Discurso no Senado Federal

CONSIDERAÇÕES SOBRE AS POSIÇÕES POLITICAS DOS PARTIDOS PSDB E PFL NO ATUAL MOMENTO DE REFORMAS CONSTITUCIONAIS.

Autor
Casildo Maldaner (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/SC)
Nome completo: Casildo João Maldaner
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA PARTIDARIA.:
  • CONSIDERAÇÕES SOBRE AS POSIÇÕES POLITICAS DOS PARTIDOS PSDB E PFL NO ATUAL MOMENTO DE REFORMAS CONSTITUCIONAIS.
Publicação
Publicação no DCN2 de 23/05/1995 - Página 8584
Assunto
Outros > POLITICA PARTIDARIA.
Indexação
  • CRITICA, LUTA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), PARTIDO DA FRENTE LIBERAL (PFL), AUMENTO, BANCADA, REPRESENTAÇÃO, CONGRESSO NACIONAL, FUTURO, ELEIÇÕES, MOTIVO, NECESSIDADE, ATENÇÃO, REFORMULAÇÃO, CONSTITUIÇÃO FEDERAL, PAIS.

O SR. CASILDO MALDANER (PMDB-SC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, tenho aqui em mãos alguns recortes de jornais da última semana. Em um deles, lê-se o seguinte:

      "Declaração de intenções.

      Anteontem, no jantar com a cúpula tucana, Marco Maciel fechou um pacto de não-agressão: o PFL não "rouba" deputados do PSDB e vice-versa. Também não vão mais brigar pelos mesmos cargos."

Em outro jornal, lê-se:

      "Os cardeais do PFL e do PSDB decidiram que precisam evitar que os dois principais partidos da coligação governista entrem em rota de colisão por causa de seus projetos expansionistas. A decisão foi tomada na noite de quarta-feira durante jantar promovido pelo vice-Presidente Marco Maciel, no Palácio do Jaburu. "

Há um outro artigo que diz:

      "Envolvidos em acirrada disputa expansionista para aumentar suas bancadas, o PFL e o PSDB acertaram uma trégua. Num jantar anteontem à noite, promovido pelo Vice-Presidente da República no Palácio Jaburu, tucanos e pefelistas selaram um pacto de não-agressão mútua:..."

Sr. Presidente, venho à tribuna para expressar uma preocupação, de coração mesmo, com a sinceridade que me é peculiar; assim sou conhecido em meu Estado e sempre o fui durante toda minha vida pública.

Não sei se este é o melhor momento de o PSDB principalmente, que detém o governo na mão, e o Presidente da República partirem para um movimento como esse. Se me coubesse o direito de fazê-lo - e acredito que não -, diria ao Presidente da República, ao PSDB e ao PFL que não é a melhor ocasião de partir para esse campo de batalha, porque neste instante - daí a preocupação - estamos todos engajados nas mudanças e reformas que a Nação requer.

A pregação aconteceu durante a campanha, em todos os campos e no início deste ano. Ainda me lembro bem de que, quando tomou posse em 1º de janeiro, Sua Excelência lamentava ter de esperar mais 30 dias para que o novo Congresso também o fizesse, pois sentia que, nesses 30 dias, deixava de proclamar mudanças e reformas de que o País precisava. Pois bem. Esperou-se os 30 dias; este Congresso tomou posse e avançamos em alguns pontos.

Tenho dito neste Plenário que o Governo tem sido um pouco tímido em relação às reformas. Devia ser mais agressivo, aproveitar o ótimo momento brasileiro e usar o potencial extraordinário do Senado, da Câmara dos Deputados, do Congresso Nacional, já renovado, para promover as reformas de que a Nação precisa.

Agora, a maioria dos partidos políticos, quer formal ou informalmente, está-se dando as mãos nessa caminhada das reformas que vêm acontecendo. Notamos que é isso o que a Nação quer. É o assunto que está em pauta. Mas alguns setores começam a pensar na eleição de 1998. É a conversa que está aí; é o que ouvimos na cotação da Bolsa: "Para 1998, não! Vai haver a reeleição e temos o nosso candidato." É assim que setores do PSDB pregam. Falam-nos que a saída é essa, que 1998 já está próximo e que irão formar escola por oito, doze anos.

Este não é o momento para esse tipo de cogitação. O Governo, para o seu próprio bem, não deve permitir que se formem grupinhos, dentro do Palácio do Planalto ou mesmo em setores governamentais, para conversar nesses termos. O Presidente da República não deveria permitir que os seus liderados, pessoas ligadas ao primeiro ou ao segundo escalão se envolvessem em conversas ou em movimentos desse tipo nesta fase das reformas na qual todos estamos empenhados.

O meu Partido, o PMDB, travou muitas lutas, batalhou para implantar a democracia no Brasil. Chegamos aqui mas sinto-me desprestigiado. Daqui a pouco, estaremos servindo apenas de escárnio para praticarem reformas ou para promoverem isso ou aquilo. E a cotação da Bolsa será "leva daqui, leva de lá". Isso não dá; a reboque, não!

Falo com muita sinceridade porque ouço as minhas bases, ouço as lideranças não só do meu Estado como também de outros lugares. Não é o momento de se pensar em 1998, pensar em aumentar a bancada, em pregar o projeto para 1998. A Nação não quer isso, Sr. Presidente. A Nação quer trabalho e quer reformas! A Nação quer de nós, que há pouco aqui chegamos, que mostremos as saídas - ou a política de juros, ou a política das reformas de campo, da tributária, previdenciária -, porque o Governo avançou, recuou. Mas temos de enfrentar isso porque também queremos as saídas. Não podemos ficar conversando sempre sobre esse mesmo assunto. O que está em pauta hoje é a saúde, a agricultura, que são as saídas para o País. Meu Deus do céu! Temos que pensar, primeiro, nas reformas. Penso que o primeiro assunto a entrar em pauta serão as eleições municipais em 1996. Após isso, teremos um outro quadro.

Temos de ir ao encontro dos anseios da própria Nação, encontrar os caminhos para o Brasil. Este é o nosso dever e de todos os partidos políticos. Depois, nas juntas municipais, devemos discutir a reforma política, que também acho que deve haver. Vamos pregar as reformas políticas com isenção de ânimos, não usando tráfico de influência. Este não é o momento. Não poderemos, agora, a pretexto de estarem acontecendo reformas, aproveitar e cooptar. Essa postura leva ao desânimo setores de alguns partidos ou, então, companheiros de partidos políticos começam a dizer que não era isso o que defendiam em praças públicas e que não é esse o seu objetivo no Congresso Nacional".

Esse é um alerta, no bom sentido, é uma mensagem que mando, através da Liderança do Governo, ao Presidente da República, para que Sua Excelência, junto a seu primeiro, segundo e terceiro escalões, não deixe entrar em pauta agora questões relacionadas a aliciar e buscar. Vamos tentar agora trabalhar, buscar saídas para a Nação, em todos os quadrantes. Creio que essa é a melhor política para o Governo, para os partidos políticos, para nós, políticos, enfim, para a Nação inteira.

Eram essas as sinceras considerações, Sr. Presidente, que eu gostaria de fazer, nesta tarde, ao Congresso Nacional, mais precisamente ao Plenário do Senado Federal.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DCN2 de 23/05/1995 - Página 8584