Discurso no Senado Federal

SOLICITANDO A MESA, REITERAÇÃO DO REQUERIMENTO DE INFORMAÇÃO DE SUA AUTORIA AO MINISTRO DO PLANEJAMENTO. DEFESA DA CRIAÇÃO DA REPRESENTAÇÃO REGIONAL DO MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES EM MANAUS. PARABENIZANDO O SR. PRESIDENTE DA REPUBLICA PELA APROVAÇÃO DE PROJETO DE LEI QUE BENEFICIARA OS SERVIDORES PUBLICOS DOS EX-TERRITORIOS. COMENTARIOS SOBRE O EPISODIO DO BANCO ECONOMICO.

Autor
Sebastião Bala Rocha (PDT - Partido Democrático Trabalhista/AP)
Nome completo: Sebastião Ferreira da Rocha
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
MINISTERIO DO PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO (MPO), REQUERIMENTO DE INFORMAÇÕES. POLITICA EXTERNA. POLITICA SALARIAL. BANCOS.:
  • SOLICITANDO A MESA, REITERAÇÃO DO REQUERIMENTO DE INFORMAÇÃO DE SUA AUTORIA AO MINISTRO DO PLANEJAMENTO. DEFESA DA CRIAÇÃO DA REPRESENTAÇÃO REGIONAL DO MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES EM MANAUS. PARABENIZANDO O SR. PRESIDENTE DA REPUBLICA PELA APROVAÇÃO DE PROJETO DE LEI QUE BENEFICIARA OS SERVIDORES PUBLICOS DOS EX-TERRITORIOS. COMENTARIOS SOBRE O EPISODIO DO BANCO ECONOMICO.
Publicação
Publicação no DCN2 de 17/08/1995 - Página 14017
Assunto
Outros > MINISTERIO DO PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO (MPO), REQUERIMENTO DE INFORMAÇÕES. POLITICA EXTERNA. POLITICA SALARIAL. BANCOS.
Indexação
  • SOLICITAÇÃO, MESA DIRETORA, REITERAÇÃO, REQUERIMENTO DE INFORMAÇÕES, AUTORIA, ORADOR, ENDEREÇAMENTO, JOSE SERRA, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DO PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO (MPO).
  • COMENTARIO, REIVINDICAÇÃO, ORADOR, ROMERO JUCA, SENADOR, INSTALAÇÃO, REPRESENTAÇÃO, AMBITO REGIONAL, ITAMARATI (MRE), SUPERINTENDENCIA DA ZONA FRANCA DE MANAUS (SUFRAMA), CAPITAL DE ESTADO, ESTADO DO AMAZONAS (AM), AMPLIAÇÃO, INTEGRAÇÃO, ESTADOS, REGIÃO NORTE, PAIS ESTRANGEIRO, MERCADO COMUM DO SUL (MERCOSUL).
  • AGRADECIMENTO, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, SENADOR, DEPUTADO FEDERAL, APROVAÇÃO, PROJETO DE LEI, GARANTIA, PAGAMENTO, BENEFICIO, FUNCIONARIO PUBLICO, ESTADO DO AMAPA (AP), ESTADO DO ACRE (AC), ESTADO DE RONDONIA (RO), ESTADO DE RORAIMA (RR).
  • CRITICA, GOVERNO FEDERAL, NEGOCIAÇÃO, ANTONIO CARLOS MAGALHÃES, SENADOR, ACEITAÇÃO, PROPOSTA, ALTERAÇÃO, INTERVENÇÃO, BANCO PARTICULAR, ESTADO DA BAHIA (BA).

O SR. SEBASTIÃO ROCHA (PDT-AP. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quero deixar registrado, nessa oportunidade, dois assuntos de importância para a Região Amazônica.

Inicialmente, gostaria de solicitar à Mesa que reitere junto ao Ministro do Planejamento, José Serra, a apreciação do Requerimento nº 989/95, de minha autoria, votado nesta Casa em 28 de junho de 95 e remetido ao Ministro em 04 de julho de 95. Até agora, não vimos atendido o nosso pleito, no qual solicitamos informações e remessas de documentos ao Ministro do Planejamento.

