Pronunciamento de Esperidião Amin em 30/08/1995
Discurso no Senado Federal
IMPORTANCIA DA TOMADA DE CONSCIENCIA QUANTO A INFLUENCIA DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO DE MASSA, ESPECIALMENTE DE TELEVISÃO, NA FORMAÇÃO MORAL E ETICA DAS PESSOAS.
- Autor
- Esperidião Amin (PPR - Partido Progressista Reformador/SC)
- Nome completo: Esperidião Amin Helou Filho
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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TELECOMUNICAÇÃO.:
- IMPORTANCIA DA TOMADA DE CONSCIENCIA QUANTO A INFLUENCIA DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO DE MASSA, ESPECIALMENTE DE TELEVISÃO, NA FORMAÇÃO MORAL E ETICA DAS PESSOAS.
- Publicação
- Publicação no DCN2 de 31/08/1995 - Página 14872
- Assunto
- Outros > TELECOMUNICAÇÃO.
- Indexação
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- ANALISE, IMPORTANCIA, CONSCIENTIZAÇÃO, INFLUENCIA, MEIOS DE COMUNICAÇÃO, ESPECIFICAÇÃO, TELEVISÃO, FORMAÇÃO, MORAL, ETICA, PESSOAS.
- SUGESTÃO, ESCALA, VALOR, ATUAÇÃO, VIDA, CIDADÃO, FAMILIA, SOCIEDADE, NECESSIDADE, ETICA, QUALIFICAÇÃO, ASSUNTO, PROGRAMA, TELEVISÃO.
O SR. ESPERIDIÃO AMIN (PPR-SC) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, Eric Hobsbawn, autor de A Idade dos Extremos - O Curto Século XX e um dos grandes historiadores políticos de nossos dias, afirmou recentemente que a tecnologia avançada da sociedade de consumo produz uma maneira de perceber o mundo que o torna um eterno presente. O que vale é o que se vê na televisão, sem conexão com o passado, nem perspectiva para o futuro. "Grande parte das pessoas, principalmente as mais jovens, vive neste presente eterno. O ontem deixou de ser uma referência exceto para fins biográficos pessoais".
Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o presente, que a televisão faz eterno, torna-se o único valor a ser vivenciado. Um presente que desconhece o passado e não lança referenciais para o futuro. Um presente apenas de consumo, de utilitarismo e de subjetivismo.
Nesse âmbito, é extremamente preocupante o papel que vêm desempenhando os meios de comunicação de massa, especialmente a televisão. A televisão não tem parâmetros em relação ao público usuário, no sentido de que não lhe considera a cultura, a opção de vida, os anseios e as expectativas. São suficientes poucos minutos à frente de um aparelho ligado para sentir e ver os exageros a que são expostas as pessoas, de modo particular as crianças.
Refiro-me de modo especial à questão da violência e da pornografia. A violência é veiculada por meio de filmes abertos para todas as idades ou mesmo por telejornais ávidos de sensacionalismo e de circunstâncias de impacto. A pornografia espraia-se, solta, em qualquer gênero de programa: telenovelas, entrevistas, programas humorísticos, propaganda, nos quais imperam apelações, insinuações, mau gosto, palavras de baixo calão ou eivadas de ambigüidade constrangedora.
Todas essas verdades têm mantido a televisão afastada das nobres funções de informar, educar, cultivar, formar consciências, preparar cidadania e divertir. Aliás, no que concerne à educação, a televisão, "abusando dos seus recursos técnicos, do seu poder de persuasão e de penetração nos lares do país inteiro, destrói o que outras instâncias pedagógicas e educativas, a duras penas, procuram construir" (Dom Lucas Moreira Neves).
Nas telenovelas, por exemplo, não se observa nada relacionado ao trabalho, ao estudo, à responsabilidade pessoal e comunitária, ao esforço para o crescimento alicerçado em ideais nobres e visão de vida; apenas boçalidades, triangulações amorosas, espertezas e comiserações infantis; falta conteúdo de valor, não existe arte de interpretação, até porque falta conteúdo, as palavras carecem de estética. Tudo é fácil, vulnerável, fátuo e fútil. Salva-se a fotografia e, às vezes, o fundo musical.
Que dizer dos efeitos sobre a personalidade em formação de milhões de crianças e de jovens que nem possuem suficiente escolaridade para analisar criticamente o que lhes é exposto aos olhos, nem condições econômicas para outras alternativas de lazer, nem famílias estruturadas para contrapor valores aos modelos feitos de aventuras e de situações de vida em decomposição?
Não estou defendendo nem desejo a volta da censura; também não proponho a adoção de moralismos reducionistas e estéreis. Proponho, sim, uma escala de valores que atuem na vida dos indivíduos, das famílias e da sociedade. Precisamos de ética para qualificar a política, a economia, as questões sociais, a conduta familiar e pessoal. Isso não é moralismo, é estrutura de valores. Nesse contexto, a televisão tem excelente espaço a ocupar.
Comungo com a afirmação da senhora Diretora do Departamento de Classificação Indicativa do Ministério da Justiça no sentido de que "as famílias têm direito a um parâmetro sério para seus filhos, com horários que sejam cumpridos. Do contrário, ficam à mercê da guerra de audiência das emissoras".
Se não houver uma tomada de consciência para esses aspectos, estaremos condenando a nossa juventude a usufruir apenas do presente, a viver apenas o presente, sem horizontes para si e para o Brasil.
Era o que tinha a dizer!