Discurso no Senado Federal

COMENTARIOS SOBRE O RELATORIO DA SITUAÇÃO SOCIOECONOMICA DE IMPERATRIZ-MA, NO QUAL SÃO APONTADAS SUGESTÕES PARA A SOLUÇÃO DO IMPASSE ECONOMICO EM QUE SE ENCONTRA AQUELE MUNICIPIO.

Autor
Edison Lobão (PFL - Partido da Frente Liberal/MA)
Nome completo: Edison Lobão
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA INDUSTRIAL.:
  • COMENTARIOS SOBRE O RELATORIO DA SITUAÇÃO SOCIOECONOMICA DE IMPERATRIZ-MA, NO QUAL SÃO APONTADAS SUGESTÕES PARA A SOLUÇÃO DO IMPASSE ECONOMICO EM QUE SE ENCONTRA AQUELE MUNICIPIO.
Publicação
Publicação no DCN2 de 11/08/1995 - Página 13780
Assunto
Outros > POLITICA INDUSTRIAL.
Indexação
  • COMENTARIO, RELATORIO, SITUAÇÃO, NATUREZA SOCIAL, NATUREZA ECONOMICA, EXPOSIÇÃO, REIVINDICAÇÃO, MUNICIPIO, IMPERATRIZ, ESTADO DO MARANHÃO (MA), IMPLANTAÇÃO, INDUSTRIA, PRODUÇÃO, AÇO, PAPEL, MOVEIS, OBJETIVO, SOLUÇÃO, CRISE, IMPASSE, ECONOMIA, REGIÃO, RIO TOCANTINS.
  • COMENTARIO, EMPENHO, ORADOR, EPOCA, GESTÃO, GOVERNADOR, ESTADO DO MARANHÃO (MA), PROMOÇÃO, DESENVOLVIMENTO ECONOMICO, MUNICIPIO, IMPERATRIZ.
  • SOLICITAÇÃO, ANEXAÇÃO, RELATORIO, SITUAÇÃO, NATUREZA SOCIAL, NATUREZA ECONOMICA, AUTORIA, LIDERANÇA, ENTIDADE, MUNICIPIO, IMPERATRIZ, ESTADO DO MARANHÃO (MA).

O SR. EDISON LOBÃO (PFL-MA.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Município de Imperatriz, às margens do Tocantins, é conhecido em todo o País como um exemplo da coragem desbravadora do povo brasileiro.

No início da sua jovem história, para lá acorreram brasileiros de todos os quadrantes nacionais, atraídos pela fertilidade das suas terras e por suas riquezas naturais. Em pouco tempo, transformaram o Município no mais promissor de todo o Estado do Maranhão. Rasgaram-se estradas, revolveram-se terras para as plantações, e dezenas de milhares de pessoas, nascidas na região ou vindas de outras plagas, estimularam o surgimento de um comércio fervilhante.

Ali iniciei a minha vida política enquanto exerci a profissão de jornalista em Brasília.

Merecendo a amizade pessoal do então Presidente Ernesto Geisel - o Presidente que a história pátria já inscreveu como o grande General que possibilitou a reabertura democrática -, obtive do seu Governo a titularidade, aos seus respectivos ocupantes, de todos os lotes na cidade que surgia com a força de um vulcão.

Sim, ninguém em Imperatriz, ocupando terrenos, era proprietário do solo onde plantara a própria casa! Esse detalhe é bem indicativo do desbravamento de uma terra virgem em plena selva amazônica.

Ainda como jornalista profissional em Brasília, também consegui das autoridades federais, entre outros benefícios reclamados pelo jovem Município, a solução emergencial para a crise de energia que fazia empacar o progresso da região.

Possibilitamos a permanência da Faculdade de Educação de Imperatriz e criamos a Universidade Federal para toda a Região Tocantina. À mesma época, contribuímos para a ampliação do asfaltamento da cidade e do seu serviço de distribuição de água. Conseguimos a implantação na região de dezenas de escolas, reclamadas pela emergente população tocantina.

E foi assim que me iniciei na política, alçado pelas mãos calejadas e generosas daqueles bravos conterrâneos de Imperatriz, e apoiado com entusiasmo por aquelas mulheres, orgulho de nosso Estado, tão representativas da feminilidade da maranhense!

Em pouco tempo, muito pouco tempo - e bem o sabem todos os meus ilustres Pares, especialmente o preclaro Presidente desta Casa -, Imperatriz conquistou a posição de o maior centro urbano do interior da Amazônia, de onde se irradiavam progresso e desenvolvimento para uma extensa área do Maranhão e de Estados vizinhos.