Portanto, peço à Secretaria da Mesa e ao Presidente do Senado que reitere o nosso requerimento junto ao Ministro do Planejamento.

O SR. PRESIDENTE (Levy Dias) - V. Exª será atendido na forma regimental.

O SR. SEBASTIÃO ROCHA - Obrigado, Sr. Presidente.

O primeiro registro que quero fazer - inclusive, ontem, o Senador Romero Jucá, de Roraima, falou sobre isso - diz respeito a uma indicação conjunta de autoria daquele Senador e minha.

Inicialmente - nos próximos dias, apresentarei uma outra indicação sugerindo Belém - reivindicamos ao Ministério das Relações Exteriores que seja instalada uma representação na SUFRAMA, em Manaus, para que, a exemplo do que o Vice-Presidente da República, Marco Maciel, conquistou para o Nordeste, mais precisamente para Recife, isso possa permitir uma maior integração dos Estados do Norte com os países do MERCOSUL.

Acredito que isso é extremamente importante, haja vista a proximidade dos Estados da Amazônia com países com os quais queremos estabelecer uma maior relação comercial. Isso ocorre tanto com os Estados da Amazônia oriental, quanto com o Estado do Amapá, que está muito próximo da Guiana Francesa. Tanto para o Amapá, quanto para o Pará, seria importantíssima a instalação de um escritório do Ministério das Relações Exteriores na SUDAM, em Belém.

Esperamos que o Ministro Luis Felipe Lampréia possa atender ao nosso pleito, promovendo, dessa forma, uma maior integração dos Estados do Norte com os países do MERCOSUL.

Quero fazer um outro registro a respeito de um projeto de lei que o Presidente da República encaminhou ao Congresso Nacional e que foi aprovado hoje, pela manhã. O Presidente Fernando Henrique Cardoso solicita, neste projeto, a abertura de crédito suplementar para que possa honrar com o pagamento dos benefícios de servidores da União que estão à disposição dos Estados do Amapá, Acre, Rondônia e Roraima.

Desejo inclusive, nesta oportunidade, agradecer ao Presidente da República, porque, depois de muitos anos de luta dos servidores desses Estados, obtém-se agora a aprovação desse projeto de lei. Quero ainda agradecer às lideranças partidárias aqui do Senado e da Câmara e ao Senador José Sarney, Presidente desta Casa, pelo seu empenho pessoal para a obtenção das assinaturas necessárias para que esse projeto pudesse, hoje, ser votado e aprovado.

Então, em nome dos servidores da União à disposição dos ex-territórios, em especial no caso do Amapá, quero aqui deixar, repito, os nossos agradecimentos às lideranças políticas, aos Senadores, aos Deputados Federais e ao Presidente da República pela aprovação desse projeto que garante os benefícios de auxílio-creche, vale-transporte e vale-refeição. O não pagamento desses benefícios penalizava de forma discriminatória os servidores dos ex-territórios.

Gostaria também de, nesta oportunidade, demonstrar a minha desilusão com o procedimento adotado na votação da Medida Provisória da Desindexação. Mas resta-nos uma esperança: o Presidente do Congresso Nacional, José Sarney, tem dito à imprensa que vai colocar em pauta, na próxima sessão do Congresso, na semana vindoura, a referida medida, uma vez o parlamentares governistas retiraram-se da reunião da Comissão Mista, que analisava a medida provisória.

Sr. Presidente, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, por fim, quero fazer um breve comentário a respeito do episódio do Banco Econômico.

Acredito que muitas lições possam ser tiradas desse acontecimento: uma delas é que não é só São Paulo que comanda o País. A Bahia, a partir de agora, divide com São Paulo esse comando. E acredito que isso seja importante num País onde se busca, cada vez mais, a prática da democracia, o equilíbrio entre as regiões e o combate às desigualdades regionais.

