Discurso no Senado Federal

VISITA DO PRESIDENTE DA REPUBLICA A CAMPINA GRANDE, NO ESTADO DA PARAIBA.

Autor
Ronaldo Cunha Lima (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PB)
Nome completo: Ronaldo José da Cunha Lima
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO.:
  • VISITA DO PRESIDENTE DA REPUBLICA A CAMPINA GRANDE, NO ESTADO DA PARAIBA.
Aparteantes
Bernardo Cabral, José Roberto Arruda, Pedro Simon, Romeu Tuma.
Publicação
Publicação no DCN2 de 20/05/1995 - Página 8547
Assunto
Outros > PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO.
Indexação
  • MANIFESTAÇÃO, FRUSTRAÇÃO, ORADOR, IMPOSSIBILIDADE, RECEPÇÃO, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, VISITA OFICIAL, MUNICIPIO, CAMPINA GRANDE (PB), ESTADO DA PARAIBA (PB).
  • COMENTARIO, NOTICIARIO, MEIOS DE COMUNICAÇÃO, DIVULGAÇÃO, DADOS, NATUREZA ORÇAMENTARIA, PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB), REGIÃO NORDESTE, FUNDAMENTAÇÃO, PRONUNCIAMENTO, ORADOR.

O SR. RONALDO CUNHA LIMA (PMDB-PB. Como Líder, pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, não posso esconder e nem mesmo disfarçar a emoção que poderia experimentar hoje e vivê-la na sua intensidade, se, neste momento, pudesse estar no meu Estado, mais precisamente na minha Cidade, na minha querida Campina Grande.

Há quatro ou cinco dias, Srs. Senadores, aparteei o discurso que proferia o Senador Joel de Hollanda, quando abordava temas ligados ao Nordeste e falava a respeito de questões que estão sendo renovadas e repetidas constantemente, nesta tribuna, em favor daquela Região. Dizia que aproveitava aquela oportunidade para me solidarizar com as idéias e proposições do Senador, até porque aproveitava o instante da visita, anunciada pela imprensa, do Presidente da República ao meu Estado e, mais precisamente, à minha Cidade.

A Paraíba sabe e conhece a vinculação que temos, eu e Campina Grande. Um jornalista disse, certa vez, que ali não era uma cidade, era uma cumplicidade. A cidade que me acolheu desde criança; a cidade que me fez seu Vereador, muito jovem, o mais votado da sua história; a cidade que me elegeu Deputado Estadual e repetiu essa votação também com a maior votação do Estado; a cidade que me escolheu Prefeito em 68 e que, confesso, me manifestou publicamente comovente solidariedade quando, 43 dias depois, tive o mandato cassado pelo regime militar de 64, naquele período em que éramos Deputado juntamente com o Deputado Estadual pelo Rio Grande do Sul Pedro Simon e participávamos da luta pelo restabelecimento das liberdades democráticas; a cidade que mais tarde de novo me convocou para ser seu Prefeito; a cidade que me deu, quando candidato a governador, 86% dos seus votos, e que repetiu agora, no último pleito senatorial, a mesma votação que me dera para Governador; a cidade que elegeu meu filho também prefeito e que lhe outorgou, agora, a mais bela votação obtida dentre os candidatos a Deputado Federal, 176 mil votos.

Pois bem, Srªs e Srs. Senadores, anuncia-se a ida do Presidente da República ao meu Estado, e mais precisamente à minha cidade, essa cidade que um amigo de saudosa memória dizia que conheço as casas, as almas e os caminhos. E eu queria dar uma demonstração de afeto e de carinho a essa cidade. Eu disse, certa vez, que a uma cidade que me dá tudo não posso negar nada, tantas as vitórias obtidas, repetidamente obtidas. Sinto, e não posso esconder, não posso disfarçar a frustração de hoje: não poder oferecer ao Senhor Presidente da República, na minha cidade, a homenagem que merece, uma recepção à sua altura.

Eu desejava, juntamente com os meus colegas de Bancada, com os Senadores Humberto Lucena e Ney Suassuna, e com todos os Deputados Federais, não apenas do PMDB da Paraíba mas de todos os Partidos, participar da programação da Presidência; do que o Senhor Presidente iria ali apresentar, do que iria discutir, principalmente porque Sua Excelência anunciava, pela imprensa, que iria atender a um apelo da Bancada da Paraíba, o de lançar um programa de recuperação da cultura do algodão, e anunciava o início das obras do Canal de Sousa, ligando Mãe-D´Água a Coremas, que fora reivindicação ainda à época em que eu era Governador e o atual Presidente da República era Ministro, e por S. Exª prontamente atendida.