Pois bem. Pasmem os meus ilustres Colegas: a bela, jovial e dinâmica Imperatriz está em crise!

Na porta de entrada da Amazônia, cercada por riquezas naturais, servida pela Estrada de Ferro Carajás, a melhor do País; banhada pelo rio Tocantins; cortada no seu coração pela rodovia Belém-Brasília, e aguardando a conclusão da Ferrovia Norte-Sul - Imperatriz está em crise, de pés e mãos atados que atravancam o seu desenvolvimento!

Os empreendedores de Imperatriz, como Vossas Excelências verificarão no 'Relatório da Situação Sócio-Econômica' que darei conhecimento mais adiante, apontam sugestões que liberariam a região do travamento a que está submetida. E os instrumentos para isso são simples e modestos, mas irrealizáveis sem o apoio de uma política correta de crédito e da vontade política do poder público.

Imperatriz apenas pede ajuda para que lá se implante uma aciaria, aproveitando-se economicamente o seu ferro gusa; que se amplie a sua indústria moveleira, usufruindo-se o madeirame nobre da Amazônia; e que seja sediada em seu território municipal a programada indústria de papel e celulose CELMAR, um empreendimento que não tardará, para o aproveitamento das matas já semeadas na região com essa finalidade.

Alguns dentre Vossas Excelências talvez me interroguem por que eu, quando Governador do Estado a partir de 1991, não ofereci a Imperatriz oportunidades ainda maiores de ampliação de seu parque industrial?...

Ofereci, sim! E só Deus sabe porque não pude fazê-lo em extensão ainda maior. Recebera um Estado praticamente falido e desacreditado perante seus credores nacionais e internacionais. Em três anos de governo, fui obrigado a arrumar as contas maranhenses. Não tendo obtido um só centavo de novos empréstimos, defrontei-me com uma dívida, contraída por antecessores meus, de 1 bilhão e 650 milhões de dólares para ser negociada e parcialmente paga, o que fiz em termos suficientes para se devolver ao Maranhão a credibilidade de um devedor pobre, mas altaneiro e digno. 

Tercei armas contra os sonegadores, levando-os de vencida com a ajuda da informática, e assim criei receitas para o pagamento mais justo e pontual do funcionalismo, bem como a contratação, por concurso público, de milhares de novos servidores, especialmente professores do primeiro e segundo graus para o interior do Estado.

Graças às novas receitas, pude realizar obras importantíssimas, que se tornavam inadiáveis como alavancas do desenvolvimento do Estado, especialmente as estradas, vinculadas ao transporte de produtos agrícolas; a construção e reforma de escolas, e, entre outras, as que podiam incrementar a fonte de ouro do turismo inexistente no Maranhão.

Impus critérios técnicos na reorganização do Banco do Estado do Maranhão, que alcançou um dos mais excepcionais desempenhos em confronto com outras organizações bancárias, mesmo nos piores períodos da estagflação que ainda persegue os que desejam criar e empreender coisas em nosso País.

Para Imperatriz, o meu berço político que merece a minha imorredoura amizade e carinho - pois considero-me um dos seus filhos -, fiz como Governador o que pude fazer dentro das limitações impostas pelos graves problemas financeiros do Estado. Concluímos todo o seu sistema de tratamento e abastecimento d´água, obra fundamental para os imperatrizenses. Graças a isto foi-me possível a ampliação de 20 mil para 42 mil consumidores de água tratada de boa qualidade.

Na minha administração no Governo do Maranhão, Senhoras e Senhores Senadores, levei a energia elétrica a quase todos os novos bairros de Imperatriz e a diversos dos seus povoados. Ampliei em mais do dobro o efetivo policial responsável pela segurança da cidade e acabamos com o roubo de carros, que era um tormento para os proprietários de veículos.

Ali construímos dezenas de escolas de primeiro e segundo graus e iniciamos a construção da maior escola de segundo grau do Estado do Maranhão, concluída pela administração José Fiquene, que me honrara nas suas funções de Vice-Governador e me sucedeu na Chefia do Governo.

Tive a feliz oportunidade de mandar restaurar o piso deteriorado das ruas de Imperatriz e determinar o asfaltamento de dezenas e dezenas de novas ruas da cidade.

A construção, pelo meu Governo, do belíssimo viaduto sobre a BR-010 - Belém-Brasília -, na parte central da cidade, foi uma das minhas mais aplaudidas obras, pois atendeu a uma velha aspiração de Imperatriz, e que jamais fora realizada pelo Governo Federal, como era do seu dever.

