Discurso no Senado Federal

AVALIANDO REUNIÃO REALIZADA NO ULTIMO DIA 17, NESTA CASA, ENTRE GOVERNANTES, SENADORES, DEPUTADOS E REITORES DO CENTRO-OESTE, PARA A DISCUSSÃO PRELIMINAR DE UM PLANO DE DESENVOLVIMENTO AUTO-SUSTENTADO PARA A REGIÃO.

Autor
Carlos Bezerra (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/MT)
Nome completo: Carlos Gomes Bezerra
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
DESENVOLVIMENTO REGIONAL.:
  • AVALIANDO REUNIÃO REALIZADA NO ULTIMO DIA 17, NESTA CASA, ENTRE GOVERNANTES, SENADORES, DEPUTADOS E REITORES DO CENTRO-OESTE, PARA A DISCUSSÃO PRELIMINAR DE UM PLANO DE DESENVOLVIMENTO AUTO-SUSTENTADO PARA A REGIÃO.
Publicação
Publicação no DCN2 de 07/06/1995 - Página 9808
Assunto
Outros > DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
Indexação
  • COMENTARIO, REALIZAÇÃO, SENADO, REUNIÃO, PARTICIPAÇÃO, GOVERNADOR, SENADOR, DEPUTADO FEDERAL, REITOR, OBJETIVO, DISCUSSÃO, PLANO, DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL, REGIÃO CENTRO OESTE.

O SR. CARLOS BEZERRA (PMDB-MT.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, no dia dezessete de maio do corrente ano, realizou-se nesta Casa importante reunião com a presença de senhores Governadores, Senadores, Deputados e Reitores do Centro-Oeste, para discussão preliminar de um plano de desenvolvimento auto-sustentado para a região.

Diante da crise financeira por que passa a União e em face da experiência passada e recente do País em matéria de projetos regionais, discutir um plano de desenvolvimento regional soa como anacronismo. Já existiu a Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste - SUDECO, extinta durante o Governo Collor de Melo, criada para essa tarefa. A SUDECO fora instituída precipuamente para pensar e projetar o desenvolvimento regional.

Não é meu objetivo fazer aqui uma avaliação dessa instituição. Uma verdade, no entanto, deve ser afirmada: o País, o Estado que não programar seu desenvolvimento com visão de médio e de longo prazo condena-se a viver um empobrecedor dia-a-dia, sem perspectivas e sem ideais; desperdiça a força e o dinamismo de sua população; reduz sua ação a mera resposta às contingências criadas por agentes externos e internos, geralmente descompromissados com o progresso da coletividade.

Também não pretendo defender a volta de organismos regionais de planejamento. Os Estados, graças à sua estruturação e à capacitação de seus recursos humanos, têm condições de conceber e liderar iniciativas que visem ao crescimento local.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a concepção de um plano de desenvolvimento para o Centro-Oeste, engendrado pelas lideranças políticas locais, que conhecem as necessidades e as potencialidades das regiões e das populações respectivas, é obrigação impostergável de quem, pelo voto, recebeu a responsabilidade de administrar a coisa pública.

No caso, a proposta insere-se no amplo contexto das necessidades da região e está em consonância com a manifestação positiva do Senhor Presidente da República explicitada a este Senador durante recente encontro.

É fora de dúvida que o Centro-Oeste tem uma população laboriosa, empreendedora, mas em grande parte desassistida de serviços e de infra-estrutura, cuja oferta cabe ao Estado proporcionar. Possui grande variedade de recursos naturais, materializados na fauna, na flora, nos rios, em santuários ecológicos, em terras agricultáveis. Esses recursos não podem permanecer expostos à depredação, por ausência de presença e de ações governamentais que disciplinem e favoreçam o progresso da população.

Uma grande e alvissareira vocação do Centro-Oeste é sem sombra de dúvida a agricultura. No entanto, quanto produto agrícola se perde nessa região por falta de condições de armazenamento e por falta de uma adequada infra-estrutura de transporte! Não se trata de construir caríssimas auto-estradas, mas simplesmente de estradas vicinais e de estradas-tronco que permitam comunicação e tráfego fácil e seguro com os centros urbanos.

As hidrovias Araguaia-Tocantins e Madeira-Tapajós são exemplos de singular importância e de baixo custo que poderiam e deveriam ser viabilizadas e prestariam incalculáveis benefícios à produção agrícola de vários Estados.

Estudo da FAO indicou que o Brasil precisaria produzir cem milhões de toneladas de grãos para satisfazer apenas à própria demanda. Hoje, produz perto de oitenta milhões de toneladas e exporta quarenta por cento desse montante. Esses simples dados demonstram o tamanho da demanda interna reprimida em matéria de grãos. O País tem condições ambientais e de solo para supri-la. Tem condições de produzir cento e cinqüenta milhões de toneladas de grãos, com participação significativa do Centro-Oeste. Mas políticas acanhadas vêm desanimando os produtores, esvaziando os campos e assoberbando as cidades com habitantes pobres, desassistidos e esfomeados.

O esforço dos representantes do Centro-Oeste no sentido de apresentar um plano de desenvolvimento traduz uma iniciativa de fundamental importância para a região.

No próximo dia sete de junho, haverá nova reunião das lideranças regionais nas dependências do Senado Federal, para continuar o trabalho de sistematização e compatibilização das propostas do plano. Não queremos nos omitir, queremos participar, colaborar com o Governo central, criando horizontes para a conquista do progresso, a partir do desenvolvimento das potencialidades do Centro-Oeste.

Estamos convencidos de que, superada a presente fase de dificuldades econômicas vividas pelo Brasil, novo surto de desenvolvimento deverá ocorrer. O Centro-Oeste quer preparar-se para esse evento. Este é um momento histórico que não pode ser desperdiçado. Precisamos nos unir sob o ideal de uma utopia ainda não presente, mas que tem tudo para tornar-se realidade no Centro-Oeste.

Era o que tinha a dizer!


Este texto não substitui o publicado no DCN2 de 07/06/1995 - Página 9808