Eu queria, publicamente, dizer do meu agradecimento, do agradecimento da cidade natal do Governador Mariz - que se encontra hospitalizado em São Paulo. E tenho certeza de que o Governador Mariz e o Governador em exercício, Deputado José Maranhão, se sentem agradecidos, felizes por esse gesto do Presidente da República. Eu desejava, publicamente, fazer esse agradecimento, mas também desejava que Sua Excelência pudesse ouvir as manifestações dos deputados, dos prefeitos, das associações, dos vereadores, dos industriais e comerciantes da minha cidade, no elenco selecionado dos pleitos a serem formulados a Sua Excelência.

O Senhor Presidente da República, confesso, registro, foi gentil, foi atencioso ao me convocar ontem, ao meio-dia, para integrar a sua comitiva.

O Sr. José Roberto Arruda - Permite-me V. Exª um aparte?

O SR. RONALDO CUNHA LIMA - Com muita alegria, Senador.

O Sr. José Roberto Arruda - Eu queria fazer aqui um protesto. Esse discurso de V. Exª está tão carregado de emoção que devia, no estilo de V. Exª, ser feito em versos. Em segundo lugar, quero registrar que um poeta nordestino de boa cepa, como V. Exª, tem um verso de que gosto muito, que diz que a pressa, quando é muita, aniquila o verso. Eu tenho a sensação de que a assessoria da Presidência da República, imbuída dos melhores propósitos, ao levar o Presidente à região que V. Exª representa nesta Casa, deve ter imaginado que o nome de V. Exª está tão intrinsecamente ligado a Campina Grande que, naturalmente, a idéia da presença do Presidente naquela agradável cidade já contava, antes de mais nada, com a parceria e com a cumplicidade de V. Exª. Mas houve uma falha e temos de aceitar isso. O Presidente da República, ao ter o gesto de pessoalmente falar com V. Exª, reconheceu essa falha. Mas dos erros há que se tirar os bons caldos. E V. Exª, neste momento, num momento até de dor, presta um grande serviço ao Governo Federal e ao Congresso Nacional, porque tenho a impressão de que nunca mais uma viagem presidencial será planejada sem que o Parlamentar daquela região participe desse planejamento de antemão. V. Exª, neste momento de dor, presta um grande serviço à classe política brasileira. Em segundo lugar, a ausência de V. Exª em Campina Grande é, de alguma forma, compensada por um discurso cheio de emoção, vindo de dentro, em que as palavras fluem livremente, porque, na verdade, não é V. Exª que vem de Campina Grande, é Campina Grande que está aqui, no plenário do Senado Federal. Campina Grande, portanto, hoje, além de receber o Presidente da República na sua praça principal, também está presente na Capital do País, está presente no plenário do Senado Federal, lembrando, talvez, a todo o País que é preciso, acima de qualquer outra circunstância de uma viagem presidencial, que todos nós, que pensamos em um projeto de Brasil, tenhamos a coragem de dar mais importância a um modelo de desenvolvimento que privilegie as regiões mais pobres do Brasil. Queira receber, como companheiro de Senado, a nossa solidariedade, o nosso abraço forte por este momento que V. Exª vive.

O SR. RONALDO CUNHA LIMA - Muito obrigado, Senador José Roberto Arruda.

Na verdade, a emoção é aguçada pela sua própria emoção. V. Exª, com essa sensibilidade de escritor, de cronista e de poeta transmite, diretamente à alma de quem também assim entende e vê a vida, essa mesma visão. Agradeço essa manifestação de V. Exª. Em verdade, registro o gesto do Presidente da República, de muita elegância, de muita cortesia, reconhecendo, inclusive, que a sua assessoria havia - permitam-me o termo -, falhado em não ter convocado, não a mim, mas a todos os integrantes da Bancada da Paraíba, já que até então não se formulara convite a qualquer Deputado ou a qualquer Senador do meu Estado para a visita presidencial.

