Discurso no Senado Federal

PREOCUPAÇÃO DE S.EXA. COM O CASO DO BANCO ECONOMICO. SOLIDARIZANDO-SE COM O SENADOR ANTONIO CARLOS MAGALHÃES NA DEFESA DOS INTERESSES DO NORDESTE.

Autor
José Alves (PFL - Partido da Frente Liberal/SE)
Nome completo: José Alves do Nascimento
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
BANCOS.:
  • PREOCUPAÇÃO DE S.EXA. COM O CASO DO BANCO ECONOMICO. SOLIDARIZANDO-SE COM O SENADOR ANTONIO CARLOS MAGALHÃES NA DEFESA DOS INTERESSES DO NORDESTE.
Publicação
Publicação no DCN2 de 24/08/1995 - Página 14478
Assunto
Outros > BANCOS.
Indexação
  • APREENSÃO, SITUAÇÃO, CORRENTISTA, BANCO PARTICULAR, ESTADO DA BAHIA (BA), RESULTADO, INTERVENÇÃO, BANCO CENTRAL DO BRASIL (BACEN).
  • SOLIDARIEDADE, EMPENHO, ANTONIO CARLOS MAGALHÃES, SENADOR, DEFESA, REGIÃO NORDESTE, BUSCA, IGUALDADE, TRATAMENTO, BANCO DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A (BANESPA), BANCO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO S/A (BANERJ), TRANSFORMAÇÃO, INTERVENÇÃO, REGIME DE ADMINISTRAÇÃO ESPECIAL TEMPORARIA, MANUTENÇÃO, FUNCIONAMENTO, BANCO PARTICULAR, ESTADO DA BAHIA (BA).

O SR. JOSÉ ALVES (PFL-SE.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, encontrava-me licenciado, em viagem que tive de realizar na semana passada, quando ocorreram importantes desdobramentos da crise que envolve algumas instituições do sistema financeiro, especialmente o Banco Econômico, que juntamente com outros bancos, um de Pernambuco e outro de São Paulo, sofreram intervenção do Banco Central, num episódio bastante esmiuçado pelos meios de comunicação.

Sr. Presidente, mesmo distante do cenário deste evento, acompanhei com muito interesse e preocupação o andamento dos fatos, pois o Banco Econômico, além da importância da sua história de mais de 160 anos, fundado que foi em julho de 1834, teve em Sergipe suas primeiras agências fora do Estado da Bahia, é o 7º maior banco privado do País e, sem dúvida, um expressivo representante do sistema financeiro nacional, uma instituição que, ao longo de todos estes anos, vinha superando e vencendo todas as crises econômicas e políticas que o País e a região onde atua atravessaram.

O caso do Banco Econômico não deve ser interpretado apenas sob o ângulo meramente de gestão administrativa e financeira, sob o enfoque de inépcia ou de esbanjamento dos recursos por parte de seus dirigentes.

O que me preocupa, o que me assusta, é que um Banco, com uma experiência centenária, uma entidade que ao longo de mais de um século e meio de existência, sendo a mais antiga instituição financeira do Brasil e da América Latina, um dos sete maiores Bancos privados do País, tenha chegado aos níveis de dificuldades, agravadas no ano passado, que estimularam a intervenção do Banco Central e as medidas rigorosas dela decorrentes.

Grande parte dos problemas sociais e das dificuldades econômicas que o País vem atravessando, nos rumos do seu desenvolvimento, são reflexos deste modelo intensivo de capital e concentrador de renda, sendo o principal responsável pelo desemprego, pela pobreza, o abandono do campo, os entraves no funcionamento da economia de mercado e na geração de receita para as famílias e para o governo, dificultando-lhe o atendimento às necessidades e carências na área de sua maior responsabilidade, como educação, saúde, habitação, saneamento e segurança.

O que me assusta é que o caso do Banco Econômico, o sexto banco privado mais lucrativo em 1994, não seja uma realidade isolada, mas, também, reflexo da falta de liquidez e níveis de insolvência em vários setores da economia do País, do cidadão isolado em suas dificuldades de se manter, das pequenas empresas que sobrevivem a duras penas, até os grandes complexos econômicos e financeiros, que possam ser atingidos pela inadimplência que vem das bases do mercado, comprometendo o crédito e o fluxo dos recursos na economia.

No Nordeste, depois da Bahia e Pernambuco, é em Sergipe que esse Banco tem o maior número de Agências onde atende a mais de 25 mil correntistas e poupadores. É a maior rede privada do Estado e que movimenta o maior volume de recursos. Por esta razão me preocupam as repercussões sociais e econômicas causadas por esta intervenção.

