Discurso no Senado Federal

CONGRATULANDO-SE COM O TRABALHO DESENVOLVIDO PELO PRESIDENTE DEMISSIONARIO DO BANCO CENTRAL DO BRASIL, SR. PERSIO ARIDA.

Autor
Antonio Carlos Magalhães (PFL - Partido da Frente Liberal/BA)
Nome completo: Antonio Carlos Peixoto de Magalhães
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
BANCOS.:
  • CONGRATULANDO-SE COM O TRABALHO DESENVOLVIDO PELO PRESIDENTE DEMISSIONARIO DO BANCO CENTRAL DO BRASIL, SR. PERSIO ARIDA.
Publicação
Publicação no DCN2 de 09/06/1995 - Página 10128
Assunto
Outros > BANCOS.
Indexação
  • CONGRATULAÇÕES, TRABALHO, PERSIO ARIDA, EX PRESIDENTE, BANCO CENTRAL DO BRASIL (BACEN), ELOGIO, ATUAÇÃO, DEFESA, PLANO, REAL, PRIVATIZAÇÃO, AUXILIO, EFICACIA, GOVERNO, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, PRESIDENTE DA REPUBLICA.

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL-BA. Como Líder, pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o meu objetivo, neste instante, é o de fazer justiça a um homem público que deixa o Governo. O comum é, geralmente, aplaudir os que entram. No caso, desejo aplaudir um que sai.

Desejo congratular-me pelo trabalho desenvolvido no Banco Central pelo Dr. Pérsio Arida. Sem dúvida, foi um fator de êxito do Governo Fernando Henrique Cardoso.

O sucesso da atuação do Banco Central deve ser medido pelos índices de inflação. Quando o Banco Central emite moeda à farta, satisfazendo a todas as pressões, o resultado de início é favorável: a economia cresce aceleradamente, o Governo obtém uma popularidade momentânea. Logo a seguir, no entanto, a hora da verdade chega: a inflação sobe, o desemprego volta e a governabilidade do País fica afetada.

Pérsio Arida teve a firmeza de resistir aos apelos imediatistas, manteve um controle duro sobre a política monetária, impedindo que as pressões inflacionárias voltassem. O resultado está aí: onze meses de programa, inflação da ordem de 1,5% ao mês, sem congelamento, algo que não temos desde o começo dos anos 80.

Muito se falou na banda do câmbio. O fato é que, hoje, o Brasil já logrou a recomposição das suas reservas que, pelo que se saiba, estão elevadas. A taxa de câmbio teve também o seu valor recuperado. No início do ano, estava em 0,83; hoje, está praticamente em 0,91; e, mesmo assim, a inflação não voltou.

O Brasil realizou recentemente no Japão a primeira emissão de títulos da República, desde 1982, no volume de US$1 bilhão, um marco da credibilidade internacional do País.

Outro ponto a destacar é a sua defesa e entusiasmo pela privatização. Antes, como Presidente do BNDES, obteve, em 1993, a espantosa quantia de US$1,4 bilhões de receita através da privatização. Depois, como Presidente do Banco Central, na conduta, sem dogmatismos, pela privatização também de bancos oficiais. Aqueles bem geridos ou sem problemas tiveram vida normal; em outros, o Banco Central não hesitou em lançar mão do Regime da Administração Especial Temporária, salvando as instituições do colapso - como é o caso de dois conhecidos bancos -, preservando as economias estaduais e costurando, caso a caso, o procedimento de privatização.

Falo com conhecimento de causa, porque pude reabilitar, no Governo da Bahia, não só o Estado como também um banco estadual, que ficou livre de qualquer assédio do Banco Central, estando em condições de competir com qualquer banco comercial, graças à não-ingerência da política.

Sem dúvida, a política financeira do País é a do Presidente Fernando Henrique Cardoso, que traça as suas linhas- mestras. O Ministro Pedro Malan é um executor, e ninguém pode negar a inteligência e a competência do Ministro José Serra. Mas é indiscutível que para tudo isso se contou com a genialidade de Pérsio Arida, que é uma das figuras mais brilhantes da nova geração de economistas e administradores brasileiros, merecendo, por isso, ser elogiado. E o faço, neste momento, no Senado da República, para que haja estímulo para um homem público que vai ser substituído pelo Sr. Gustavo Loyola, mas que, sem dúvida, há de ser permanentemente lembrado na vida pública brasileira pelos serviços que prestou, em hora difícil por que passou a Nação.

É este o registro que peço a V. Exª que transmita ao Presidente do Banco Central que deixa o cargo, Sr. Presidente, para que S. Exª saiba que a Nação acompanhou o seu trabalho através do Senado da República.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DCN2 de 09/06/1995 - Página 10128