Discurso no Senado Federal

RESTRIÇÕES A CONTRATAÇÃO DO JOGADOR ARGENTINO MARADONA, EM VIRTUDE DO RISCO DE SE FAZER PROPAGANDA DO USO DE COCAINA.

Autor
Epitácio Cafeteira (PPR - Partido Progressista Reformador/MA)
Nome completo: Epitácio Cafeteira Afonso Pereira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ESPORTE.:
  • RESTRIÇÕES A CONTRATAÇÃO DO JOGADOR ARGENTINO MARADONA, EM VIRTUDE DO RISCO DE SE FAZER PROPAGANDA DO USO DE COCAINA.
Publicação
Publicação no DCN2 de 27/05/1995 - Página 8882
Assunto
Outros > ESPORTE.
Indexação
  • CRITICA, EDSON ARANTES DO NASCIMENTO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO EXTRAORDINARIO, ESPORTE, CONTRATAÇÃO, DIEGO ARMANDO MARADONA, ATLETA PROFISSIONAL, FUTEBOL, USUARIO, COCAINA, PREJUIZO, JUVENTUDE, PAIS.

O SR. EPITACIO CAFETEIRA (PPR-MA. Como Líder. Sem revisão do orador) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, há poucos dias usei a tribuna para falar sobre a chegada de Maradona ao Brasil, num contrato milionário para a Telemarketing Sport utilizar o cidadão como propaganda. E eu me perguntava se era propaganda do jogador ou propaganda da cocaína. Afinal de contas estamos no MERCOSUL, mas o MERCOSUL, a meu ver, é para mercadorias sérias, não para entorpecentes e nem para intercâmbio de usuários de droga.

Não sou puritano. As nossas crianças, entretanto, precisam saber o que deve ser cultuado: se é cheirar a droga ou se é respeitar a legislação e se portar como pessoas sérias.

Na ocasião, eu não fazia nenhuma crítica ao cidadão Edson Arantes do Nascimento. O que eu dizia é que, hoje, o cidadão Edson Arantes do Nascimento é Ministro de um Governo que se pretende sério.

O Governo está apoiado pelo PFL e por outros Partidos. Como o meu Partido está hoje apoiando o Governo, sinto-me na obrigação de zelar pelo nome desse Governo.

A parte lucrativa de um homem de marketing é diferente da de um Ministro que tem de, apesar de não obter lucro, respeitar o Governo.

O Jornal de Brasília de hoje registra palavras do Ministro dos Esportes, quando da assinatura de convênio para patrocínio dos nossos atletas do esporte amador, dizendo:

      "...o Ministro aproveitou a oportunidade para rebater a crítica de parlamentares contrários à vinda de Maradona ao Brasil."

      "Você tem que ver o lado humano de qualquer pessoa. Todos nós erramos e devemos ter uma segunda chance."

Ora, Sr. Presidente, o Sr. Maradona saiu da Itália pelo uso de drogas. Teve uma segunda chance. Drogou-se na Argentina; na Argentina atirou em jornalistas, fato este registrado na televisão. Foi jogar a Copa do Mundo e drogou-se. Então a segunda chance, ele já teve. O Ministro parece que quer dar uma terceira chance ao jogador argentino.

O mesmo Ministro na IstoÉ, do dia 24 de maio, nº 1338, referindo-se ao Sr. Maradona diz: "Maradona é um drogado."

Quem diz é o Ministro, não sou eu. A população toda está assistindo a isso estarrecida. Dá dinheiro importar Maradona? Dá. Por isso o Ministro quer importá-lo.

Pode, no meu entender, importar quantos drogados quiser, pode patrocinar quantos "Escadinhas" existirem, mas não enquanto Ministro deste Governo.

É preciso haver respeito pelo Governo e pelos nossos jovens. Ele não pode, ao mesmo tempo em que assina convênios para ajudar o nosso esporte amador, tratar da vinda de drogados, como ele mesmo reconhece.

Mas, Sr. Presidente, eu não quero manter polêmicas. O que quero é alertar o Governo - o Governo, e não o Ministro dos Esportes - para o fato de o mesmo poder estar servindo de trampolim para grandes negócios que vão enriquecer, mais ainda, este homem que já está rico. Ele não pode fazê-lo à custa dos nossos jovens, dando esse exemplo às crianças do Brasil.

Era o que eu tinha a dizer.

Obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DCN2 de 27/05/1995 - Página 8882