Discurso no Senado Federal

HOMENAGEM DE PESAR PELO FALECIMENTO DO DR. PAULO FIGUEIREDO CAVALCANTI.

Autor
Carlos Wilson (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PE)
Nome completo: Carlos Wilson Rocha de Queiroz Campos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • HOMENAGEM DE PESAR PELO FALECIMENTO DO DR. PAULO FIGUEIREDO CAVALCANTI.
Publicação
Publicação no DCN2 de 03/06/1995 - Página 9421
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, PAULO CAVALCANTI, ADVOGADO, POLITICO, ESTADO DE PERNAMBUCO (PE).

O SR. CARLOS WILSON (PSDB-PE.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, venho hoje a esta tribuna para prestar homenagem à memória de um grande pernambucano, que a morte nos levou ontem à noite, aos oitenta anos de idade.

Refiro-me a Paulo Figueiredo Cavalcanti, que, com seu talento, sempre honrou as melhores tradições de Pernambuco. Paulo Cavalcanti foi, ao longo de sua produtiva existência, destaque em todas as atividades de que se ocupou. De igual modo, foi exemplar a firmeza com que sustentou suas convicções e sua conduta política, mesmo nos momentos da mais terrível adversidade.

Político e ensaísta, Paulo Cavalcanti nasceu em 25 de maio de 1915. Iniciou seus estudos no Recife e, apesar de sérias dificuldades financeiras, conseguiu formar-se em Direito, em 1941, o que lhe permitiu ocupar o cargo de promotor público, já no Governo de Agamenon Magalhães.

Mas sua militância política já havia começado mais cedo. Ainda adolescente, participou da Revolução de 30. Em seguida, engajou-se na Ação Integralista. Decepcionado, filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro em 1949, posição a que se manteve fiel até o fim de seus dias.

Nas eleições de 1947 e 1954, candidatou-se respectivamente pelo PSD e pelo PSP, sempre com o apoio do Partido Comunista, para conquistar, nas duas ocasiões, cadeiras na Assembléia Legislativa de Pernambuco.

Nome respeitado na política do Estado, Paulo Cavalcanti ocupou diversos cargos públicos. Foi Secretário de Finanças e de Assuntos Jurídicos da Prefeitura Municipal de Recife na administração de Pelópidas Silveira em 48 e 49 e Secretário de Administração na gestão de Miguel Arraes.

Nomeado, em 1963, Diretor do Porto de Recife, não concluiu sua administração em virtude do golpe de 64, pela qual foi preso por um ano. Julgado e absolvido pelo Tribunal de Direito Civil, passou a advogar em defesa dos presos políticos de então.

Ao assumir o Governo de Pernambuco, honrou-me tê-lo como Diretor do Arquivo Público do Estado. Naquela ocasião, tive o privilégio de conhecer Paulo Cavalcanti mais de perto e confirmar todas as suas qualidades éticas e seu zelo profissional.

Em 1992, aos 77 anos de idade, candidato pelo Partido Comunista, foi eleito para a Câmara Municipal de Recife, para o que seria o seu último mandato. Tornou-se, então, uma unanimidade entre seus pares, como o vereador mais respeitado e consultado daquela Casa, acima de partidos ou ideologias.

Pernambuco, hoje, amanheceu mais pobre. Paulo Cavalcanti deu, sem dúvida, grande contribuição à sua vida pública, participando, de modo ímpar, de seu engrandecimento. Leva, em razão disso, o reconhecimento dos pernambucanos e deixa um legado que ficará na memória de todos nós e na história de política intelectual e administrativa do Estado.

Por tudo isso, requeiro, Sr. Presidente, nos termos do art. 18 do Regimento Interno desta Casa, que seja inserido em ata voto de pesar pelo seu falecimento, bem como sejam apresentados à família votos de condolências.

         Era o que tinha a dizer. Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DCN2 de 03/06/1995 - Página 9421