A SRª MARINA SILVA (PT-AC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, aproveito a oportunidade para fazer um relatório, como de costume nesta Casa fazem os Parlamentares que daqui se ausentam, principalmente em viagens internacionais.

A convite da Amanaka a, dos dias 1º a 12 de maio, fui a Nova Iorque, onde tive a oportunidade, juntamente com o Senador Geraldo Melo, de participar da Semana da Amazônia. S. Exª representou, na abertura do evento, o Presidente do Senado, o Senador José Sarney, e eu, como conferencista, tive a grande oportunidade de falar sobre vários temas referentes à Amazônia.

O objetivo deste relatório é apresentar, de forma sucinta, as principais atividades que marcaram minha visita à cidade de Nova Iorque, por ocasião da VI Semana da Amazônia. Durante doze dias, pudemos firmar importantes contatos com autoridades e instituições daquele país, bem como anunciar para os norte-americanos um novo momento vivido pela Amazônia e seu povo, um momento ainda de muitas dificuldades sociais, econômicas e ambientais, que afinal atingem todo o País, mas onde despontam, cada vez com mais força, alternativas produtivas geradas nas comunidades, nas cidades e na floresta, que são ecologicamente sustentáveis, economicamente viáveis e socialmente justas.

Tenho a grata satisfação de anunciar que, juntamente com a delegação brasileira, ali estavam presentes representantes de comunidades indígenas, do Governo Federal, através do Presidente do IBAMA, Sr. Raul Jungman, conferencista em um dos eventos da Semana da Amazônia.

Passo, então, a descrever, dia a dia, os eventos que ali ocorreram.

No dia 1º de maio, tivemos a oportunidade de participar da abertura da Semana da Amazônia no auditório das Nações Unidas, com a presença de várias autoridades brasileiras.

Fui uma das oradoras na reunião de abertura da Semana da Amazônia. Dela participaram o Embaixador Celso Amorim, o Senador Geraldo Melo, o cacique Davi Yanomani e a coordenadora da Semana, Christine Halvorson.

Na oportunidade, descrevi este momento na Amazônia, especialmente relatando as inúmeras experiências bem-sucedidas da produção sustentável. Destaquei o papel fundamental do Governo e do Congresso na formulação de políticas inspiradas nessas experiências, políticas essas que visam a oferecer melhores condições para seu desenvolvimento e sua reorganização, para uma gestão compatível com os interesses do meio ambiente e da preservação ambiental.

No dia 2 de maio houve uma reunião com várias entidades não governamentais sediadas em Nova Iorque. E eu, juntamente com a Deputada Janete Capeberibe e seu assessor, Sr. Fernando Alegretti, que é o Secretário de Relações Exteriores do Governo do Amapá, tivemos a oportunidade de apontar as novas perspectivas criadas dentro da Amazônia, principalmente no eixo Acre-Rondônia. É importante ressaltar que contamos com a presença do Governo, que também está-se comprometendo com um projeto de desenvolvimento sustentável. O Governo do Pará também aponta neste caminho. Enfim, há várias experiências bem-sucedidas que vêm sendo gestadas naquela região, dependendo apenas de apoio público para que possam ser ampliadas.

No dia 3 de maio, tive a oportunidade de participar de mais uma rodada de debates, cujo tema era "Proteção Ambiental e o Desenvolvimento no Brasil". Nela estavam presentes outros conferencistas, como por exemplo, Steve Schwartzman, o índio Davi Yanomami, Jason Clay e também Christine Halvorson, da Amanaka´a.

No dia 4 de maio, visitei o Consulado do Brasil em Nova Iorque, onde tratei do trabalho que venho fazendo dentro da Amazônia e das perspectivas deste trabalho, como Senadora, para as autoridades brasileiras ali residentes.

No dia 5 de maio, houve a sessão de abertura do "Seminário sobre a Amazônia". Mais uma vez, fui uma das principais conferencistas ao lado de outras autoridades, entre elas, a Deputada Beth Azize, o Ministro Almir Barbuda, da Câmara de Comércio do Governo brasileiro, Marcos Terena, Presidente do Comitê Intertribal e Christine Halvorson, da Amanaka´a.

