Discurso no Senado Federal

HOMENAGEM POSTUMA AO EX-SENADOR E GOVERNADOR DA PARAIBA, ANTONIO MARIZ.

Autor
Jader Barbalho (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PA)
Nome completo: Jader Fontenelle Barbalho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • HOMENAGEM POSTUMA AO EX-SENADOR E GOVERNADOR DA PARAIBA, ANTONIO MARIZ.
Aparteantes
Ronaldo Cunha Lima.
Publicação
Publicação no DCN2 de 19/09/1995 - Página 16060
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, ANTONIO MARIZ, EX SENADOR, GOVERNADOR, ESTADO DA PARAIBA (PB).

O SR. JADER BARBALHO (PMDB-PA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, poderia a liderança do PMDB simplesmente subscrever o pronunciamento do Senador Ronaldo Cunha Lima, mas, no momento em que desejamos expressar, em nome de toda a bancada do PMDB, ao povo da Paraíba, à sua representação no Congresso Nacional os nossos sentimentos pela dor por que passa o povo paraibano, a liderança do PMDB nesta Casa quer registar também a perda do companheiro, a perda do seu Vice-Presidente, a perda de uma das figuras mais representativas do PMDB nacional.

Aqui, há pouco, o Senador José Fogaça, com muita propriedade, se referia em aparte ao Senador Elcio Alvares. Não foi somente a Paraíba quem perdeu, foi o Brasil, pelo que representou o Senador, o Deputado, o Governador Antonio Mariz.

Sr. Presidente, em nome de todos os companheiros do PMDB, quero levar à representação da Paraíba no Senado, à representação da Paraíba no Congresso Nacional, a todos os companheiros do PMDB e ao povo daquele Estado as nossas condolências.

Sr. Presidente, ouvimos aqui inúmeros depoimentos a respeito da figura de Antonio Mariz. Não tive seguramente o privilégio da intimidade com Antonio Mariz; não tive o privilégio para dar depoimentos como foram dados aqui a respeito da convivência com S. Exª no Senado. Mas tive a oportunidade de admirá-lo à distância como seu colega na Câmara dos Deputados. No Senado é mais fácil de se construir uma convivência mais próxima, pois o número de representantes é menor. Na Câmara nem sempre isso é possível.

Quero aqui, como tantos outros, dizer também da admiração que sempre tive pelo meu vizinho de gabinete, pela figura discretíssima que era Antonio Mariz. Sr. Presidente, quero fazê-lo, acima de tudo pela coerência política de Antonio Mariz. Cheguei à Câmara em 1975 e Antonio Mariz já estava lá; eu fazia parte da bancada do MDB, e Mariz da bancada da ARENA. Havia a camisa-de-força, que era o bipartidarismo e que divida homens públicos neste País entre os que integravam a ARENA e os que integravam o MDB. E eu, ao longo do tempo, passei a compreender porque Antonio Mariz não pertencia ao meu partido. Era a luta municipal, de Sousa, onde dividia com uma outra grande figura da Câmara dos Deputados, que era Marcondes Gadelha, que, posteriormente, veio para o Senado da República. Não conseguia entender por que me parecia que tanto Marcondes Gadelha quanto Antonio Mariz eram contra o arbítrio, porque ambos lutavam para que o País fosse redemocratizado.

Quero, portanto, fazer este registro da minha admiração ao homem que seguramente, por implicações da política municipal, não foi nosso companheiro desde o início da jornada política, mas que, procurando manter coerência, procurando manter a postura do democrata interessado na abertura política do País, Antonio Mariz se constituía num dissidente. Fazia parte de um grupo dissidente dentro da ARENA, que lutava, naquela época tão difícil da vida brasileira, para que o País pudesse recuperar a democracia.

Quero, portanto, neste momento, meu caro Senador Ronaldo Cunha Lima - e na sua pessoa me dirijo aos dois outros companheiros que integram a representação da Paraíba nesta Casa, o companheiro Ney Suassuna e o companheiro Humberto Lucena -, levar as homenagens de toda a bancada do PMDB e a nossa solidariedade à Paraíba. E queremos declarar, neste momento, a solidariedade ao PMDB, que perde um dos seus melhores quadros da vida pública nacional, a solidariedade à classe política no Brasil e, enfim, a solidariedade ao povo brasileiro por esta perda.

Mariz morre, mas ficam os seus exemplos. A homenagem da liderança do PMDB a esse grande companheiro e a homenagem deste admirador à distância, que, não tendo tido a oportunidade de gozar da sua intimidade, da convivência mais próxima, mas que aqui quero declarar e deixar inserido nos Anais do Senado minha admiração por este homem público que, mesmo tangido pelas dificuldades e pelas circunstâncias da política municipal, deu, num momento difícil da vida nacional, ainda que pertencendo ao partido do Governo de então, a contribuição para que tivéssemos a abertura democrática no Brasil.

O Sr. Ronaldo Cunha Lima - V. Exª me permite um aparte, nobre Senador Jader Barbalho?

O SR. JADER BARBALHO - Pois não, nobre Senador Ronaldo Cunha Lima.

O Sr. Ronaldo Cunha Lima - Senador Jader Barbalho, V. Exª, na qualidade de líder, fala em nome do PMDB. Mas fala, acima de tudo, por si próprio, pelo conhecimento pessoal que tem de Antonio Mariz, da sua história, dos seus exemplos. Seu depoimento, a exemplo dos demais aqui oferecidos, conforta, sensibiliza, é daqueles que são capazes de reduzir a intensidade da dor que invade a Paraíba inteira. Levarei, nobre Senador, à Paraíba, ao seu Governo, hoje comandado pelo nosso companheiro de partido, José Maranhão, e aos familiares de Mariz, a sua esposa Mabel, a suas filhas Adriana e Luciana, a sua mãe Noemia e ao seu irmão José Mariz, mas acima de tudo à Paraíba inteira, o depoimento de V. Exª e o de quantos, aqui no Senado, transformaram, como disse o Senador Elcio Alvares, em histórica esta sessão. Em nome da Paraíba, muito obrigado.

O SR. JADER BARBALHO - Senador Ronaldo Cunha Lima, seguramente todos os Senadores que integram nossa bancada nesta Casa gostariam de prestar esta homenagem a essa figura que, repito, passou pelo Senado da República, honrou o mandato de Senador da República como honrou todos os cargos que exerceu.

Quero reiterar a minha solidariedade ao povo da Paraíba, e, mais uma vez, referir-me ao exemplo que fica da trajetória política desse grande homem público que foi Antonio Mariz.


Este texto não substitui o publicado no DCN2 de 19/09/1995 - Página 16060