Discurso durante a 142ª Sessão Especial, no Senado Federal

HOMENAGEM AOS 93 ANOS DO EX-PRESIDENTE DA REPUBLICA JUSCELINO KUBITSCHEK DE OLIVEIRA.

Autor
Valmir Campelo (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/DF)
Nome completo: Antônio Valmir Campelo Bezerra
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • HOMENAGEM AOS 93 ANOS DO EX-PRESIDENTE DA REPUBLICA JUSCELINO KUBITSCHEK DE OLIVEIRA.
Publicação
Publicação no DCN2 de 13/09/1995 - Página 15697
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE NASCIMENTO, JUSCELINO KUBITSCHEK DE OLIVEIRA, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA.

O SR. VALMIR CAMPELO (PTB-DF. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente do Senado Federal, Senador José Sarney; Sr. Governador do Distrito Federal, Professor Cristovam Buarque; Exmª Srª Sarah Kubitschek; Sr. Vice-Governador do Estado de Minas Gerais, Dr. Valfrido Mares Guia; Sr. Senador da República por Minas Gerais, meu colega e amigo, Senador Arlindo Porto; Srs. Embaixadores, Srs. Ministros, Srªs e Srs. Senadores e Srªs e Srs. Deputados, minhas senhoras e meus senhores:

É com grande satisfação que ocupo a tribuna para homenagear o ex-Presidente Juscelino Kubitschek, quando se comemora os 93 anos de seu nascimento.

Juscelino é, sem sombra de dúvida, uma das figuras mais importantes da História do nosso País - e o mais respeitado estadista latino-americano nos últimos 50 anos.

Ao falar de JK, as primeiras lembranças que me acodem referem-se à riqueza de sua vida pública, aos seus ousados sonhos de um Brasil potência e ao seu extraordinário legado de realizações.

Grande estadista, grande líder, Juscelino Kubitschek de Oliveira é um mito da nossa História e nada é capaz de obscurecer seu vulto. Os mitos e os grandes líderes jamais são esquecidos. A melhor prova do que afirmo é esta Sessão de Homenagem que hoje se realiza.

Passados 34 anos do fim do seu Governo e 19 anos de sua morte, estamos aqui nesta Casa a que ele pertenceu, para reverenciar a sua memória. Rememoremos os seus feitos para que sua vida continue a ser um exemplo para as novas gerações.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, creio que persiste entre nós, com justa razão, a idéia do Governo JK como parâmetro do desenvolvimento e da democracia que se quer para o Brasil em qualquer época.

Sob o comando de Juscelino, o Brasil cresceu como nunca e com liberdade política inédita. A História nacional registra para a posteridade a imagem de um grande homem público, que soube lidar com os vários setores da sociedade e com as várias forças atuantes do jogo político, absorvendo e neutralizando todos os conflitos dentro da mais absoluta legalidade.

A mentalidade de desenvolvimento que ele imprimiu à Nação é fonte inesgotável, onde novas gerações de homens públicos vêm buscar inspiração. Passados tantos anos, permanecem válidos e até multiplicados, os motivos que, constantemente, determinam a lembrança do nome de Juscelino Kubitschek. A atualidade de Juscelino vem do fato de que ele não foi apenas homem de palavras, foi homem de ação.

Como bem enfatiza Adolpho Bloch, Juscelino Kubitschek não foi um grande homem ocasional, como tantos que surgem, brilham e se apagam. Foi o grande homem definitivo, que bem poderia repetir a confissão que Balzac atribuiu à Napoleão: "Eu pertenço à melhor raça dos Césares, aquela que constrói".

E Juscelino foi, sem dúvida, ao longo de sua vida pública, um grande construtor. Nasceu com a vocação de realizar, de bem construir e deixou ao povo brasileiro um extraordinário conjunto de realizações.

Com ele, o Brasil avançou "cinqüenta anos em cinco", com passos de gigante, rumo ao seu grande destino. Com ele, o desenvolvimento nacional passou a figurar como a mais prioritária das preocupações do Governo. Com ele, o País mudou!

A política desenvolvimentista foi sempre a sua marca. Juscelino foi um incansável mestre-de-obras e deixou registro perene de sua passagem pela Prefeitura de Belo Horizonte, pelo Governo do Estado de Minas Gerais e pela Presidência da República.

Cumpriu, durante sua gestão, o ambicioso programa de metas, composto de trinta objetivos básicos, desdobrados em cinco setores vitais da economia: Energia, Transporte, Indústria de Base, Alimentação e Educação para o Desenvolvimento.

Fiel a seus compromissos de campanha, Juscelino transformou o País em um verdadeiro canteiro de obras. Criou centrais elétricas, construiu estradas de ferro e de rodagem, aumentou a produção e o refino de petróleo, reequipou e construiu portos e aeroportos, instalou no País a indústria automobilística e a indústria naval, construiu armazéns e silos; aumentou a produção de aço, de alumínio e de cimento; enfim, diversificou substancialmente todo o nosso parque industrial, fazendo o Brasil crescer.

Juscelino cumpriu também, e principalmente, a meta- síntese que escolheu para seu Governo: a construção de Brasília.