Até porque eu dizia, no discurso anterior que fiz a respeito do Nordeste - inclusive me referindo a pronunciamento que fizera na SUDENE, quando Governador -, que me revestia de esperança, de otimismo, de crença de que as vozes que haverão de ecoar aqui não serão gritos, porque o grito é a voz do desespero e a minha voz ainda é de esperança, e eu cantava a esperança aqui, como faço constantemente, no sentido de que o Presidente da República se identifica com as nossas angústias.

E a imprensa, hoje, divulga alguns dados do Nordeste que o Presidente iria anunciar, baseados exatamente no pronunciamento que eu fizera há dois dias a respeito do comportamento do Nordeste em relação ao PIB, ao seu crescimento na década de 70, mesmo a despeito da redução brutal das renúncias fiscais, dos benefícios que foram destinados ao Nordeste, de apenas 9,6% em relação ao total nacional.

Eu dizia que há um canto de esperança e que a minha voz não seria grito, até porque, Senador José Roberto Arruda, V. Exª sugere que ao calor e ao embalo da emoção, eu fizesse versos.

Eu me lembro e me permito citar, mais uma vez, o meu querido companheiro Pedro Simon, meu companheiro da época do MDB, quando eu fui cassado, que, há poucos dias, me aconselhava a que, em uma oportunidade que se sucedesse à minha estréia na tribuna, eu aproveitasse para fazer versos. E agora V. Exª lembra isso.

Como eu dizia ontem e repito hoje, a minha voz ainda é de esperança, eu não quero grito, porque o grito é a voz do desespero. Pois,:

Quando o grito de dor do nordestino

Unir-se à voz geral do desencanto,

Esse eco de repente faz um canto,

E o canto de repente faz um hino

E puro como um sonho de menino

Será cantado aqui, em qualquer canto,

Porque é símbolo, estandarte e será manto

De um povo que busca o seu destino.

E quando este hino pleno de ideal,

Canção do povo em marcha triunfal,

For lançado ao sabor do seu destino,

Aí se saberá, sem ter espanto,

Que um eco de repente faz um canto,

E um canto de repente faz um hino. (Muito bem!)

O Sr. Bernardo Cabral - V. Exª me concede um aparte?

O SR. RONALDO CUNHA LIMA - Ouço-o com prazer, Senador Bernardo Cabral.

O Sr. Bernardo Cabral - Nobre Senador Ronaldo Cunha Lima, eu tive o privilégio de conviver com V. Exª, já lá se vão mais de 20 anos. E por conheçê-lo, quero deixar registrado nos Anais desta Casa o talento do qual V. Exª é portador. Eu até diria que V. Exª é um perdulário desse talento. Recordo-me, ambos cassados, da vida díficil no Rio de Janeiro; V. Exª egresso da sua Paraíba, pequenina, mas maior do que ela só Deus - para lembrar Alcides Carneiro -; e eu, vindo lá do meu Estado, tangidos ambos pelo vendaval das cassações e da suspensão dos nossos direitos políticos por dez anos. A coincidência foi que nos encontramos no Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, ambos sem mandato parlamentar, mas com mandato da nossa classe de advogados. E de uma hora para outra, eu me despeço da 3ª Câmara e, num improviso assim, sem mais nem menos, deixo os meus companheiros, entre os quais V. Exª, emocionado, e, ao fim dessa manifestação, V. Exª vira-se para mim e diz: "Mas eu já conhecia esse discurso", e o repete de ponta a ponta, o que me deixou completamente ensimesmado, absorto, escandalizado pela memória de V. Exª. Veja, portanto, Senador Ronaldo Cunha Lima, como a vida é boa para mim. Passado o tempo, estou no Senado Federal, tendo o privilégio do convívio desse talento. E se V. Exª tivesse feito a viagem, que não fez por um lapso de um assessor qualquer, - e sempre o segundo escalão deixa mal quem está no topo -, os que estivessem no bojo desse avião iriam ver o que é uma viagem ao seu lado. Mas se por um esquecimento V. Exª ali não se encontra, esta Casa está sendo privilegiada por um discurso de sexta-feira, quando não há número para votação da pauta, mas quando a qualidade é enorme para ouvir, como eu chamo, este perdulário de talento.

