O SR. EPITACIO CAFETEIRA (PPR-MA. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, no final da semana, o jornal Correio Braziliense publicou de página inteira uma reportagem com o título "Livres para voar". Apresenta Senadores que teriam ao fundo o relógio no momento que eles teriam marcado sua presença e na hora de viajar. O relógio foi montagem, mas causou-me espanto e constrangimento ler aquela reportagem.

Portanto, Sr. Presidente, como a reportagem se referia ao meu nome, embora não tenha tido direito a uma fotografia como os demais tiveram, dirigi, hoje, ao Sr. Luiz Alberto Weber, autor da reportagem, a seguinte carta:

      "Li, entre surpreso e constrangido, a reportagem de sua autoria, LIVRES PARA VOAR, publicada na edição do dia 25 último, na página 10 do Correio Braziliense.

      Talvez não tenha sido desejo de V. Sª expor à execração pública senadores que, por suas vidas públicas e comportamentos exemplares, merecem o respeito do povo brasileiro. A verdade, no entanto, é que eles foram duramente atingidos em suas imagens.

      Não tenho dúvidas de que esse tipo de reportagem e cobrança feita por V. Sª só se tornou possível porque a atual Mesa Diretora do Senado Federal transformou o painel de votação - adquirido com a finalidade de agilizar as deliberações - em "livro de ponto", único em todos os Senados do mundo.

      Hoje, V. Sª cobra não a presença do Senador na sessão, mas a sua permanência até o encerramento da mesma. Amanhã, certamente, estará V. Sª querendo cobrar a hora de chegada e saída dos parlamentares.

      Nenhuma instituição merecerá o respeito do povo se cada um de seus membros não for, também, respeitado.

      No que me diz respeito, sinto-me à vontade para questionar, já que moro em Brasília e sou dos mais assíduos parlamentares, e quero ressaltar dois pontos que considero fundamentais:

      1 - Não dei nenhuma entrevista a V. Sª, razão pela qual estranhei a colocação de palavras como se as tivesse proferido;

      2 - a alegação de que usei o expediente de marcar freqüência e viajar imediatamente na "sexta-feira (17)", não procede. Realmente viajei na sexta-feira, mas dia 16 e às 14horas e 30 minutos, quando já não mais havia Sessão do Senado Federal, no vôo RG 403, para o Rio de Janeiro, conforme fotocópia ampliada do bilhete de passagem 105031776-3 da VARIG S.A. (cuja fotocópia estou anexando), tendo retornado a Brasília no dia seguinte, sábado (17)."

Estou enviando cópia desta carta ao Dr. Paulo Cabral de Araújo, Diretor-Presidente do Correio Braziliense, porque tenho a certeza do respeito e consideração que dedica ao Poder Legislativo, até porque, sem Legislativo não há Democracia e, sem Democracia, não haverá, jamais, liberdade de imprensa.

Essa a comunicação que queria fazer, Sr. Presidente, a V. Exª, aos Srs. membros da Mesa, a todos os meus colegas, porque hoje nos cobram se estamos aqui no dia. Já começou a cobrança para saber se saímos antes de encerrar a sessão. Posteriormente, saberão a que horas chegamos para marcar esse malfadado ponto. A que horas chegamos e a que horas saímos.

Sr. Presidente, não pode o Senado Federal levar esse constrangimento aos representantes do povo brasileiro.

Era o que tinha a dizer.