso ocorre no que tange à posse da terra, que está distribuída em sua maioria em minifúndios, evitando assim o deletério fenômeno da urbanização acelerada.

É dentro desse contexto que trabalham os meios de comunicação social catarinenses. Integrados por treze emissoras de televisão e cento e sessenta e três rádios - distribuídas por cem emissoras de ondas médias, duas de ondas curtas e sessenta e uma FMs - os meios eletrônicos de comunicação do Estado de Santa Catarina operam interligados a essas comunidades, desempenhando quase sempre o papel de agentes aglutinadores. Mobilizam os cidadãos em torno de objetivos comuns, dado terem essas emissoras um forte sentimento de comunidade. Do mesmo modo, acabam funcionando como educadoras.

As emissoras das pequenas e médias comunidades transmitem informações do interesse tanto das pessoas das cidades como do meio rural. Nesse último caso são ainda mais importantes, porque transmitem notícias para pessoas cujo único meio de ligação com o resto do mundo é justamente o rádio. São recados de parentes que estão hospitalizados na cidade, de filhos que foram para lá estudar. Essas mesmas empresas repassam aos agricultores informações essenciais sobre seu trabalho, informando o preço de produtos, apresentando modernas técnicas agrícolas, seja até mesmo educando.

Num país onde as estradas são poucas e ruins e em que a telefonia está muitíssimo atrasada, os meios eletrônicos de comunicação têm um papel relevante. Esse é o caso de Santa Catarina. O Brasil precisa se modernizar. Temos carência de estradas e de meios de transporte mais eficientes e baratos. Temos também necessidade de decuplicar o número de telefones, seja na área rural, seja na malha urbana. Enquanto isso não ocorre, rádios e tevês continuam a desempenhar esse papel integrador. São esses veículos que fortalecem o sentimento de comunidade. São excelentes prestadores de serviço.

Sr. Presidente, Srs. Senadores:

Estamos no limiar do ano dois mil. Chegamos à era da comunicação em tempo real, ou seja, os fatos chegam ao seu consumidor (leitor ou telespectador) no exato momento em que estão ocorrendo. Vimos isso agora na explosão da bomba em Oklahoma City, quando uma rede de televisão transmitiu diretamente do local para o mundo inteiro. Igualmente, informações sobre a queda ou a alta de ações nas principais bolsas de valores chegam instantaneamente a operadores nos quatro cantos do mundo.

Já são incontáveis os novos meios de comunicação imediata, como fax e CD Rom. O mundo -- como previu o teórico canadense em comunicação Marshall Mac Luhan -- transformou-se num aldeia global.

Neste dia das comunicações presto, portanto, minha homenagem aos homens e mulheres catarinenses que dedicam suas vidas à tarefa de informar seus concidadãos. Homenageio os que se entregam à busca e à distribuição de notícias, os que educam e ensinam, os que informam e que formam cidadãos conscientes dos seus direitos e deveres. A esses homens e mulheres deixo aqui o meu reconhecimento e a minha admiração.

Era o que tinha a dizer.

Muito obrigado!


Este texto não substitui o publicado no DCN2 de 06/05/1995 - Página 7731