A Bahia começa, a partir de agora, a bater de frente com São Paulo, derrubando uma tese do próprio Senador Antonio Carlos Magalhães: que apenas São Paulo comandava o Governo. S. Exª agora, com o seu PFL, que se constitui na base partidária mais forte do Governo, conseguiu quebrar essa tese levantada por S. Exª mesmo. A Bahia também tem força.

Espero que, num futuro muito próximo, outros Estados como o Pará, com o Senador Jader Barbalho; o Amazonas, com os Senadores Bernardo Cabral, Jefferson Péres; ou o Amapá, com o Senador José Sarney, Presidente desta Casa, também possam usar as mesmas armas que utilizou o Senador Antonio Carlos Magalhães, porque está demonstrado na prática que são essas armas que têm eficácia dentro de uma democracia frágil - plena, é certo, mas frágil - dentro de um Governo fraco. Logicamente que num Governo democrático e frágil prevalecem a negociação política e a pressão, conforme aconteceu nesse episódio do Banco Econômico. A negociação política foi muito bem conduzida pelo Senador Antonio Carlos Magalhães e a pressão política muito bem exercida pelo PFL, que hoje - repito - ocupa o posto principal na base de sustentação do Governo. Fica a preocupação com o futuro do Banco Central, que tecnicamente determinou uma medida, depois derrubada por uma articulação política.

Há de se perguntar - faço isso para responder, mais uma vez, à acusação do Presidente da República de que a esquerda, na oposição, é burra: onde está a esquerda inteligente que hoje está no Governo e que se ajoelhou aos pés do PFL nesse episódio do Banco Econômico?

Digo que o Presidente da República agiu de boa-fé ao fazer a negociação, ao estabelecer essa negociação política, logicamente com o objetivo de preservar os direitos dos correntistas do Banco Econômico e dar um tratamento igual ao que foi dado pelo Banco Central ao BANESPA e ao BANERJ.

Nesta oportunidade, num exercício de futurologia, talvez não tarde 30 dias para que o Presidente do Banco Central, o Dr. Gustavo Loyola, apresente a sua carta de demissão. Repetir-se-á, nesse episódio, o mesmo fato que aconteceu com o Dr. Pérsio Arida que não podia, naquele momento, ser exonerado da Presidência do Banco Central. Aguardou-se, então, o momento propício para demiti-lo.

Acredito que, neste caso, também não há outra solução: o Presidente do Banco Central está demissionário. Apenas o Presidente da República, pela habilidade que lhe é peculiar, encontrará o momento certo, mais adequado para tirar do Governo o Presidente do Banco Central, que sai desse episódio extremamente enfraquecido, haja vista que ou errou ao determinar a intervenção do Banco Econômico ou não teve força política para sustentar a sua tese e garantir as suas medidas, submetendo-se, portanto, a uma articulação política muito bem conduzida.

Quero felicitar, inclusive, o Senador Antonio Carlos Magalhães, o PFL e o Nordeste como um todo, mas digo que essa felicitação só será plena daqui a aproximadamente 60 ou 90 dias, quando o Governo da Bahia puder passar às mãos da iniciativa privada o comando do Banco Econômico, demonstrando o êxito de toda essa articulação.

Precisamos desses 90 dias para sabermos se, de fato, esse acontecimento é realmente positivo ou se, mais uma vez, onerará os cofres públicos, uma vez que o Tesouro Nacional mais tarde poderá ter de socorrer o Estado da Bahia, cujo Tesouro terá prestado socorro ao Banco Econômico.

Se nada disso acontecer, espero realmente que essa operação tenha o mais pleno sucesso, porque poderá servir de base para futuros problemas de mesma natureza, em outros bancos privados e até em bancos estaduais.

Faço votos que essa operação seja coroada de êxitos. Caso contrário, estará mais uma vez provada a incompetência do Governo tanto na tomada de decisões quanto na articulação política.

Era o que tinha a dizer.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DCN2 de 17/08/1995 - Página 14017