Vejam Vossas Excelências que foi enorme, para não dizer excepcional, o esforço que desenvolvi para implementar em Imperatriz o que ao meu Governo foi possível fazer, nela estruturando as bases merecidas por um grande centro urbano, e que lhe permitem saltos mais avançados para o futuro. 

Os imperatrizenses sabem disso e a aferição desse reconhecimento está nas votações que minha candidatura a Senador continuou a receber daqueles meus irmãos e irmãs!

Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Senadores.

Como diz o Eclesiastes, há tempo para tudo, e creio eu que é chegado o tempo de se oferecer à brava gente de Imperatriz o que ela considera adequado para a recuperação do dinamismo próprio dos que lá estão e labutam.

As reivindicações contidas no 'Relatório', assinado pelas lideranças mais representativas do Município, são absolutamente justas e factíveis. Implantar-se ali a indústria de papel e celulose, a CELMAR, será uma decisão inteligente e de alto interesse público. A pretendida indústria de aciaria e a ampliação da indústria moveleira seriam igualmente possíveis através de crédito facilitado que se pudesse oferecer à iniciativa privada, e aí entra provavelmente o dever social dos Bancos estatais, especialmente o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e o Banco do Estado do Maranhão, que teriam muito a ganhar, como entidades bancárias, se possibilitassem tais empreendimentos naquela região.

Os pioneiros de Imperatriz já deram provas da sua capacidade de "saber fazer" e agora apenas pedem as condições para "voltar a fazer".

Imperatriz pode contar comigo agora e sempre, como contou no passado.

Em relação à CELMAR, mantive contatos hoje com o ilustre Presidente da Companhia Vale do Rio Doce, Dr. Francisco Schettino, e dele obtive as seguintes informações:

1 - o projeto será acelerado a partir de agora. O BNDES acaba de conceder um crédito de 80 milhões de reais para liberação imediata;

2 - o Governo Federal atribui prioridade ao projeto e faz contato com autoridades e empresários japoneses, que agora se interessam vivamente pela indústria de celulose no Brasil;

3 - conquanto não tenha havido ainda uma decisão final por sediar a fábrica em Imperatriz, a Companhia Vale do Rio Doce sensibiliza-se com os nossos argumentos e tudo conduz no sentido do atendimento desta reivindicação.

Também a Vale quer oferecer sua contribuição ao desenvolvimento da cidade.

Acrescento, Senhor Presidente e Senhores Senadores, que as pesquisas e a aquisição de áreas para a plantação de eucaliptos, matéria prima da celulose, já vêm de alguns anos. Neste momento, a Companhia Vale do Rio Doce já tem devidamente selecionados os espécimens ideais do eucalipto a serem produzidos na Região Tocantina.

Entre Imperatriz e Açailândia estão em franca ampliação os canteiros de clones (mudas), que serão espalhados por milhares e milhares de hectares de propriedade da Vale.

A CELMAR é uma indústria cujo investimento ascende a um milhão e duzentos milhões de dólares e que em si mesma promoverá uma verdadeira revolução econômica na poderosa Região Tocantina, sendo capaz, portanto, de alterar sua paisagem econômico-social. Milhares de novos empregos diretos e indiretos serão gerados em toda a região. Os Municípios de Imperatriz, Açailândia, João Lisboa, Montes Altos, Amarante, Sítio Novo, Porto Franco, Estreito, bem como as regiões vizinhas, serão altamente beneficiados com a presença desta formidável indústria em via de implantação.

A infra-estrutura de Imperatriz - Aeroporto asfaltado, abastecimento d´água, energia farta, redes de telefonia e fax, ferrovia, banhada pelo rio Tocantins e outros aparelhamentos - é considerada indispensável e, neste caso, adequada a uma indústria da magnitude pretendida para a CELMAR.

Cumprimento a todos os tocantinenses, entre os quais me incluo, pela expectativa de mais essa vitória que esperamos se efetive rapidamente em benefício da Região e de todo o Estado do Maranhão.

Como vêem Vossas Excelências, são muitas as razões que me fazem feliz neste pronunciamento, pois há uma luz brilhante, ao fim do túnel, anunciando um futuro promissor para a minha Região Tocantina. 

Senhor Presidente, peço que faça parte integrante do meu discurso 

o 'Relatório da Situação Sócio-Econômica de Imperatriz', documento firmado pelas mais importantes lideranças do Município, que ora anexo a estas páginas. 

Ressalte-se o harmônico consenso a que chegaram representantes patronais e trabalhistas, acordes nas soluções que devolverão o progresso àquela importante comunidade do meu Estado.

Era o que tinha a dizer.

Obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DCN2 de 11/08/1995 - Página 13780