Mas, Sr. Presidente, não vim ocupar a tribuna do Senado e tempo das Senhoras e Senhores Senadores para aqui defender o Banco Econômico, nem a sua atual ou passada administração.

Venho externar a minha inquietação pelos transtornos presentes que a sua clientela, os seus correntistas e poupadores vêm passando com esta intervenção, e pelos reflexos que isto venha a causar. Não apenas a pessoas físicas, assalariados, mas também, a entidades públicas, governos de Estado e Municípios.

A intervenção no Banco Econômico é um fato de grandes repercussões financeiras, econômicas e políticas no Nordeste, porque tem sido uma instituição que muito vem contribuindo para o desenvolvimento regional. É uma entidade profundamente ligada à história da Bahia e do Nordeste.

Considero urgente que o Governo procure formar os seus quadros de dirigentes para estas áreas econômicas e financeiras de grandes complexidade, como o Banco Central, pois somente assim se extinguirá esta relação promíscua entre o interesse público e o interesse privado, no que se refere à política monetária.

Mas, Sr. Presidente, o que me traz à Tribuna do Senado, é o impulso de consciência em solidariedade a um homem público que merece o respeito e a consideração de toda a Bahia, de toda a região nordestina e de todo o País.

Um político que, em seus quarenta anos de vida pública, passando pela Assembléia Legislativa, pela Câmara dos Deputados, pela Prefeitura da Capital de seu Estado, onde foi por três vezes Governador, Presidente de uma das maiores empresas públicas do País, Ministro e atualmente Senador, fez da sua voz o clamor do povo de sua terra e de sua região em defesa de uma de suas mais antigas instituições de desenvolvimento e progresso.

Quero manifestar a minha mais sincera admiração e solidariedade ao Senador Antonio Carlos Magalhães pelo seu empenho, pela sua luta e pelas negociações que desenvolveu, nos bastidores e publicamente, em favor de uma solução mais equânime para a citada instituição financeira do seu Estado, uma solução menos traumática do que a intervenção, um tipo de equacionamento que desse à clientela do Banco o mesmo tratamento dedicado a outros bancos, como no caso do Rio de Janeiro e São Paulo, onde foi decretada a intervenção em regime de administração especial temporária.

Um gesto muito mais em favor do público do que propriamente do Banco, embora a todo homem público também preocupem os fatos econômicos que atinjam diretamente à população, e entre estes, os abalos que possam ser desencadeados no sistema financeiro, onde grandes bancos como o Banespa, o Banerj, o Mercantil de Pernambuco, o Comercial de São Paulo, o Meridional e outros estejam no sufoco em que se encontram.

A atitude do Senador Antonio Carlos Magalhães, a procura de soluções negociáveis para o problema, os entendimentos que manteve, o apoio que buscou para a sua luta, na expectativa do povo baiano e dos nordestinos, não poderiam ter outro desdobramento.

Tanto ele não se omitiria, como nunca se omitiu nos assuntos que dizem respeito aos interesses do Nordeste e da Bahia, nos temas de interesse nacional, quanto o povo que representa nesta casa tinha a certeza de que ele seria o seu porta-voz. A Bahia não ficaria calada diante de um evento de tal magnitude.

Como ele próprio disse: "Não tinha interesse em provocar crise porque desejava, apenas, uma solução".

Em toda esta crise que se procurou forjar, alimentando o noticiário com especulações e intrigas desnecessárias provenientes do desencontro de informações, quem mais saiu perdendo foram os correntistas do banco com estas limitações aos saques, e também a credibilidade na segurança e liquidez do sistema financeiro, pois a indústria do boato sobre as eventuais dificuldades de um banco, uma atividade irresponsável e criminosa, gera as corridas ao caixa, que é o fenômeno mais temido pelas instituições financeiras.

O Senador Antonio Carlos Magalhães, desde o início das negociações, antes mesmo que os problemas que ainda tinham solução favorável transpirassem para a imprensa, procurou uma saída coerente em que se preservasse o Banco, o público e o Governo, porque isto, no entendimento de um político de sua experiência, estaria também interessando ao País, por cuja grandeza todos nós, independentemente de partidos políticos, lutamos, vivemos e trabalhamos.

Finalizo, Sr. Presidente, reiterando a minha irrestrita solidariedade ao eminente Senador Antonio Carlos Magalhães, ilustre representante da Bahia, e que aqui no Senado, no Congresso brasileiro, também defende os interesses do Nordeste e do Brasil.


Este texto não substitui o publicado no DCN2 de 24/08/1995 - Página 14478