O SR. RONALDO CUNHA LIMA - Muito obrigado, Senador Bernardo Cabral. É gratificante ouvi-lo, e suas palavras me comovem profundamente. V. Exª lembra episódios da época da nossa convivência no Rio de Janeiro, mais precisamente quando éramos do Conselho Federal, do qual V. Exª foi Presidente. Aqueles exercícios mnemônicos eram mais para presentear meu próprio espírito, pois nunca me reservei o direito de gravar, de decorar a não ser as coisas bonitas. Foi por isso que lhe prestei aquela homenagem quando repeti o discurso que V. Exª fez.

O Sr. Pedro Simon - Permite V. Exª um aparte?

O SR. RONALDO CUNHA LIMA - Ouço-o com muita alegria.

O Sr. Pedro Simon - É com muito carinho que vejo V. Exª na tribuna. Além do grande orador, começa a aparecer o grande poeta - ainda falta, mas virá, o grande repentista. Sou descendente de árabes, e nós árabes temos uma palavra - maktub - para dizer "estava escrito". Estava escrito que V. Exª não devia estar em Campina Grande hoje. O destino reservou um papel mais importante para V. Exª. Campina Grande, hoje, deveria estar em festa, porque recebe o Presidente da República, mas V. Exª deveria estar aqui para que, no Congresso Nacional, Campina Grande também tivesse a sua projeção e o seu nome. Nem sempre o destino nos reserva ficar no lado do acontecimento mais pomposo, das luzes e das festas, geralmente onde está o Presidente. V. Exª não está lá nas luzes e na festa, mas está aqui prestando um serviço importante, porque Campina Grande, como V. Exª, brilha neste momento. Concordo plenamente com o Senador José Roberto Arruda. O que aconteceu com V. Exª foi importante. V. Exª faz um pronunciamento de mágoa, claro, mas não de ressentimento, de vindita. É o sentimento de quem diz, do fundo do coração, que gostaria de estar lá batendo palmas para o Presidente, porque está satisfeito com ele, porque é de Campina Grande e o povo é capaz de questionar: "Se o meu Senador não está aqui é porque não gosta do Presidente". E V. Exª gostaria de estar lá para dizer que gosta do Presidente, gostaria de estar lá para abraçá-lo, para que não houvesse interpretações. E V. Exª terá que explicar por que não estava lá. O que aconteceu, tenho certeza, não se repetirá, porque dificilmente a assessoria do Presidente da República poderia cometer novamente um equívoco tão grande como esse. V. Exª, filho de Campina Grande, ex-governador, ex-prefeito duas vezes, seu filho prefeito da cidade, integra a paixão do povo de Campina Grande. E sei como são vaidosos, para vocês o importante é Campina Grande e não João Pessoa - João Pessoa é a capital, mas Campina Grande é a grande cidade. Estive na terra de V. Exª quando jovem estudante, e ali realizamos o primeiro congresso dos Estudantes Universitários Católicos do Brasil e fundamos a associação. Tive oportunidade de conhecer, já naquela época, o povo de Campina Grande, que tinha orgulho de uma grande cidade progressista e desenvolvida. Saúdo Campina Grande na pessoa de V. Exª e sinto falta aqui, porque eleito Governador, e a falta no Governo, porque está doente, do nosso querido amigo, Senador Antonio Mariz. O que aconteceu com V. Exª é uma demonstração de que, afinal de contas, não é o PFL que manda no Governo. O PFL não manda no Governo, porque, se o PFL coordenasse as viagens, isso não teria acontecido, uma vez que o PFL tem longa experiência disso. Agora, o PSDB não tem nenhuma experiência nisso. O coordenador de viagens deve ser alguém do PSDB, que não tem experiência, não tem tradição, não tem história, nunca fez isso. E como nunca fez isso, como não entende disso, deu no que deu. Estão fazendo injustiça quando dizem que o PFL manda em tudo no Governo de Fernando Henrique Cardoso. Se o PFL mandasse no setor de viagens, esse equívoco bobo não teria acontecido. Se Marco Maciel pudesse dar um pingo de orientação, ele diria: "Vem cá, e o Governador, e o Senador, onde estão? Por que esses nomes não estão aqui?" Mas a assessoria do PSDB não tem experiência, e não se pode culpá-la, porque é a primeira vez que o PSDB é Governo. Por isso, tem razão o Senador José Roberto Arruda. Aprendeu, e nada melhor para aprender do que isso. Foi um remédio duro, amargo, e eles vão aprender. Aproveito para dar um conselho ao PSDB: é melhor aprender errando e acertando depois, do que querer pegar alguém que está acostumado a acertar, mas são 30 anos que acertam no varejo. Que bom se o Fernando Henrique Cardoso erra no varejo - como errou agora - mas procura acertar no atacado, como nós queremos. V. Exª teve um gesto de grandeza. Nota 10 para o Presidente Fernando Henrique Cardoso, que telefonou a V. Exª. Todos nós sabemos que o Presidente não teve nenhuma culpa. Pelo amor de Deus, não podemos imaginar que o Presidente da República tenha de saber quem participará de suas viagens; ainda mais por se tratar de uma viagem heterogênea; a comitiva não iria apenas para Campina Grande - seguiria para Recife, Campina Grande e, em seguida, Natal. Quando V. Exª, com grandeza, reclamou pelos jornais, o Presidente teve o gesto de ligar para V. Exª e pedir desculpas, dizendo que o erro era da assessoria. É! Agora, quero defender a assessoria. Perdoe-me a sinceridade, mas quero defender a assessoria: não foi má-fé, foi absoluta inexperiência. Trata-se daquilo em que o PFL é profissional há 30 anos, e o PSDB está começando.

