O SR. EDUARDO SUPLICY (PT-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, como Líder do PT, eu gostaria de reiterar que considero importante o Líder do Governo nos esclarecer fatos da maior relevância que estão sendo objeto da atenção de todos, especialmente dois pontos que demandam melhor conhecimento dos representantes no Senado e no Congresso Nacional.

Em primeiro lugar, a decisão que o Governo está anunciando sobre o Banco Econômico. O próprio Líder do Governo, na tarde de hoje, deu entrevistas à imprensa, relatando que o Governo teria chegado a uma decisão após ter decretado a intervenção no mais antigo Banco privado do Brasil, o Banco Econômico, com 161 anos. Obviamente essa decisão causou extraordinária preocupação aos clientes daquela instituição financeira. Não é à toa que senadores e deputados da Bahia manifestaram sua preocupação. Causa surpresa o fato de hoje o Governo ter anunciado que o Banco privado mais antigo do País passará ao controle do Estado da Bahia. Antes de fazer qualquer juízo sobre a propriedade dessa decisão, colocamos algumas indagações.

Um Governo que anuncia a privatização de instituições financeiras, que anuncia o seu desejo de ter o BANESPA e o BANERJ privatizados, estará, no caso do Banco Econômico, concretizando a sua decisão de estadualizar? Que razões o estão levando a isso?

É compreensível a reação daqueles que perguntaram como podem ser garantidos os depósitos dos que têm recursos no BANESPA e no BANERJ, como também é compreensível a reação daqueles que têm depósito no Banco Econômico, os quais contam com a garantia de sacarem apenas R$5.000.

É natural que sejam feitas essas perguntas, que precisam ser respondidas. Quais foram as razões que levaram o Banco Econômico a sofrer intervenção? É verdade que diretores do Banco Econômico sacaram R$167.000.000, logo antes da intervenção, como foi mencionado pelo Senador Lauro Campos e noticiado no Correio Braziliense de hoje? São corretas as informações da revista Veja, segundo as quais o Banco Econômico realizou empréstimos substanciais da ordem de US$20 milhões para empresas que não apresentavam garantias suficientes? Qual é a natureza da decisão? Precisamos saber, e é por esta razão que faço este registro.

Em segundo lugar, Sr. Presidente, também considero extremamente importante que possa a Liderança do Governo esclarecer melhor o episódio relativo ao Secretário de Acompanhamento Econômico, Sr. José Milton Dallari, sobre o fato de ter um assessor que se apresentava como membro do Ministério da Fazenda, e que na verdade não o era, e as explicações de Dallari que hoje apareceram na imprensa, dizendo que ele próprio havia se surpreendido com o cartão de visitas desse assessor, em que constava ser funcionário do Ministério da Fazenda. Como o Secretário estranha esse fato, se esse funcionário estava sempre ao seu lado em muitas das reuniões em que ele recebia empresários? Fica difícil aceitarmos esse tipo de procedimento.

Na medida em que o Senador Elcio Alvares se dispôs a esclarecer estes episódios, que possa fazê-lo o quanto antes, no plenário e da tribuna do Senado, que é o local apropriado para esclarecimentos sobre os principais problemas nacionais.

Muito obrigado, Sr. Presidente.