Discurso no Senado Federal

HOMENAGEM POSTUMA AO EX-SENADOR E GOVERNADOR DA PARAIBA, ANTONIO MARIZ.

Autor
Roberto Freire (PPS - CIDADANIA/PE)
Nome completo: Roberto João Pereira Freire
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • HOMENAGEM POSTUMA AO EX-SENADOR E GOVERNADOR DA PARAIBA, ANTONIO MARIZ.
Publicação
Publicação no DCN2 de 19/09/1995 - Página 16061
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, ANTONIO MARIZ, EX SENADOR, GOVERNADOR, ESTADO DA PARAIBA (PB).

O SR. ROBERTO FREIRE (PPS-PE. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, esse é um dos temas em que encontro mais dificuldade em me expressar, até porque sei que, depois da morte, todo homem transforma-se um pouco num símbolo. Gosto de falar não da simbologia, mas daquilo que representa talvez emoção própria, daquilo que representa uma vivência. Daí a dificuldade de prestar essas homenagens. Mas, em relação a Antonio Mariz, não tenho essas dificuldades.

Conheci Antonio Mariz primeiro pelo nome, pelo que ele representava em Sousa quando prefeito. Ali fez uma administração revolucionária antes do Golpe Militar de 1964, quando, depois de uma memorável campanha, colocou à frente daquela prefeitura forças políticas historicamente espoliadas, não apenas no sertão paraibano, mas em todos os sertões brasileiros. Foi um governo tão marcante, que, com o golpe, imaginava-se, inclusive, que haveria a sua cassação.

Uma das ironias da História, aqui lembrada pelo Senador Jader Barbalho, Antonio Mariz teve que se abrigar na ARENA por conta do artificialismo do bipartidarismo implantado pela ditadura, por problemas municipais, por problemas localizados na Paraíba. Inclusive, essa não era apenas uma perplexidade do então Deputado Jader Barbalho, mas era também uma perplexidade da Paraíba e de todos nós.

Talvez, o nosso partido não tenha ficado perplexo com isso, até porque o conheceu como militante na Faculdade Nacional de Direito e sabia da sua formação, da sua concepção filosófica e das injunções que o colocaram num campo que não era propriamente o seu. Mas, mesmo não sendo o seu campo, ele sabia atuar como um democrata; por isso, granjeou o respeito na Câmara dos Deputados, mesmo daqueles que entendiam que, naquele momento, não poderia haver tergiversação na luta pela liberdade.

Depois, convivi com Antonio Mariz na Câmara dos Deputados. Nos Anais da Casa, num dos momentos mais significativos vividos por este País, que foi a Assembléia Nacional Constituinte, quando da superação da ditadura, pode-se verificar o papel decisivo que teve Antonio Mariz na discussão do capítulo que trata dos Direitos e das Garantias Individuais.

Talvez a sua presença ali fosse maior que a de qualquer outro, maior até do que os relatores, porque não há um dispositivo que não tenha um pronunciamento ou um posicionamento seu. E o que é importante, um posicionamento, muitas vezes, ou na maioria das vezes, acatado pelo Plenário.

Foi realmente marcante a sua presença. Os Senadores aqui bem reafirmaram a sua preocupação com o Direito, a sua caracterização como um dos juristas desta Casa, a sua preocupação, fundamentalmente, com a democracia e com a liberdade.

E é isso que o nosso partido quer aqui salientar, dizer da nossa admiração, que não é apenas a partir da morte, era uma admiração quando em vida, mesmo nos momentos difíceis vividos por ele. E essa solidariedade é emprestada como um nordestino, também, dizendo: que pena que perdemos um grande homem.


Este texto não substitui o publicado no DCN2 de 19/09/1995 - Página 16061