Na ocasião, ressaltei a importância do conhecimento e da cultura das populações amazônicas, preservada até nossos dias. Relembrei a exploração da cana-de-açúcar e do tabaco desde o séc. XVII até os dias atuais, como também a exploração da madeira e da pecuária, que tantos problemas sociais e ambientais vêm causando à nossa região.

Na mesma área, onde cerca de 100 famílias antigamente trabalhavam e viviam da extração do látex, hoje, transformada em fazendas que utilizam apenas 6 peões, ocasionando uma política desastrosa para essas pessoas, sem perspectiva de sobrevivência, que acabam indo para a periferia das grandes cidades da Região Amazônica. Este é um caso que podemos ilustrar, pois tinha uma população semelhante à do Acre e, hoje, conta com 2 milhões de habitantes, sem as mínimas condições de saneamento básico, saúde, educação e infra-estrutura.

Ainda houve debates sobre ecoturismo, com a participação de um representante do Governo do Amapá, um painel sobre ecomarketing, alguns vídeos apresentando atividades do Estado do Amapá e vários outros painéis com atividades recreativas que estiveram presentes durante a Semana da Amazônia.

Destaco aqui um painel importante sobre o desenvolvimento da Amazônia Ocidental, onde também tivemos a oportunidade de ter a participação de Bruce Rich, que vem lidando com as questões do desenvolvimento daquela região; de Mauro Leonel, que é um pesquisador da Amazônia. Eu também tive a oportunidade de participar dessa Mesa.

Tivemos um outro painel sobre os Direitos Fundiários, em que participaram o pesquisador Steve Schwartzman; Márcio Santilli, que é um grande conhecedor dos problemas da causa indígena no nosso País, do Instituto Sócio-Ambiental; o índio Davi Yanomami e Cláudia Andujar, membro da Comissão para a Criação do Parque Yanomami.

Enfim, foram inúmeras atividades durante toda a Semana da Amazônia, além de exposição de fotografia, reuniões de articulação, quando tivemos a oportunidade de mostrar a cara do Brasil, com seus problemas, com suas dificuldades, mas, ao mesmo tempo, com a sua altivez, no sentido de gerar soluções e apresentá-las para o conjunto da sociedade brasileira.

Infelizmente, por problemas de saúde, não pude cumprir a agenda que estava prevista para Washington, onde manteria contato junto ao Banco Mundial e ao Banco Interamericano, no sentido de levarmos os nossos projetos e as nossas propostas. Todavia, apesar de tudo, considerei muito proveitosa a viagem.

Faço questão de registrar aqui, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a solidariedade recebida por parte do Senador José Sarney, que, de pronto, colocou todos os recursos à minha disposição no momento em que adoeci; por parte do meu Líder, Senador Eduardo Suplicy, que também se empenhou junto ao Senador José Sarney e também por parte da Embaixada brasileira em Nova York, que me deu todo o apoio, por meio do seu funcionário, uma figura simpática, o Sr. Dario Campos, ao qual sou muito grata, inclusive, pela forma com que me ajudou.

Além dessas pessoas, pude contar também com o apoio da Zezé Weis, Presidente da Amanaka a, da produtora de arte norte-americana Elizabeth Robinson e de várias outras pessoas.

Tive oportunidade também de manter contato com um artista plástico que faz um trabalho muito interessante, Antônio Peticov, que me mostrou, inclusive, um projeto da criação de um grande parque que ele apresentou na ECO-92 e solicitou o nosso empenho no sentido da realização dessa grande obra.

Encontrei-me também com o fotógrafo paranaense Valdir Cruz, que está fazendo um trabalho de documentação sobre as lideranças da Amazônia. Foi bastante edificante, uma vez que aquele artista, por intermédio da sua arte, expõe para o mundo os temas ambientais amazônicos.

Para finalizar, gostaria apenas de ressaltar que a agenda que estava prevista para a segunda semana em Washington foi cancelada em função dos meus problemas de saúde.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente. Muito obrigada.