Discurso no Senado Federal

DEFESA DA INTERIORIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO BRASILEIRO ATRAVES DO BANCO DO BRASIL. CONTRARIO A PERSPECTIVA DE FECHAMENTO DAS AGENCIAS DO BANCO DO BRASIL NO INTERIOR.

Autor
Casildo Maldaner (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/SC)
Nome completo: Casildo João Maldaner
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
BANCOS.:
  • DEFESA DA INTERIORIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO BRASILEIRO ATRAVES DO BANCO DO BRASIL. CONTRARIO A PERSPECTIVA DE FECHAMENTO DAS AGENCIAS DO BANCO DO BRASIL NO INTERIOR.
Publicação
Publicação no DCN2 de 09/05/1995 - Página 7817
Assunto
Outros > BANCOS.
Indexação
  • COMENTARIO, ENTENDIMENTO, BANCO DO BRASIL, INSTRUMENTO, DESENVOLVIMENTO, INTERIOR, PAIS, PROTESTO, NOTICIARIO, FECHAMENTO, AGENCIA, BANCO OFICIAL, DEMISSÃO, BANCARIO.
  • DEFESA, NECESSIDADE, GRATIFICAÇÃO, FORMAÇÃO PROFISSIONAL, BANCARIO, BANCO DO BRASIL, OBJETIVO, ASSISTENCIA, COMUNIDADE, MUNICIPIO, INTERIOR, PAIS, PREVENÇÃO, EXODO RURAL.

O SR. CASILDO MALDANER (PMDB-SC. Pela ordem, com revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, uma das metas, quando da nossa campanha rumo ao Senado, foi a interiorização do desenvolvimento.

Dentro desse princípio, inclusive indo ao encontro - assim penso - do que proferiu há pouco o Senador José Roberto Arruda em várias partes de seu pronunciamento, no que tange à interiorização do desenvolvimento no Brasil, entendo que um dos meios para isso é o nosso Banco do Brasil.

Em relação a isso, Sr. Presidente, teço alguns comentários na tarde de hoje, principalmente quando se fala em fechar centenas e centenas de agências.

Vai muito além do fechamento de agências e do enxugamento do quadro de pessoal o anunciado programa de reforma do Banco do Brasil. E não cabe aqui avaliá-lo apenas pela dimensão do número de agências já identificadas como "sem viabilidade econômica", as quais somam 617. Levando-se em conta que, ao todo, são 5.600 agências, elas representam um pouco mais de 10% do total, é bem verdade. Mas o que menos se questiona neste momento são os números. O que há de mais grave por trás dessa propalada política de contenção de despesas é uma equivocada interpretação do Governo sobre os reais objetivos do Banco do Brasil.

Sr. Presidente, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, ao longo de décadas, o Banco do Brasil se notabilizou por suas atividades de interesse social, de promoção do desenvolvimento em distantes regiões jamais atraídas pelos bancos privados. Foi quase sempre destacado pela oferta de apoio técnico à política de desenvolvimento local. E assim deveria continuar sendo. Não que se deva privatizar o lucro e socializar as despesas, muito pelo contrário: é incentivando o trabalho lucrativo que se chegará à tão almejada geração e multiplicação da riqueza.

Faço estas considerações para reafirmar o grave erro que seria a adoção de quaisquer medidas restritivas à ação desenvolvimentista do Banco do Brasil, quer seja através do fechamento de agências ou de demissão de funcionários.

Ora, o que se pretende é tornar essa presença do Banco do Brasil mais atentamente dedicada aos interesses das comunidades interioranas de fomento à produção. Onde há uma agência do Banco do Brasil, lá está um agente motivador do trabalho lucrativo. Elas funcionam como autênticas alavancas da economia em todos os níveis.

Essa deveria ser - e é meu pensamento, Sr. Presidente - a verdadeira ação do Banco do Brasil. O nosso Banco deve ser e deve ter uma composição eclética para que, lá no interior, em vez de fechar agências em determinados municípios, possa ter a formação e o incentivo, a fim de ajudar o desenvolvimento e procurar alternativas junto às autoridades municipais e presidentes de entidades organizadas para o desenvolvimento daqueles municípios. Essa deve ser, inclusive, a formação dos funcionários do Banco do Brasil no interior.

