Discurso no Senado Federal

MANIFESTANDO POSIÇÃO CONTRARIA A CRIAÇÃO DO IMPOSTO QUE IRA FINANCIAR A SAUDE E A AGRICULTURA NO PAIS.

Autor
Ademir Andrade (PSB - Partido Socialista Brasileiro/PA)
Nome completo: Ademir Galvão Andrade
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
TRIBUTOS.:
  • MANIFESTANDO POSIÇÃO CONTRARIA A CRIAÇÃO DO IMPOSTO QUE IRA FINANCIAR A SAUDE E A AGRICULTURA NO PAIS.
Publicação
Publicação no DCN2 de 10/05/1995 - Página 7977
Assunto
Outros > TRIBUTOS.
Indexação
  • MANIFESTAÇÃO, ORADOR, QUALIDADE, LIDER, PARTIDO POLITICO, PARTIDO SOCIALISTA BRASILEIRO (PSB), OPOSIÇÃO, VONTADE, GOVERNO FEDERAL, CRIAÇÃO, IMPOSTO PROVISORIO SOBRE MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA (IPMF), MANUTENÇÃO, FINANCIAMENTO, AGRICULTURA, SAUDE, MOTIVO, UTILIZAÇÃO, GOVERNO, PARTE, ARRECADAÇÃO, PAGAMENTO, SERVIÇO DA DIVIDA, BANCOS, BANQUEIRO, BRASIL.

O SR. ADEMIR ANDRADE (PSB-PA. Como Líder, pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Senadores, eu gostaria de manifestar, em nome da Liderança do PSB, a nossa posição contrária ao que a mídia expõe quase como fato consumado.

O Governo Federal aperta todos os setores, mas há dois que estão realmente passando por uma extrema dificuldade: a Agricultura e a Saúde Pública. É evidente que também o setor de Transportes passa por mais dificuldades, e o Governo nega dinheiro para qualquer necessidade.

Recentemente, lançou-se uma campanha em que o Ministro da Saúde Adib Jatene e agora também o Ministro da Agricultura Andrade Vieira defendem a idéia de que volte a existir no Brasil o Imposto sobre Movimentação Financeira, o imposto sobre o cheque.

É evidente que fica muito fácil para o Ministro da Agricultura, dono de um dos maiores bancos privados deste País, acatar e defender uma proposta dessa espécie, colocando mais uma vez ou pretendendo colocar nas costas do cidadão brasileiro a responsabilidade pelos custos do financiamento agrícola e pelo atendimento ao setor de saúde.

É lamentável que o Ministro José Eduardo Andrade Vieira não questione o que os banqueiros nacionais estão recebendo dos impostos arrecadados do povo. Só este ano, o Governo Federal está pagando, de juros reais, R$26 bilhões aos banqueiros nacionais.

Desejamos ouvir a explicação do Ministro José Serra a esse respeito no plenário do Senado, na próxima quinta-feira, dia 11.

Sr. Presidente, Srs. Senadores, por que não se questiona o serviço dessa dívida? Por que todos falam claramente que 20% de tudo o que está sendo arrecadado neste País está indo para as mãos dos banqueiros nacionais?

Em 1995, o Governo brasileiro toma dos banqueiros R$181 bilhões e paga, ao mesmo tempo, R$180 bilhões, restando desse processo, que se dá em operações mensais, um aumento da dívida interna de R$26 bilhões, que correspondem aos juros que estamos recolhendo a esses banqueiros.

Portanto, o Partido Socialista Brasileiro entende que o Governo Federal deveria se preocupar, de imediato, com a reforma tributária, com a reforma fiscal. Deveria preocupar-se em buscar uma posição frente aos serviços das dívidas interna e externa, e não apertar e garrotear todos os setores desse Governo, que precisam de aplicação para o atendimento das necessidades da população, fazendo com que os responsáveis por esses setores recorram, mais uma vez, a um novo tipo de imposto, que é a retomada do IPMF, para sustentar a saúde e o financiamento da agricultura no nosso País.

Daqui a pouco, o Ministro dos Transportes vai pedir um novo IPMF, e todos os setores desfalcados e necessitados deste País solicitarão que se crie um novo imposto para sustentar as suas necessidades de aplicação de recursos públicos.

Nós, do Partido Socialista Brasileiro, no Senado e na Câmara Federal, já manifestamos, de antemão, a nossa posição contrária.

O Presidente Fernando Henrique está fazendo o seguinte: não dá o dinheiro, mas, ao mesmo tempo, não assume a paternidade da lei, dizendo que se o Congresso fizer, será muito bem-vinda.

É evidente que são de seu interesse atitudes desse tipo, que nós condenamos. Creio que o Congresso Nacional não permitirá a recriação desse imposto, mesmo sendo ele desejado por uma figura da capacidade, da coerência e do trabalho prestigiado de Adib Jatene, Ministro da Saúde.

Tenho certeza de que o Congresso Nacional não aceitará mais esse imposto. Devemos nos unir para analisarmos detalhadamente esse Orçamento, buscando verificar os pecados que estão sendo cometidos com o dinheiro da população ao ser paga essa enorme dívida interna brasileira, que, inclusive, é usada como instrumento no sentido de segurar o consumo. O Banco Central está tomando dinheiro dos banqueiros a um preço altíssimo, e os banqueiros, por sua vez, tomando o dinheiro da classe média alta deste País através de aplicações de CDBs, poupanças e outros títulos mais.

Daí por que esperamos que o Governo se convença de que o Ministro Adib Jatene e o Ministro José Eduardo Andrade Vieira - banqueiro, colocado confortavelmente na situação em que se encontra - saibam, de antemão, que o Congresso Nacional, creio eu, não aceitará a criação desse novo imposto para o atendimento dessas necessidades.

Vamos reverter essa situação, buscando combater os imensos lucros que os banqueiros estão tendo por intermédio dos juros altíssimos pagos por essa dívida interna contraída.

Essa a nossa manifestação.


Este texto não substitui o publicado no DCN2 de 10/05/1995 - Página 7977