Discurso no Senado Federal

COMENTARIOS SOBRE O MANIFESTO 'GRITO DA TERRA BRASIL', QUE APRESENTA PROPOSTAS CONCRETAS DE REFORMA AGRARIA.

Autor
Marina Silva (PT - Partido dos Trabalhadores/AC)
Nome completo: Maria Osmarina Marina Silva Vaz de Lima
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
REFORMA AGRARIA.:
  • COMENTARIOS SOBRE O MANIFESTO 'GRITO DA TERRA BRASIL', QUE APRESENTA PROPOSTAS CONCRETAS DE REFORMA AGRARIA.
Publicação
Publicação no DCN2 de 25/05/1995 - Página 8692
Assunto
Outros > REFORMA AGRARIA.
Indexação
  • COMENTARIO, PARTICIPAÇÃO, ORADOR, LANÇAMENTO, MANIFESTO, TRABALHADOR RURAL, COMISSÃO DE AGRICULTURA, CAMARA DOS DEPUTADOS, DENUNCIA, FALTA, TERRAS, TRABALHADOR, APRESENTAÇÃO, PROPOSTA, REFORMA AGRARIA.

A SRª MARINA SILVA (PT-AC. Para breve comunicação. Sem revisão da oradora.) - Gostaria de comunicar aos meus Pares que participei, ainda há pouco, do lançamento do Grito da Terra Brasil, que é um movimento organizado pelos trabalhadores rurais através das suas entidades de classe, entre as quais cito a Central Única dos Trabalhadores, a CONTAG, o Movimento dos Sem- Terra, Organização das Mulheres Trabalhadoras Rurais, Movimento de Atingidos por Barragem, Conselho Nacional de Seringueiros e também a Coordenação das Nações Indígenas. O lançamento realizou-se na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados, presidida pelo Deputado Alcides Modesto do Partido dos Trabalhadores.

Devo dizer que se trata de um movimento muito forte, principalmente no que se refere à questão da reforma agrária, que ainda há pouco era lembrada aqui pelos Parlamentares que estavam debatendo a questão da agricultura no nosso País.

Em documento elaborado pela CONTAG para o Grito da Terra Brasil é apresentado um dado estarrecedor: no nosso País, 4,8 milhões de estabelecimentos rurais, que ocupam uma faixa territorial de 50 hectares, representando 82,5% do total dos proprietários rurais no País, ocupam apenas 13% da área agricultável do País. Enquanto isso, 0,86%, ou seja, 50 mil grandes proprietários, ocupam 43,8% do total dessa área. Isso, sem falarmos nos milhares e milhares de trabalhadores que não têm terra e estão acampados em situações precárias, sem a mínima garantia para o seu trabalho, sem financiamento, saúde e educação.

Até posso referir-me aos projetos de colonização do Estado da Amazônia, que serviram para tirar as tensões do centro-sul do País, colocando aquelas pessoas em áreas que não têm as mínimas condições de sobrevivência, sem estradas, ramais, saúde, educação e financiamento.

Quero fazer esse registro, para dizer que, da minha parte e - acredito - dos vários Srs. Senadores desta Casa que têm sensibilidade para o problema da terra e dos trabalhadores rurais, todo o apoio será dado ao Grito da Terra Brasil.

Não se trata apenas de uma manifestação em termos de protesto, mas da denúncia da falta de terra para os trabalhadores que dela precisam e de condições humanas para o trabalho no campo; trata-se, acima de tudo, da apresentação de propostas concretas no sentido de que o Governo tenha a ousadia de transformá-las em políticas públicas, para que o homem do campo, com ou sem terra, passe a viver com dignidade em um País com tantas riquezas naturais, mas com tanta miséria, desemprego e fome.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

Muito obrigada.


Este texto não substitui o publicado no DCN2 de 25/05/1995 - Página 8692