Pronunciamento de Ney Suassuna em 05/06/1995
Discurso no Senado Federal
PREOCUPAÇÕES COM A PARALISAÇÃO DAS ECONOMIAS LOCAIS, A EXEMPLO DO ESTADO DA PARAIBA.
- Autor
- Ney Suassuna (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PB)
- Nome completo: Ney Robinson Suassuna
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.:
- PREOCUPAÇÕES COM A PARALISAÇÃO DAS ECONOMIAS LOCAIS, A EXEMPLO DO ESTADO DA PARAIBA.
- Publicação
- Publicação no DCN2 de 06/06/1995 - Página 9488
- Assunto
- Outros > POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.
- Indexação
-
- APREENSÃO, ORADOR, PARALISAÇÃO, ECONOMIA NACIONAL, ESPECIFICAÇÃO, ESTADO DA PARAIBA (PB), RESULTADO, ALTERAÇÃO, FUNDO DE PARTICIPAÇÃO DOS MUNICIPIOS (FPM), POLITICA, EXCESSO, JUROS, FIXAÇÃO, CAMBIO, DIFICULDADE, EXPORTAÇÃO, FALTA, MEIO CIRCULANTE, REDUÇÃO, RECEITA, ESTADOS.
- ADVERTENCIA, RESPONSAVEL, POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA, GRAVIDADE, SITUAÇÃO, PREFEITURA MUNICIPAL, ESTADO DA PARAIBA (PB), SIMULTANEIDADE, COBRANÇA, INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (INSS), DIVIDA, MUNICIPIOS, REDUÇÃO, ARRECADAÇÃO, ECONOMIA, ORIGEM, SETOR PRIVADO, FUNDO DE PARTICIPAÇÃO DOS MUNICIPIOS (FPM).
O SR. NEY SUASSUNA (PMDB-PB. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, o assunto que hoje abordo vem preocupando enormemente a Nação brasileira: nossa economia.
Nessa semana, visitei dois Estados, a Paraíba e o Rio de Janeiro. Em ambos, conversei com líderes e, em ambos, vi o quanto estão a população e suas lideranças preocupadas com a paralisação geral da economia.
No caso específico da Paraíba, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, tínhamos uma arrecadação na casa de US$65 milhões/mês; essa arrecadação caiu, surpreendentemente, para US$53 milhões nesse mês que passou. Gastávamos 65% da arrecadação com o pagamento da folha. Neste mês, a folha consumiu 105% da arrecadação, porque se pagou, pela primeira vez, o salário mínimo.
Não bastasse isso, nossa dívida externa, que começamos pagando 9%, meses depois subiu para 11%, chegou a 20% e neste mês pagamos 25% de nossa arrecadação; ou seja, uma situação insustentável.
Isso se deve a uma série de modificações nos fundos de participação, principalmente em relação a medidas provisórias que retiram componentes desse fundo. Se isso é insignificante para o Sul e Sudeste, é mortal para o caso do Nordeste.
Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, para a paralisia do setor público, também colaborou a área privada. Como já disse nesta Casa hoje, a mistura mortífera de juros elevados, com um câmbio que não sofre mudanças há meses - como se neste País não houvesse inflação - dificultam a exportação; com o fato de os depósitos obrigatórios do Banco Central terem sido elevados nos últimos meses, praticamente o meio circulante sumiu; não há dinheiro circulando, o que fez cair mais ainda a receita dos Estados.
Conversando com líderes da área automobilística, fiquei surpreso ao verificar que as montadoras estão com mais de 100 mil carros em seus pátios; as revendedoras estão também lotadas de carros que não foram vendidos nos últimos meses, porque não há compradores.
Por todo esse quadro, quero alertar os responsáveis pela política econômica de que não é possível continuar nesse aperto. Nas prefeituras de meu Estado, ao mesmo tempo em que o INSS cobra a dívida de muitos Municípios, vemos minguar a arrecadação econômica, seja oriunda da área privada, seja originada do Fundo de Participação dos Municípios.
Há duas agravantes no caso do Fundo: uma porque as cidades perderam moradores, o que fez cair sua participação; e outra porque o próprio Fundo perdeu substância, o que fez com que o rateio fosse muito menor.
Então, faço o alerta de que essa mistura de remédios não deve ser venenosa o suficiente para matar o paciente; se continuarmos insistindo nessa dose, é possível que daqui a alguns meses tenhamos muito o que chorar, tamanha a quebradeira que se vai verificar, e não vamos ter quem mobilize, quem dinamize a economia nacional.
Eram esses os dados que queria trazer a V. Exªs, lembrando que é preciso dar remédios, mas a dose não pode ser maior do que a suportável.
Muito obrigado.