Pronunciamento de Epitácio Cafeteira em 26/05/1995
Discurso no Senado Federal
RESTRIÇÕES A CONTRATAÇÃO DO JOGADOR ARGENTINO MARADONA, EM VIRTUDE DO RISCO DE SE FAZER PROPAGANDA DO USO DE COCAINA.
- Autor
- Epitácio Cafeteira (PPR - Partido Progressista Reformador/MA)
- Nome completo: Epitácio Cafeteira Afonso Pereira
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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ESPORTE.:
- RESTRIÇÕES A CONTRATAÇÃO DO JOGADOR ARGENTINO MARADONA, EM VIRTUDE DO RISCO DE SE FAZER PROPAGANDA DO USO DE COCAINA.
- Publicação
- Publicação no DCN2 de 27/05/1995 - Página 8882
- Assunto
- Outros > ESPORTE.
- Indexação
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- CRITICA, EDSON ARANTES DO NASCIMENTO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO EXTRAORDINARIO, ESPORTE, CONTRATAÇÃO, DIEGO ARMANDO MARADONA, ATLETA PROFISSIONAL, FUTEBOL, USUARIO, COCAINA, PREJUIZO, JUVENTUDE, PAIS.
O SR. EPITACIO CAFETEIRA (PPR-MA. Como Líder. Sem revisão do orador) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, há poucos dias usei a tribuna para falar sobre a chegada de Maradona ao Brasil, num contrato milionário para a Telemarketing Sport utilizar o cidadão como propaganda. E eu me perguntava se era propaganda do jogador ou propaganda da cocaína. Afinal de contas estamos no MERCOSUL, mas o MERCOSUL, a meu ver, é para mercadorias sérias, não para entorpecentes e nem para intercâmbio de usuários de droga.
Não sou puritano. As nossas crianças, entretanto, precisam saber o que deve ser cultuado: se é cheirar a droga ou se é respeitar a legislação e se portar como pessoas sérias.
Na ocasião, eu não fazia nenhuma crítica ao cidadão Edson Arantes do Nascimento. O que eu dizia é que, hoje, o cidadão Edson Arantes do Nascimento é Ministro de um Governo que se pretende sério.
O Governo está apoiado pelo PFL e por outros Partidos. Como o meu Partido está hoje apoiando o Governo, sinto-me na obrigação de zelar pelo nome desse Governo.
A parte lucrativa de um homem de marketing é diferente da de um Ministro que tem de, apesar de não obter lucro, respeitar o Governo.
O Jornal de Brasília de hoje registra palavras do Ministro dos Esportes, quando da assinatura de convênio para patrocínio dos nossos atletas do esporte amador, dizendo:
"...o Ministro aproveitou a oportunidade para rebater a crítica de parlamentares contrários à vinda de Maradona ao Brasil."
"Você tem que ver o lado humano de qualquer pessoa. Todos nós erramos e devemos ter uma segunda chance."
Ora, Sr. Presidente, o Sr. Maradona saiu da Itália pelo uso de drogas. Teve uma segunda chance. Drogou-se na Argentina; na Argentina atirou em jornalistas, fato este registrado na televisão. Foi jogar a Copa do Mundo e drogou-se. Então a segunda chance, ele já teve. O Ministro parece que quer dar uma terceira chance ao jogador argentino.
O mesmo Ministro na IstoÉ, do dia 24 de maio, nº 1338, referindo-se ao Sr. Maradona diz: "Maradona é um drogado."
Quem diz é o Ministro, não sou eu. A população toda está assistindo a isso estarrecida. Dá dinheiro importar Maradona? Dá. Por isso o Ministro quer importá-lo.
Pode, no meu entender, importar quantos drogados quiser, pode patrocinar quantos "Escadinhas" existirem, mas não enquanto Ministro deste Governo.
É preciso haver respeito pelo Governo e pelos nossos jovens. Ele não pode, ao mesmo tempo em que assina convênios para ajudar o nosso esporte amador, tratar da vinda de drogados, como ele mesmo reconhece.
Mas, Sr. Presidente, eu não quero manter polêmicas. O que quero é alertar o Governo - o Governo, e não o Ministro dos Esportes - para o fato de o mesmo poder estar servindo de trampolim para grandes negócios que vão enriquecer, mais ainda, este homem que já está rico. Ele não pode fazê-lo à custa dos nossos jovens, dando esse exemplo às crianças do Brasil.
Era o que eu tinha a dizer.
Obrigado, Sr. Presidente.