Discurso no Senado Federal

APOIO AS COLOCAÇÕES DO ORADOR QUE O PRECEDEU NA TRIBUNA. PROBLEMAS ACARRETADOS AS DONAS-DE-CASA COM O PROLONGAMENTO DA GREVE DOS PETROLEIROS.

Autor
Esperidião Amin (PPR - Partido Progressista Reformador/SC)
Nome completo: Esperidião Amin Helou Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
MOVIMENTO TRABALHISTA.:
  • APOIO AS COLOCAÇÕES DO ORADOR QUE O PRECEDEU NA TRIBUNA. PROBLEMAS ACARRETADOS AS DONAS-DE-CASA COM O PROLONGAMENTO DA GREVE DOS PETROLEIROS.
Publicação
Publicação no DCN2 de 25/05/1995 - Página 8651
Assunto
Outros > MOVIMENTO TRABALHISTA.
Indexação
  • ANALISE, EFEITO, NATUREZA POLITICA, GREVE, TRABALHADOR, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), PREJUIZO, DONA DE CASA, AUSENCIA, BOTIJÃO, GAS.
  • ELOGIO, POSIÇÃO, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, RELAÇÃO, GREVE, TRABALHADOR, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS).
  • APOIO, SOLICITAÇÃO, PEDRO SIMON, SENADOR, NECESSIDADE, REALIZAÇÃO, REUNIÃO, SENADO, DIALOGO, DEBATE, ASSUNTO, BUSCA, FORMULA, SOLUÇÃO, CONFLITO, AUSENCIA, PREJUIZO, AUTORIDADE, PRESIDENTE DA REPUBLICA.

O SR. ESPERIDIÃO AMIN (PPR-SC. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, em nome do meu Partido desejo, também, abordar o assunto que foi aqui focalizado pelo nobre Senador Pedro Simon.

Ouvi, com a atenção possível, a parte que pude alcançar do pronunciamento do Senador Pedro Simon, que falou com a autoridade de Líder que foi do Governo Itamar Franco, em cujo período está, sem dúvida alguma, senão toda a raiz, pelo menos uma parte da raiz do problema que aflige a sociedade brasileira, que é a greve dos petroleiros e as suas conseqüências.

Evidentemente que em uma comunicação de cinco minutos não posso abordar um problema tão complexo. Mas, gostaria de focalizar dois aspectos: um, é o da dona-de-casa, perdida atrás de um botijão de gás. Nos finais de semana, naquilo que seria um momento de lazer de um chefe da família, que trabalhou a semana inteira - e esse espetáculo foi apresentado por várias emissoras de televisão, pois só quem quiser morar, não na "ilha da fantasia", mas na "redoma da fantasia" que não vai enxergar. Testemunhei isso e tenho certeza de que todos os Srs. Senadores também testemunharam aqui, em Brasília, ou nos seus Estados. Esse espetáculo é realmente uma das demonstrações mais tristes da exposição do pobre ao conflito de interesses legítimos, da classe trabalhadora, mas também do interesse político.

O segundo ponto refere-se ao aspecto do petroleiro. Digo a V. Exªs que tenho o mais profundo e sincero respeito à PETROBRÁS, aos petroleiros e aos profissionais da PETROBRÁS. Inclusive já fiz, desta tribuna, registros a respeito das marcas obtidas por essa companhia, especialmente no que diz respeito à exploração de petróleo em águas profundas, que é um emblema e o resumo de sua capacidade técnica. Tive a oportunidade de visitar plataformas, tanto no meu Estado, quanto na Bacia de Campos. Tenho orgulho desta empresa, que fala tão intimamente à alma do povo brasileiro. E é em nome desse enfoque à dona de casa, ao chefe de família, à pessoa humilde, com um carrinho de mão, a pé, pagando ágio pelo bujão de gás, e o petroleiro, que eu gostaria de centrar esta comunicação do meu Partido.

Entendo que o Senhor Presidente da República agiu como era do seu dever. E conhecendo, como penso que conheço, o então Senador e hoje Presidente, Fernando Henrique Cardoso - com quem tive a honra de durante quatro anos ou quase quatro anos conviver na condição de vizinho de cadeira nesta Casa, leitor que sou de tudo que Sua Excelência escreveu, especialmente no jornal Opinião - do qual eu era assinante -, imagino o quanto machucou o seu coração tomar as decisões que está tomando a respeito desse assunto nos últimos vinte dias.

Então, a minha primeira palavra é de aplauso ao Senhor Presidente da República. Sua Excelência está exercendo o mandato, está exercendo a missão, e está, nesse desiderato, superando condicionamentos, conceitos e também preconceitos - todos nós temos, Sua Excelência também os tem, preconceitos pessoais.

Finalmente, quero associar-me ao apelo que fez o Senador Pedro Simon.

Penso que esta Casa, além do pensamento de cada Partido, deve entender que entre esses dois extremos: o trabalhador e o pobre que está sendo prejudicado, por não encontrar o bujão de gás, existe muito mais do que a distância física: existem circunstâncias políticas, existem circunstâncias corporativistas e circunstâncias institucionais, porque está tramitando nesta Casa, não apenas uma, mas um conjunto de emendas que dizem respeito ao monopólio, inclusive ao do petróleo. Então, só um avestruz não enxergaria o complexo social e político que está mediando e obstruindo o caminho entre a dona de casa e o petroleiro. E esta Casa tem o dever, no exercício do mandato de cada Senador e de cada Deputado, de contribuir para que o diálogo exista, sim. Eu me disponho, se puder ser útil, a fazê-lo, mas em absoluto que este sinal de diálogo signifique o arranhão à autoridade que alguns pretendem. Quando falo em autoridade, falo em autoridade do Judiciário e do Executivo, especialmente do Presidente da República. É em nome deste objetivo, que entendo ser patriótico, que me associo, nessas condições, àquilo que o Senador Pedro Simon aqui falou.

Sr. Presidente, agradeço pela tolerância, e falo em nome do meu partido. Somos pelo diálogo, sim. Respeitamos o trabalhador, respeitamos a sociedade toda, que está sofrendo, mas acima de tudo entendemos que este é o momento para se firmar a autoridade democrática, a autoridade que veio das urnas, não a autoridade baseada na força, mas naquilo que a nossa Constituição estabeleceu como sendo o poder que vem do povo e em seu nome é exercido, às vezes cortando o coração de pessoas e machucando interesses legítimos também.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DCN2 de 25/05/1995 - Página 8651