Fala da Presidência no Senado Federal

FALA ASSOCIATIVA AS HOMENAGENS PRESTADAS AOS 93 ANOS DO EX-PRESIDENTE DA REPUBLICA JUSCELINO KUBITSCHEK DE OLIVEIRA.

Autor
José Sarney (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AP)
Nome completo: José Sarney
Casa
Senado Federal
Tipo
Fala da Presidência
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • FALA ASSOCIATIVA AS HOMENAGENS PRESTADAS AOS 93 ANOS DO EX-PRESIDENTE DA REPUBLICA JUSCELINO KUBITSCHEK DE OLIVEIRA.
Publicação
Publicação no DCN2 de 13/09/1995 - Página 15699
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE NASCIMENTO, JUSCELINO KUBITSCHEK DE OLIVEIRA, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA.

O SR. PRESIDENTE (José Sarney) - A Mesa recebeu uma mensagem comovente de um dos maiores amigos do ex-Presidente Juscelino Kubitschek, o empresário Adolpho Bloch, e determina à Taquigrafia que a faça constar nos Anais desta sessão.

Excelentíssimo Senhor

Doutor José Sarney

Digníssimo Presidente do Senado Federal

Senhores Senadores

Senhoras e Senhores:

É um momento de emoção para mim,

imigrante pobre que aqui chegou

em busca de uma nova pátria,

ocupar a mais alta tribuna da Nação

para homenagear

um dos maiores brasileiros de todos os tempos,

aquele que foi

e continua sendo

o exemplo de cidadão.

de patriota,

de político

e de presidente da República

Juscelino Kubitschek,

se estivesse entre nós,

estaria hoje completando 93 anos de vida.

Três semanas atrás,

lembrei mais uma vez

nas páginas de MANCHETE

o seu depoimento

no dia 22 de agosto de 1976.

Peço que me permitam recordar

os anos de amizade e convívio

com o fundador de Brasília.

Enquanto presidente,

só estive com ele poucas vezes,

mas logo nos aproximamos

por uma visão de mundo

que nos era comum.

Eu havia mandado imprimir e distribuir

pelo país

o seu slogan 50 anos em 5.

Ouvi críticas.

O próprio JK não foi poupado por seus adversários.

Fui então procurá-lo no Palácio do Catete.

Ele enfrentava,

naquele dia,

uma greve de bondes no Rio,

estudantes faziam agitação nas ruas da cidade.

Ele almoçava no Palácio do Catete numa marmita,

não tivera tempo de ir em casa nem para almoçar.

Disse-lhe que fora eu o responsável pelos cartazes

e que já os mandara recolher.

Sorrindo,

o presidente me garantiu:

- "Então, Bloch,

você acha que eu não vou fazer o Brasil

crescer 50 anos em 5?

Vamos distribuir os cartazes,

deixa o resto por minha conta!"

A partir desse momento,

nossos destinos se cruzaram.

Durante a construção de Brasília,

grande parcela do universo político

e a totalidade da imprensa

combatiam a sua meta-síntese.

Quando vi as primeiras fotos da epopéia

que ele erguia aqui no Planalto,

não tive mais dúvida.

Ele me perguntou quanto custaria a divulgação

daquelas fotos na minha revista.

Eu respondi:

- "Presidente,

quantos brasileiros sabem o que está se fazendo no

cerrado?

Eu pagaria para publicar essas fotos!"

Minha edição esgotou-se naquela semana.

E sempre que eu publicava o andamento das obras,

a revista durava horas nas bancas

e logo os jornaleiros pediam mais.

Daí surgiu a frase:

Brasília e Manchete cresceram juntas.

JK edificava uma época,

construía, uma Era.

Era de otimismo,

de crença no homem brasileiro,

Era de paz,

de democracia.

O Brasil começava a dar certo.

Hoje, as gerações mais novas,

que não viveram aquele tempo,

chamam esse período de "Os Anos Dourados".

Em 1976,

trouxemos JK para sua nova casa,

aqui em Brasília.

Inicialmente,

ele ficou no Campo da Saudade.

Providenciei um mármore especial,

de Carrara,

para o elegante mas pequeno mausoleu

que Oscar Niemeyer projetou.

Ao lado de Dona Sarah,

de Oscar Niemeyer

e do engenheiro Sérgio Vasconelos,

construímos em apenas 13 meses o Memorial JK,

wm terreno que nos foi cedido

pelo presidente João Figueiredo.

No dia 12 de setembro de 1981,

há exatos quatorze anos,

inauguramos o monumento

que é o mais grandioso de todo o Brasil.

Além do que representa

em sua realidade de mármore e bronze,

o Memorial JK

sinaliza o instante da pacificação nacional,

marca o momento em que todos os brasileiros,

novamente de mãos dadas,

com os olhos voltados para o futuro,

dão seguimento ao sonho de JK

em busca do desenvolvimento nacional,

dos valores demcráticos,

da paz

e da justiça social.

Brasília sintetiza o seu sonho.

Cabe a nós,

empresários,

políticos

e trabalhadores

a tarefa de dar seguimento a esse sonho

que foi possível,

que será sempre possível

quando buscarmos inspiração

e exemplo

em Juscelino Kubitschek,

fundador e alma de Brasília.

Desejo agradecer em nome do Senado Federal a honrosa presença da Exmª Srª D. Sarah Kubitschek; do Exmº Sr. Dr. Cristovam Buarque, Governador de Brasília; do Dr. Walfrido Silvino Mares Guia Neto, vice-Governador e Governador em exercício do Estado de Minas Gerais; dos Ministros da Educação, Dr. Paulo Renato e do Ministro do Trabalho, Dr. Paulo Paiva.

Quero agradecer também a presença dos Srs. Embaixadores, das autoridades que aqui se encontram e de quantos prestigiaram com suas presenças esta solenidade.

Associo-me também, como Presidente do Senado Federal, às homenagens hoje prestadas à memória do Presidente Juscelino Kubitschek. Os santos, os heróis, os mártires, os grandes homens, deles nunca se deve comemorar nem lembrar sua morte, mas sim erguer sempre um hino de louvor as suas vidas. Juscelino Kubitschek dedicou toda sua vida de patriotismo ao Brasil e ao povo brasileiro. Sua figura, hoje liberta dos julgamentos e das paixões de seu tempo, está esculpida de maneira indelével e perpétua na História do Brasil como um dos construtores da nacionalidade e do Brasil moderno.

O Senado, nesta manhã, com a presença de todos, associa-se e participa a maior glória do Presidente Juscelino Kubitschek que é esta de ter sua memória como uma chama que não se apaga, permanentemente presente no povo brasileiro.

Antes de terminarmos esta sessão, numa homenagem e numa lembrança às alegrias da vida do Presidente Juscelino Kubitschek, peço que todo permaneçamos em nossos lugares para ouvir a canção de que tanto gostava, "Peixe vivo".

(Execução da música "Peixe vivo")


Este texto não substitui o publicado no DCN2 de 13/09/1995 - Página 15699