Discurso no Senado Federal

JUSTIFICANDO A POSIÇÃO DA LIDERANÇA DO PT NO EPISODIO DA CAMARA DOS DEPUTADOS, NESTA TARDE, COM RELAÇÃO A CUT.

Autor
Eduardo Suplicy (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Eduardo Matarazzo Suplicy
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
MANIFESTAÇÃO COLETIVA.:
  • JUSTIFICANDO A POSIÇÃO DA LIDERANÇA DO PT NO EPISODIO DA CAMARA DOS DEPUTADOS, NESTA TARDE, COM RELAÇÃO A CUT.
Publicação
Publicação no DCN2 de 08/06/1995 - Página 9878
Assunto
Outros > MANIFESTAÇÃO COLETIVA.
Indexação
  • ESCLARECIMENTOS, OBRIGAÇÃO, ORADOR, LIDER, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), PRESENÇA, PLENARIO, SENADO, OPORTUNIDADE, OCORRENCIA, MANIFESTAÇÃO COLETIVA, CENTRAL UNICA DOS TRABALHADORES (CUT), CAMARA DOS DEPUTADOS, OPOSIÇÃO, QUEBRA, MONOPOLIO, PETROLEO.
  • PROTESTO, FORMA, ANTONIO CARLOS MAGALHÃES, SENADOR, REFERENCIA, PESSOAS, PARTICIPAÇÃO, MANIFESTAÇÃO, CENTRAL UNICA DOS TRABALHADORES (CUT).

O SR. EDUARDO SUPLICY (PT-SP. Como Líder. Para uma comunicação. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, não sei se o Senador Antonio Carlos Magalhães realmente presenciou os fatos aos quais se referiu. Parece-me que eles ocorreram há alguns minutos, e S. Exª estava aqui, talvez tenha visto da janela de lá. Eu me encontrava aqui, presente, na medida em que estava próximo o momento importante da Ordem do Dia.

O Senador Antonio Carlos Magalhães repreende a Liderança do Partido dos Trabalhadores por não estar presente no local em que ocorreram tais fatos. Àquela hora, às 15h30min, era dever meu aqui estar, como líder do PT no Senado, como costumo fazer diariamente.

Não estou, neste momento, aplaudindo a ação daquelas pessoas, que ali estavam realizando uma manifestação, de forçarem a porta e adentrarem o recinto do Congresso Nacional para assistirem à sessão da Câmara dos Deputados. Mas, de maneira alguma, posso me conformar - também faço o meu veemente protesto - com a maneira pela qual o Senador Antonio Carlos Magalhães referiu-se a segmentos da população brasileira, chamando-os de .......

Ora, Sr. Presidente, muitas das pessoas que aqui estão, as quais vi, hoje de manhã, no ato por um Brasil soberano, vêm de lugares distantes do Brasil. São pessoas que avaliaram como importante chamar a atenção dos representantes do povo, porque sentem com profundidade que, nesta Casa e na Câmara dos Deputados, nem sempre estão as pessoas atentas a um anseio tão profundo. Estão presentes em Brasília trabalhadores rurais, participantes do Movimento dos Sem-Terra, participantes da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Agricultura, participantes de entidades sindicais não apenas pertencentes ao Partido dos Trabalhadores ou relacionados ao PT, à Central Única dos Trabalhadores, mas a muitos outros Partidos, a muitas outras entidades. Trata-se de pessoas que, percebendo que os seus direitos não estão sendo respeitados, são levadas a realizarem atos que podem parecer exageros.

Há muitas ocasiões, na história dos povos, em que pessoas, as mais dignas, são levadas inclusive a cometerem atos revolucionários. Na própria história da Bahia, muitas vezes, lutando pela independência do Brasil, houve pessoas extremamente dignas, que não faziam parte de qualquer....., mas, sim, do povo brasileiro que lutou, antes mesmo de Tiradentes, para que houvesse liberdade, para que o povo brasileiro se tornasse independente. Eu poderia citar muitas ocasiões em que homens e mulheres, as mais dignas, depois foram respeitadas e consideradas como pessoas da mais alta dignidade.

O Senador Antonio Carlos Magalhães, há poucos dias, esteve na terra de George Washington, de Thomas Jefferson, pessoas que participaram de revoluções porque os seus direitos não estavam sendo devidamente considerados.

É possível que essas pessoas hoje se encontrem em condições de perceberem seus direitos ultrajados. Protesto, portanto, em relação à maneira pela qual se referiu o Senador Antonio Carlos Magalhães aos cidadãos que tiveram, provavelmente, motivos extremamente fortes para quererem presenciar a sessão - tão importante para a história do Brasil - durante a qual se votaria a emenda sobre o monopólio do petróleo.


Este texto não substitui o publicado no DCN2 de 08/06/1995 - Página 9878