Discurso no Senado Federal

REVOLTA DE S.EXA. CONTRA OS ATOS DE VIOLENCIA PRATICADOS POR TORCIDAS ORGANIZADAS NO ESTADIO DO PACAEMBU, POR OCASIÃO DO JOGO DE JUNIORS ENTRE OS TIMES DO SÃO PAULO E PALMEIRAS, NESTE FINAL DE SEMANA.

Autor
Valmir Campelo (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/DF)
Nome completo: Antônio Valmir Campelo Bezerra
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SEGURANÇA PUBLICA. ESPORTE.:
  • REVOLTA DE S.EXA. CONTRA OS ATOS DE VIOLENCIA PRATICADOS POR TORCIDAS ORGANIZADAS NO ESTADIO DO PACAEMBU, POR OCASIÃO DO JOGO DE JUNIORS ENTRE OS TIMES DO SÃO PAULO E PALMEIRAS, NESTE FINAL DE SEMANA.
Publicação
Publicação no DCN2 de 23/08/1995 - Página 14265
Assunto
Outros > SEGURANÇA PUBLICA. ESPORTE.
Indexação
  • PROTESTO, ABUSO, VIOLENCIA, ESTADIO, FUTEBOL, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), SOLICITAÇÃO, AUTORIDADE PUBLICA, EDSON ARANTES DO NASCIMENTO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO EXTRAORDINARIO, ESPORTE, URGENCIA, ADOÇÃO, PROVIDENCIA, EDIÇÃO, ATO NORMATIVO, OBJETIVO, IMPOSIÇÃO, LIMITAÇÃO, OCORRENCIA, EFICIENCIA, POLICIA, COMBATE, CRIME.

O SR. VALMIR CAMPELO (PTB-DF. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, este meu pronunciamento é para registrar os últimos fatos ocorridos no Estádio de Futebol do Pacaembu, em São Paulo.

No último final de semana, assistimos, pela televisão, cenas de uma verdadeira batalha campal. Durante um jogo de futebol entre as equipes do Palmeiras e do São Paulo, as torcidas organizadas se enfrentaram numa guerra violenta e deprimente. Diversas pessoas saíram feridas, muitas em estado grave.

A selvageria dos torcedores palmeirenses e são-paulinos foi exibida, ontem, nos telejornais do mundo inteiro, cobrindo de vexame o país do futebol-arte.

É lamentável, Sr. Presidente, que episódios como esse ocorram exatamente no Brasil, onde se pratica o melhor futebol do mundo. Até então, estávamos acostumados a condenar atos de violência praticados nos estádios da Europa. Agora, esse vandalismo abominável chega até nós, de forma contundente.

Sinceramente, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, não consigo vislumbrar as razões desse barbarismo. Ainda ontem, pelos jornais, pude observar algumas considerações absurdas que apontavam a pobreza e as precárias condições de vida de nossa população como causas precípuas da violência nos estádios. Bobagem. Na Inglaterra, onde a população tem um elevado padrão de vida, a violência nos estádios também é grande.

No meu entendimento, apesar da falta de segurança, apesar da falta de organização dos dirigentes do futebol brasileiro, a culpa maior é das torcidas uniformizadas. Talvez fosse importante analisar essa guerra de torcidas por um outro prisma.

A meu ver, o que houve foi uma grande explosão de histeria coletiva, e o que induziu a essa histeria de massa foi exatamente a uniformização das torcidas. Não sou psicólogo, mas sei que uma massa uniforme, embalada por comandos sincronizados, é capaz de mover montanhas e fazer guerras. Hitler valeu-se dessa técnica, durante a Segunda Guerra Mundial, para levar o povo alemão a cometer os absurdos que todos conhecemos.

Portanto, Sr. Presidente, quem sabe, seria oportuno proibir a uniformização das torcidas nos estádios. Quem sabe, com isso diminuiríamos o risco de novas explosões coletivas com violência, como as registradas no último final de semana. Isso, naturalmente, sem descuidar de um policiamento eficaz e de uma fiscalização rígida quanto à segurança dos estádios.

Volto a repetir: as cenas mostradas pela televisão, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, deprimem qualquer pai de família, qualquer ser humano. Vimos jovens sendo chutados, apedrejados, paus atirados a toda ordem, sem que houvesse qualquer explicação para atos daquela natureza.

Sr. Presidente, queremos repudiar esse fato, de forma veemente, e peço a V. Exª que o registre nos Anais do Senado Federal. Peço também às autoridades, ao Ministro Extraordinário dos Esportes, o Pelé, que sugira, através da sua Pasta, atos normativos, e que as autoridades policiais possam realmente coibir esses abusos.

Era este o registro que gostaria de fazer, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DCN2 de 23/08/1995 - Página 14265