Sinto-me emocionado, Srªas e Srs. Senadores, ao recordar, neste momento, a coragem, o espírito desbravador e pioneiro de Juscelino Kubitschek, dos quais Brasília é a manifestação mais expressiva. A construção e a transferência da Capital Federal para o interior do País tiveram um alto sentido político e econômico. Brasília foi ao mesmo tempo um ponto de ocupação e um pólo irradiador de progresso para esta imensa e praticamente abandonada área do território nacional.

Antevendo o que acabo de afirmar, o próprio JK assim se referiu à cidade, antes da inauguração:

      "Brasília não será uma cidade monumental apenas, moderna e exemplarmente funcional. Ela dará alto testemunho de nossa civilização e transformar-se-á na ponte de comando de nossa viagem de conquista do Oeste brasileiro como uma cidade ímã, de onde se irradiará força criadora para uma das zonas mais abandonadas e desconhecidas de nosso imenso território. Erguendo Brasília, erguemos, ao mesmo tempo, a nossa bandeira sobre regiões de que só tínhamos o domínio nominal. Erguendo Brasília, ocupamos nosso País".

O saudoso Dr. Ulysses Guimarães considerava Juscelino "o Estadista do Oeste, do sertão, da interiorização"; era o "redescobridor do Brasil". Antes dele, nosso País era o Brasil de Cabral, litorâneo. Depois da construção de Brasília, a ótica e os rumos do País mudaram. "Olhai para o mapa do Brasil. Não é mais o mesmo", disse Juscelino em um dos seus livros. "É o mapa de um país jovem... É o mapa com que enfrentamos a marcha do amanhecer". Sem dúvida, Brasília se constitui no marco indelével da passagem de Juscelino Kubitschek pela Suprema Magistratura desta Nação.

Sr. Presidente, Srª e Srs. Senadores, gostaria de lembrar também que a grandeza de sua obra não ficou restrita aos nossos limites geográficos. Paralelamente a sua ação interna, Juscelino Kubitschek vislumbrava a importância da parceria com nosso vizinhos latino-americanos. A Operação Pan-Americana foi inspirada por ele para tentar resgatar um bom clima de entendimento entre a América Latina e o Estados Unidos.

Conhecedor dos problemas continentais, o Presidente brasileiro enviou ao Presidente Eisenhower, dos Estados Unidos, uma carta sugerindo uma "completa revisão da política de entendimento deste hemisfério".

A Operação Pan-Americana tinha uma premissa básica: Sem desenvolvimento não há democracia; sem democracia não há solidariedade; sem solidariedade não existe paz nem integração continental. Dela resultou a criação do Banco Interamericano de Desenvolvimento e a celebração do Tratado de Montevidéu, que instituiu a Associação Latino-Americana de Livre Comércio, ALALC.

Na verdade, com a capacidade de enxergar adiante de seu tempo, que só os grandes estadistas têm, Juscelino Kubitschek já antevia na união dos países do continente, a necessidade da criação de um mercado latino-americano.

Sr. Presidente, Srª e Srs. Senadores, Juscelino Kubitschek foi um grande homem público e um grande democrata. Governou o Brasil em clima de tolerância e liberdade, apesar de todas as dificuldades que enfrentou durante seu mandato. Foi um Presidente da República que deixou uma marca própria, um estilo inconfundível de governar. Seu exemplo e seus ideais permanecem vivos entre nós, que sonhamos com um Brasil próspero e democrático.

Juscelino permanece vivo na memória nacional e conquistou definitivamente o apreço, a admiração e o respeito de toda a Nação.

Particularmente em Brasília, porém, onde sua figura histórica do alto do Memorial JK está permanentemente a sinalizar o destino de nosso País - o desenvolvimento com democracia -, Juscelino Kubitschek conquistou muito mais a admiração e o respeito de seu povo; conquistou algo diferente, particular: conquistou o amor e a gratidão dos que nasceram e vivem no Distrito Federal.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, nesta oportunidade, quero também abrir espaço neste meu pronunciamento para prestar uma homenagem especial à D. Sarah Kubitschek, esposa amorosa e incentivadora incansável de JK. Nossa eterna Primeira-Dama nunca esmoreceu! Mesmo depois do desaparecimento de Juscelino, D. Sarah prosseguiu, como exemplo maior de dignidade, permanentemente comprometida com o progresso e o bem-estar do povo brasileiro.

D. Sarah honra e engrandece a memória de Juscelino. Sua participação, em todos os momentos decisivos da "Era JK", foram fundamentais para que seu marido pudesse levar adiante sua obra quase messiânica.

Portanto, ao cumprimentar em espírito o saudoso Presidente Juscelino Kubitschek no dia de seu aniversário, quero cumprimentar também D. Sarah, essa mulher extraordinária que, indiscutivelmente, transformou-se numa referência obrigatória de grandeza, dignidade, perseverança e amor ao Brasil.

Ao concluir, quero também, como porta-voz dos cidadãos desta cidade, tributar a Juscelino Kubitschek a homenagem maior, mais significativa do povo de Brasília, a homenagem de sua enorme gratidão, de seu inesgotável amor por aquele que a construiu para ser o cérebro das decisões nacionais, para ser a Capital do Brasil, a Capital da Esperança, a Capital do Terceiro Milênio.

Era o que tinha a dizer. (Palmas)


Este texto não substitui o publicado no DCN2 de 13/09/1995 - Página 15697