Discurso no Senado Federal

FAVORAVEL A PROPOSTA DE CRIAÇÃO DO CONSELHO NACIONAL DA JUVENTUDE.

Autor
Valmir Campelo (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/DF)
Nome completo: Antônio Valmir Campelo Bezerra
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA SOCIAL.:
  • FAVORAVEL A PROPOSTA DE CRIAÇÃO DO CONSELHO NACIONAL DA JUVENTUDE.
Publicação
Publicação no DCN2 de 20/05/1995 - Página 8553
Assunto
Outros > POLITICA SOCIAL.
Indexação
  • COMENTARIO, ENCAMINHAMENTO, PRESIDENTE, SENADO, CAMARA DOS DEPUTADOS, LIDERANÇA, PARTIDO POLITICO, CONGRESSO NACIONAL, ENDEREÇAMENTO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, PROPOSTA, AUTORIA, MARCELO FONSECA SENISE, LIDER, MOVIMENTO ESTUDANTIL, ATUAÇÃO, BRASIL, EXTERIOR, SOLICITAÇÃO, CRIAÇÃO, CONSELHO NACIONAL, JUVENTUDE, CUMPRIMENTO, RECOMENDAÇÃO, CONFERENCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO (ECO-92).
  • APOIO, PROPOSTA, CRIAÇÃO, CONSELHO NACIONAL, JUVENTUDE, VINCULAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, OPORTUNIDADE, EXERCICIO, LIDERANÇA, MELHORIA, FUTURO, PAIS.

O SR. VALMIR CAMPELO (PTB-DF. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, recentemente, os Srs. Presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados, e Líderes partidários das duas Casas remeteram ao Senhor Presidente da República correspondência encaminhando proposta do Sr. Marcelo Fonseca Senise, líder de movimentos jovens que atuam no Brasil e no exterior, postulando a criação do Conselho Nacional da Juventude, como órgão auxiliar de assessoramento e consultoria da Presidência da República.

Essa proposta, Srs. Senadores, é bem condizente com os preceitos e recomendações contidas no Capítulo 25 da Agenda 21 da ECO-92 - Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro no ano de 1992, da qual o Brasil é signatário, e que tive a honra de ser o Vice-Presidente da Comissão aqui no Senado Federal.

Esse Capítulo, no item 25.4, estabelece:

      "Cada país deve criar, junto à sua comunidade jovem, mecanismos que promovam o diálogo, em todos os níveis, entre essa comunidade e o Governo e estabelecer canais de acesso à informação que permitam à juventude colocar os seus pontos de vistas nas decisões governamentais e na implementação da Agenda 21."

Pode até parecer descabido e extemporâneo fazer uma proposta desse quilate num mundo em que a juventude é vista mais pelo seu lado descompromissado com coisas sérias, débil no comportamento e frágil nas decisões. Se, por um lado, à semelhança do que fez o Cardeal Primaz do Brasil, Dom Lucas Moreira Neves, em artigo publicado no Jornal do Brasil, em 3 de maio último, encararmos essa mesma juventude pelo seu lado bom, a veremos dotada de uma grande fortaleza: forte, porque no Terceiro Mundo constitui a porção preponderante da população; forte, porque dotada de energia psíquica e capacidade de fazer ouvir a sua voz; e, finalmente, forte, pelo impacto de suas reivindicações.

A essa tríplice fortaleza eu acrescento uma outra característica muito importante que vem corroborar o escopo principal deste pronunciamento: na juventude de hoje estão latentes as lideranças futuras do nosso País, as quais, num tempo não muito distante, terão por responsabilidade traçar os destinos da nossa Pátria.

Assim sendo, nada mais justo e oportuno do que começar desde já a ouvir o que os jovens têm a dizer àqueles que nesse momento têm sobre seus ombros tal responsabilidade. Não se pode prescindir da sua capacidade imaginativa e muito menos da grande facilidade que têm para encontrar soluções fáceis e engenhosas para problemas às vezes intrincados. Não se pode deixar de ouvi-los simplesmente porque em alguns momentos possam demonstrar atitudes classificadas por nós de imaturas. Podem ser imaturas, mas normalmente não são nem insensatas, nem absurdas. Por outro lado, é de se levar em conta que, do seio dessa juventude, só sairão bons líderes se forem dadas aos jovens condições e oportunidades de exercerem e exercitarem essa liderança.

Uma realidade bem palpável nós podemos sentir em nosso País: está ele carente de uma liderança carismática e realmente empreendedora, capaz de tirá-lo da crise em que se encontra, porque no tempo em que os adultos de hoje deveríamos estar exercitando a liderança nas universidades e nos movimentos estudantis, estávamos reclusos nas faculdades, sufocados sob os grilhões do AI-5.

Por isso, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, se queremos um futuro melhor para o nosso País, não podemos ter medo de ouvir o jovem, não podemos ter receio de deixá-lo ousar, pois, mesmo que não acerte, para ele é muito mais fácil corrigir o seu erro e tentar uma nova solução.

A ECO-92, ao fazer tais recomendações, tinha em mente promover o desenvolvimento auto-sustentável, proporcionado às novas gerações e às vindouras condições de gozarem um futuro certo e saudável. Se o futuro é das crianças e dos jovens, por que haveremos de ser somente nós a indicar como ele será?

Em razão disso, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, vejo com muito bons olhos a proposta de criação de um Conselho Nacional da Juventude, vinculado à Presidência da República, pois tenho certeza de que, com isso, estar-se-á delineando um futuro bem melhor para as gerações que haverão de vir depois de nós.

Nesta oportunidade, faço o meu veemente apelo ao Senhor Presidente da República para que dê seqüência a essa proposta, pois estou convencido de que com esse Conselho o nosso País poderá proporcionar um futuro melhor para o seu povo, preservando aquele viço de juventude que mais de quatro séculos e meio de História não foram capazes de apagar.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DCN2 de 20/05/1995 - Página 8553