Discurso no Senado Federal

CONTRADIÇÃO DO PFL NO PROCESSO DE PRIVATIZAÇÃO DO PAIS, QUANDO TORNA POSSIVEL A ESTATIZAÇÃO DO BANCO ECONOMICO.

Autor
Eduardo Suplicy (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Eduardo Matarazzo Suplicy
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
BANCOS.:
  • CONTRADIÇÃO DO PFL NO PROCESSO DE PRIVATIZAÇÃO DO PAIS, QUANDO TORNA POSSIVEL A ESTATIZAÇÃO DO BANCO ECONOMICO.
Publicação
Publicação no DCN2 de 17/08/1995 - Página 14009
Assunto
Outros > BANCOS.
Indexação
  • QUESTIONAMENTO, CONTRADIÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA FRENTE LIBERAL (PFL), DEFESA, PROCESSO, PRIVATIZAÇÃO, ECONOMIA, SIMULTANEIDADE, SOLICITAÇÃO, ESTATIZAÇÃO, BANCO PARTICULAR, ESTADO DA BAHIA (BA).
  • COMENTARIO, IMPORTANCIA, PRESENÇA, PEDRO MALAN, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA FAZENDA (MF), GUSTAVO LOYOLA, PRESIDENTE, BANCO DO BRASIL, SENADO, ESCLARECIMENTOS, INTERVENÇÃO, BANCO PARTICULAR, ESTADO DA BAHIA (BA).
  • SOLICITAÇÃO, ANTONIO CARLOS MAGALHÃES, SENADOR, ESCLARECIMENTOS, DENUNCIA, IRREGULARIDADE, ATUAÇÃO, DIRETOR, BANCO CENTRAL DO BRASIL (BACEN).

O SR. EDUARDO SUPLICY (PT-SP. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Em primeiro lugar, Sr. Presidente, é preciso registrar o fenômeno político de extraordinária contradição em que se envolve o Partido da Frente Liberal. O partido que tem sustentado o processo de privatização da economia, na hora em que o mais antigo Banco privado do País está em dificuldades, com 161 anos, conforme ressaltou o Senador Antonio Carlos Magalhães, solicita a estatização do Banco, através do Estado da Bahia, para que possa salvá-lo.

De um lado, há que se compreender a angústia de todos aqueles que são clientes do Banco Econômico, e isso, sem dúvida, afeta todo o povo da Bahia, do Nordeste e também do Sul, do Sudeste, onde há agências desse Banco.

É interessante observar este movimento previsto pelo Senador Lauro Campos, em seu artigo ontem mencionado, em 1984, ou seja, o dia em que os bancos privados iriam solicitar a estatização de suas próprias instituições. São os próprios diretores, os próprios acionistas do Banco Econômico que, para salvarem o seu patrimônio, o que porventura possa restar, e principalmente grandes patrimônios, é que estão solicitando que o Estado venha a intervir.

Sr. Presidente, Srs. Senadores, em outra oportunidade farei uma análise, a mais sensata e equilibrada possível, sobre o tema que, há poucas semanas, o Senador Antonio Carlos Magalhães levantou: os privilégios para o Estado de São Paulo. É preciso se fazer uma análise bastante equilibrada dos recursos gerados no Estado de São Paulo e quanto efetivamente retorna e é redistribuído para toda a Nação. Isso será colocado nos devidos termos.

Se o Presidente Fernando Henrique Cardoso está dizendo que não irá colocar nenhum recurso do Tesouro para salvar o Banco Econômico, como explicar os recursos que o Banco Central já colocou e ainda deverá colocar para, nos próximos dias, salvar a instituição? O que acontecerá no momento em que todas as pessoas jurídicas e físicas puderem retirar seus recursos? Desejo que seja bem sucedida a operação de resgate. É o apelo que fazem todos para que se coloquem recursos naquela instituição. Entretanto, será inevitável que o Banco Central ainda coloque recursos se quiser salvar a instituição.

Sr. Presidente, V. Exª já faz menção de acionar a campainha, o que não fez para os que me antecederam.

O SR. PRESIDENTE (Júlio Campos) - A Presidência ia tocar a campainha para advertir o Plenário sobre o barulho, a fim de exigir mais atenção ao pronunciamento de V. Exª.

O SR. EDUARDO SUPLICY - Sr. Presidente, há casos que precisam ser esclarecidos, e certamente a presença do Presidente do Banco Central e do Ministro da Fazenda no Senado, na próxima terça-feira, será da maior importância.

Mas há perguntas que ficam no ar. Como foi possível, por exemplo, à Norquisa, sendo o Banco Econômico o seu maior acionista individual, com 22% das ações, ter sido a líder na compra de ações da Copene? Como foi possível à Norquisa participar, num momento de crise tão séria do Banco Econômico, do leilão de ações da Copene? Isso precisa ser esclarecido.

O próprio interventor, Francisco Flávio Sales Barbosa, transmitiu a sua preocupação diante de extraordinárias retiradas havidas junto ao Banco Econômico por parte de diversos depositantes, que, nos três dias anteriores à intervenção, sacaram recursos em larga extensão.

Assim, Sr. Presidente, precisamos aprofundar o questionamento sobre o que de fato aconteceu.

Agora, mais do que natural, Senador Antonio Carlos Magalhães, a imprensa registrou que V. Exª tinha dito que gostaria de obter esclarecimentos em relação a uma série de questões relativas aos diretores do Banco Central.

Avalio ser mais do que sensato que qualquer cidadão ou jornalista, este seu colega ou qualquer outro, no Senado Federal, como já o fizeram, hoje, os Senadores Ney Suassuna e Sérgio Machado, queira fazer indagações a V. Exª. Em sabendo de fatos sérios relativos a quem esteja, atualmente, administrando instituições como o Banco Central, como quaisquer organismos oficiais, é mais do que natural que venhamos a solicitar o pleno esclarecimento. Do contrário, fica a hipótese de que os fatos continuam a ocorrer, em que pese o conhecimento, por parte de V. Exª, de fatos graves que deveriam ser objeto de conhecimento de toda a Nação.


Este texto não substitui o publicado no DCN2 de 17/08/1995 - Página 14009