Nesse sentido, Senador José Roberto Arruda, é que venho ao encontro do pronunciamento de V. Exª. Se queremos interiorizar o desenvolvimento do Brasil, precisamos usar o nosso Banco com este fim. Sendo assim, em vez de fechar agências nas pequenas localidades, vamos instruí-las, vamos preparar os funcionários com uma formação eclética para que não sirvam apenas para o atendimento burocrático, mas tenham uma formação que favoreça a abertura de saídas para a comunidade do interior na agricultura, na agropecuária, no pequeno comércio ou na pequena indústria. E, inclusive, que seja dada uma gratificação, ou seja, um incentivo àqueles que vão assumir uma agência no interior, a fim de ajudar na solução dos problemas dessas comunidades, já que, a longo prazo, o Governo, indiretamente, ganhará com isso.

No lugar de AABBs no interior, deveria haver possibilidade de o funcionário eclético reunir-se com a comunidade no sábado e no domingo. Ele, portanto, não teria contato com a comunidade apenas das 9 da manhã às 5 da tarde, mas conviveria com os dramas da comunidade, ajudando a encontrar os caminhos para a resolução dos problemas dessa comunidade.

Essa é a formação que precisamos. O Banco do Brasil precisa começar a receber uma outra orientação, e o Governo precisa começar a pensar de maneira diferente, porque as grandes cidades enfrentam grandes problemas. Dentre eles podemos citar os três maiores: a segurança, a moradia e a infra-estrutura. Esses problemas são decorrentes do êxodo rural.

Como diz o Senador José Roberto Arruda, existem pouco mais de vinte cidades-satélites em Brasília. É por isso que precisamos de uma formação eclética.

Continuo, Sr. Presidente, a leitura do que aqui anotei. Faço essas conjurações para reafirmar o grave erro que seria a adoção de quaisquer medidas nesse sentido à vazão do Banco do Brasil.

Creio mesmo que, ao contrário de cortar pessoal e fechar agências rotuladas de "cronicamente deficitárias" ou "sem viabilidade econômica", os esforços do Governo deveriam se fazer sentir na direção oposta, como, por exemplo, estimular a ida de funcionários, como disse, para as agências rurais, pequenas comunidades, inclusive através de bonificação, e cuidar da vida econômica dos municípios - especialmente os pequenos - tal qual um competente clínico geral cuida da saúde de seus pacientes. De quebra o Governo resolveria o crucial problema do êxodo rural.

Sr. Presidente, Srªs e Srs Senadores, por todas as razões expostas, e coerente com os motivos que originaram a sua implantação, a sociedade brasileira quer que o Banco do Brasil não seja apenas simplesmente mais um banco, mas que corresponda efetivamente ao que denominamos de "banco do povo do Brasil".

Acredito que este seja o caminho mais adequado, Sr. Presidente: incentivar, instruir, passar uma nova orientação para que os próprios funcionários, numa formação até eclética, tirem seus calçados diferentes e calcem botas, se preciso. Vamos para o meio da roça, como dizia ainda há poucos dias o Senador Iris Rezende por rede de televisão. Antigamente, as roças andavam lotadas, habitadas; hoje, estão vazias, virando taperas. Então, se usarmos o Banco do Brasil como instituição de uma formação eclética para ajudar a desenvolver, a buscar as saídas, a sofrer as dores, sentir essas mesmas alegrias do homem que vive nas pequenas comunidades, estaremos ajudando o desenvolvimento do País e ajudando a solucionar os grandes problemas das metróples, como a segurança, a habitação e o saneamento básico. Assim, estaremos colaborando, Sr. Presidente, com uma saída para o País inteiro como um todo.

Eram essas as considerações que queria trazer na tarde de hoje a este Plenário.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DCN2 de 09/05/1995 - Página 7817