Discurso no Senado Federal

REUNIÃO HISTORICA COM DIVERSOS SEGMENTOS DA POLITICA DO CENTRO-OESTE, OBJETIVANDO UM PROJETO DE DESENVOLVIMENTO ECONOMICO PARA REGIÃO.

Autor
José Roberto Arruda (PP - Partido Progressista/DF)
Nome completo: José Roberto Arruda
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
DESENVOLVIMENTO REGIONAL.:
  • REUNIÃO HISTORICA COM DIVERSOS SEGMENTOS DA POLITICA DO CENTRO-OESTE, OBJETIVANDO UM PROJETO DE DESENVOLVIMENTO ECONOMICO PARA REGIÃO.
Publicação
Publicação no DCN2 de 10/06/1995 - Página 10189
Assunto
Outros > DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
Indexação
  • COMENTARIO, REALIZAÇÃO, REUNIÃO, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, PARTICIPAÇÃO, GOVERNADOR, ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL (MS), ESTADO DE MATO GROSSO (MT), ESTADO DE GOIAS (GO), ESTADO DO TOCANTINS (TO), DISTRITO FEDERAL (DF), ESTADO DO ACRE (AC), ESTADO DE RONDONIA (RO), SENADOR, DEPUTADO FEDERAL, REITOR, PESQUISADOR, CIENTISTA, SECRETARIO, PLANEJAMENTO, OBJETIVO, APRESENTAÇÃO, PROJETO, DESENVOLVIMENTO ECONOMICO, DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL, DESTINAÇÃO, REGIÃO CENTRO OESTE, TENTATIVA, REDUÇÃO, DESIGUALDADE REGIONAL, PAIS, EXTINÇÃO, PRIVILEGIO, TRATAMENTO, GOVERNO FEDERAL, REGIÃO SUL, REGIÃO SUDESTE.

O SR. JOSÉ ROBERTO ARRUDA (PP-DF. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, trago a esta Casa um tema que é extremamente importante para o Centro-Oeste brasileiro, mas que, na nossa forma de ver, é mais importante ainda para o País.

Na última quarta-feira, no Senado Federal, tivemos uma reunião histórica que reuniu mais de 70 Parlamentares - Senadores e Deputados Federais do Centro-Oeste brasileiro - e os 7 Governadores que compõem essa Região. O Governador do Mato Grosso do Sul, Wilson Martins; o Governador do Mato Grosso, Dante de Oliveira; o Governador de Goiás, Maguito Vilela; o Governador de Tocantins, Siqueira Campos; o Governador de Brasília, Cristovam Buarque; e, ainda, os Governadores do Acre e de Rondônia.

Reuniu também os reitores das universidades de todas essas unidades da Federação; reuniu pesquisadores, cientistas, pensadores, secretários de planejamento desses Estados e, no mesmo dia, levamos ao Presidente da República, numa audiência histórica, um projeto objetivo de desenvolvimento econômico do Centro-Oeste brasileiro.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é importante destacar que nesse projeto que levamos ao Presidente Fernando Henrique Cardoso existem algumas premissas básicas.

A primeira delas é que, passada a revisão constitucional, e mesmo antes dela, o Brasil já retoma níveis bastante grandes de crescimento econômico e já se modela no cenário sócio-econômico nacional um novo período de desenvolvimento.

A primeira premissa desse projeto é que o Brasil não poderia cometer o equívoco de, mais uma vez, concentrar o modelo de desenvolvimento nos Estados do Sul e Sudeste, em detrimento das regiões mais pobres e, principalmente, em prejuízo de um modelo de desenvolvimento que diminuísse as desigualdades regionais do nosso País.

A segunda premissa é que o Centro-Oeste brasileiro, que tem solo fértil, tem água abundante, tem estradas, tem um clima fantástico para a agricultura - porque sabemos aqui exatamente quando chove e quando faz seca, não há nenhum acidente climático importante - tem uma baixíssima densidade demográfica, tem riquezas naturais. Portanto, por todas essas razões, tem todas as condições macroeconômicas para sediar um novo período de desenvolvimento.

Uma terceira premissa, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é a de que o Centro-Oeste brasileiro é a última fronteira agrícola a ser explorada no mundo e, mais do que isto: é uma faixa de terras férteis que, de um lado, divisa com a Amazônia e, do outro, com o Pantanal, os dois ecossistemas mais importantes ainda preservados em todo mundo.

Por isso mesmo, esse Projeto de Desenvolvimento levado ao Presidente Fernando Henrique Cardoso, tratava de limitar, nas divisas com a Amazônia e com o Pantanal, um processo de desenvolvimento agrícola que fosse capaz de não agredir o meio ambiente, que fosse capaz de gerar, nesse pedaço de solo brasileiro, um modelo de desenvolvimento auto-sustentável.

Nós estamos convencidos, e toda a Bancada do Centro-Oeste brasileiro, de que as circunstâncias históricas dão ao Presidente Fernando Henrique Cardoso e a todas as lideranças políticas do Centro-Oeste brasileiro a oportunidade ímpar de resgatar os ideais do Presidente Juscelino Kubitschek que, quando construiu Brasília, não imaginava apenas uma cidade bonita para ser a capital do País, sonhava muito mais: na interiorização do desenvolvimento nacional. Este, aliás, foi um sonho que habitou os ideais dos bandeirantes, que habitou os sonhos mais utópicos de várias gerações de brasileiros, e este é o sonho que nos une neste momento.

Foi histórica a reunião da última quarta-feira, porque nunca o Centro-Oeste brasileiro conseguiu reunir, no Congresso Nacional, os sete Governadores, os Secretários de Planejamento, os Reitores de todas as universidades, e, mais do que isso, as idéias e os sonhos de toda uma população que não quer mais assistir de braços cruzados à concentração de riquezas sempre numa mesma região do País.

O Senado Federal, mais que símbolo, é a própria Casa do Federalismo. Aqui, os Estados ricos, populosos, desenvolvidos, são representados por três Senadores cada um. Da mesma forma os Estados pobres, menos desenvolvidos e menos populosos também têm nesta Casa três Senadores. O Senado é, portanto, o próprio espírito federativo.

Gostaria de registrar, neste momento, dentro da idéia do Federalismo, dentro da idéia do desenvolvimento, que deve ser harmônico, equilibrado, com uma variável clara de diminuição das desigualdades regionais, que a Região Centro-Oeste, acima das eventuais diferenças partidárias ou ideológicas, apresentou consensualmente um modelo de desenvolvimento integrado, auto-sustentável, capaz de preservar o meio ambiente, de aumentar a produção agrícola, capaz, enfim, de sediar um novo período de desenvolvimento para o Brasil.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, estou absolutamente convencido de que, se o Brasil redirecionar os rumos da sua economia, admitir o capital privado nos setores produtivos da economia, redesenhar o papel do Estado na sociedade desejada, todos deveremos estar atentos para não cometer o mesmo erro de concentração de renda numa camada da sociedade e numa região do País. Eu repetiria aqui as palavras de Pablo Neruda, de quem gosto muito: "Por que cometer os mesmos erros, se há tantos erros novos a serem cometidos?"

Seria preferível que, nesse novo modelo de desenvolvimento, tivéssemos a ousadia e a coragem de investir numa região que é próspera, fértil, e que será capaz, com certeza - os estudos científicos o demonstram - de aumentar a capacidade produtiva e a riqueza nacional.

Era esse o registro que gostaria de fazer. Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DCN2 de 10/06/1995 - Página 10189