O Sr. Romeu Tuma - Permite-me V. Exª um aparte, nobre Senador Ronaldo Cunha Lima?

O SR. RONALDO CUNHA LIMA - Com prazer, Senador Romeu Tuma.

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Dutra) (Fazendo soar a campainha) - O Senador José Eduardo Dutra gostaria muito que V. Exª tivesse mais tempo, mas, infelizmente, o Presidente da sessão precisa informar a V. Exª que seu tempo está encerrado.

Solicitaria que V. Exª concluísse seu pronunciamento, já que existem quatro inscritos, e que, por favor, não concedesse mais apartes.

O SR. RONALDO CUNHA LIMA -

Gostaria de dizer,

Se a rima me ajuda,

A José Roberto Arruda,

Que me traz muita alegria,

Que no verso de improviso,

Arrancar do meu juízo

Tudo aquilo que preciso

Prá fazer a poesia

Dizer do contentamento.

Sem qualquer ressentimento,

Confesso a essa gente,

Se fosse com o Presidente

E cumprisse a minha sina,

Não teria esta alegria

Nem faria poesia,

Se hoje eu fosse a Campina. (Palmas)

O Sr. Romeu Tuma - V. Exª me permite um aparte?

O SR. RONALDO CUNHA LIMA - Pois não. Ouço o aparte de V. Exª, nobre Senador Romeu Tuma.

O Sr. Romeu Tuma - Nobre Senador, pedi o aparte apenas para me manifestar diante do que V. Exª acaba de dizer. Foi um castigo ao Presidente privar-se desta elegância que V. Exª demonstra nesta tribuna, dando-nos, hoje, numa sexta-feira, uma alegria tão intensa. Com isso, nós voltaremos ao nosso Estado contentes e certos de que esse castigo pelo que o Presidente paga traduz-se em, praticamente, uma ressurreição para esta Casa pela elegância dos versos de V. Exª. Se me permitisse plagiar o Senador Pedro Simon - e não repetirei aqui os versos com que V. Exª requereu a devolução do violão -, pediria que V. Exª perdoasse essa assessoria e a absolvesse do erro que cometeu.

O SR. RONALDO CUNHA LIMA - Muito obrigado a V. Exª, nobre Senador.

Vou encerrar, Sr. Presidente, porque, na verdade, o meu fado é fazer versos.

      É meu falar ordinário

      Assim sendo perco a calma

      E deixo farrapos da alma

      Perdidos neste Plenário.

      Queria, neste momento,

      Dizer do meu agradecimento

      alegre e emocionado,

      Dizer da minha alegria

      Na mensagem de poesia

      A todos muito obrigado.

      Que daqui agora eu mande

      Um abraço a Campina Grande

      E um beijo pra à aquela gente

      E dizendo de coração

      Eu peço toda atenção

      para o nosso Presidente!

(Muito bem! Palmas. O orador é cumprimentado.)


Este texto não substitui o publicado no DCN2 de 20/05/1995 - Página 8547