Fala da Presidência no Senado Federal

FALA ASSOCIATIVA AS HOMENAGENS PRESTADAS AO JORNALISTA CARLOS CASTELLO BRANCO.

Autor
José Sarney (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AP)
Nome completo: José Sarney
Casa
Senado Federal
Tipo
Fala da Presidência
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • FALA ASSOCIATIVA AS HOMENAGENS PRESTADAS AO JORNALISTA CARLOS CASTELLO BRANCO.
Publicação
Publicação no DCN2 de 23/06/1995 - Página 10760
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, CARLOS CASTELLO BRANCO, JORNALISTA, ESTADO DO PIAUI (PI).

O SR. PRESIDENTE (José Sarney) - Cumprida a finalidade desta reunião, cabe à Presidência do Senado Federal agradecer a presença do Exmº Sr. vice-Presidente da República, Marco Maciel, um dos signatários, ainda como Senador, do requerimento para que o Senado da República prestasse esta homenagem.

Quero agradecer a presença da Ministra Elvia Lordello Castello Branco, viúva do jornalista Carlos Castello Branco, sua companheira dedicada durante toda a sua vida, intelectual, jurista, mulher de grande personalidade, que sempre esteve ao seu lado, e, para melhor homenageá-lo, nunca caudatária da sua glória.

Quero agradecer a presença de todos que aqui se encontram, das Srªs e Srs. Senadores e Deputados, dos Srs. Ministros do Tribunal de Contas da União, do Sr. General representante do Ministro-Chefe das Forças Armadas, dos Srs. Diplomatas, dos Srs. Embaixadores, e dos Senhores e das Senhoras.

Deu-me a vida a ventura de comungar da amizade mais estreita com Carlos Castello Branco. Isso, contudo - para mostrar a dimensão do homem que o Senado Federal está homenageando -, como bem ressaltaram os oradores desta Casa, jamais o pertubou na análise isenta, no julgamento exato daquilo que cada um de nós representávamos na política brasileira.

Ele gostava de dizer que era um simples repórter, e como repórter tinha um compromisso com a verdade. Jamais colocava a sua paixão, jamais colocava os seus sentimentos pessoais para perturbar a linha de pureza, de extraordinária grandeza e de talento como ele exercia a profissão de jornalista.

Deu-me também o destino a felicidade e a ventura de presidir esta sessão em homenagem a Carlos Castello Branco. Já há muito escrevi sobre ele. Ao longo de sua vida, eu o recebi na Academia Brasileira de Letras, dei-lhe as saudações de chegada. Fui o orador da solenidade dos seus 50 anos. Depois da sua morte também tive oportunidade de prestar testemunho sobre a sua vida e a sua obra.

Nenhuma Casa, como ressaltou o Senador Antonio Carlos Magalhães, nenhuma instituição deste País tem deveres maiores com a memória de Carlos Castello Branco do que o Congresso Nacional, porque não passou um só dia, quando o Congresso esteve fechado, em que Castello não encontrasse, através do seu talento, com as restrições todas que existiam para o exercício do jornalismo, uma maneira de falar na abertura do Congresso Nacional. Ele tinha a consciência de que o Congresso Nacional é o âmago, o coração, a própria democracia. E ele sabia que sem Congresso forte não há democracia forte, e sem Congresso não há, de nenhuma maneira, um regime que desejamos ter, sempre, do povo para o povo e pelo povo.

Carlos Castello Branco, como bem acentuaram os oradores que falaram em nome do Senado Federal, não é só o grande jornalista do nosso tempo. Ele é um dos grandes jornalistas da história do jornalismo brasileiro. Ele pode ficar ao lado de Evaristo da Veiga, de Joaquim Serra, de Quintino Bocaiúva, na mesma dimensão, com a mesma grandeza, no exercício da liberdade de imprensa, que praticou com o seu talento e os seus ideais.

Foi Castello, mais ainda do que todos esses, porque se situa no nosso tempo e no nosso século, o consolidador do jornalismo de análise no Brasil, em que o jornalismo deixava a fase panfletária, deixava a fase da crônica para ser o jornalismo de análise, quase aquilo que ele fazia mesmo através dos fatos, que era o ensaio político.

Tentou fazer assim Tobias Monteiro, no princípio do século, ao lado de Joaquim Nabuco, que também em muitas partes da sua obra é um jornalista extraordinário, ao retratar, em Um Estadista do Império, o que eram as figuras importantes do seu tempo e da sua época.

Portanto, o Senado Federal, nesta manhã, apenas cumpre com o seu dever, ressaltando e revivendo a memória de um grande jornalista e de um grande político, porque o jornalista político é, sem dúvida, o político que escolhe o jornalismo para, através dele, pregar as suas idéias e ser o evangelizador das suas causas, aquelas em que ele acredita.

Era assim Carlos Castello Branco, e sua memória é a memória do Brasil.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DCN2 de 23/06/1995 - Página 10760