Discurso no Senado Federal

INEGAVEL PROCESSO DE DESACELERAÇÃO DA ECONOMIA BRASILEIRA E CONSEQUENCIAS PARA A POPULAÇÃO.

Autor
Mauro Miranda (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/GO)
Nome completo: Mauro Miranda Soares
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.:
  • INEGAVEL PROCESSO DE DESACELERAÇÃO DA ECONOMIA BRASILEIRA E CONSEQUENCIAS PARA A POPULAÇÃO.
Publicação
Publicação no DCN2 de 01/09/1995 - Página 14952
Assunto
Outros > POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.
Indexação
  • APREENSÃO, ORADOR, REDUÇÃO, ATIVIDADE ECONOMICA, RESULTADO, POLITICA, GOVERNO, AUMENTO, DESEMPREGO, SETOR, INDUSTRIA AUTOMOBILISTICA, AGRICULTURA.
  • ANALISE, PESQUISA, REALIZAÇÃO, INSTITUTO DE PESQUISA ECONOMICA APLICADA (IPEA), COMPROVAÇÃO, REDUÇÃO, ATIVIDADE ECONOMICA, PODER AQUISITIVO, POPULAÇÃO, ESPECIFICAÇÃO, CLASSE MEDIA.
  • DEFESA, SUSPENSÃO, POLITICA, GOVERNO, MANUTENÇÃO, EXCESSO, TAXAS, JUROS, IMPOSIÇÃO, LIMITAÇÃO, CRESCIMENTO ECONOMICO, CONTROLE, NIVEL, CONSUMO, OBJETIVO, INCENTIVO, DESENVOLVIMENTO ECONOMICO, EFICIENCIA, ATUAÇÃO, EMPRESA, PAIS.

O SR. MAURO MIRANDA (PMDB-GO) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a poderosa confraria dos economistas brasileiros não prima pelo consenso. Eles divergem sempre na indicação dos remédios e na análise dos fatos. Mas parece, hoje, que pelo menos num ponto eles se submetem à unanimidade: ninguém pode negar mais que a economia sofre intenso processo de desaceleração, neutralizando o clima de otimismo que reinou durante o primeiro semestre do Plano Real. Os indicadores sociais são preocupantes. O desemprego bateu forte no setor automobilístico, o mais forte do segmento industrial. São mais de 10 mil demissões, somente em agosto. No interior, que é sustentado pela agricultura, o quadro de crise já é mais antigo e sobejamente conhecido. Sem perder a sua independência crítica, as bancadas que apóiam o governo no Congresso têm dado apoio incondicional nas votações de interesse do Plano Real. Mas, do outro lado, as cobranças estão crescendo. O povo está ficando cansado, e nós somos obrigados a refletir o povo. Não dá para ficar sem resposta do governo. Já estamos cansados de pedir soluções para a agricultura, para a habitação, para o desemprego, e às vezes ficamos com a impressão de que estamos falando para o deserto.

Agora, vem do respeitável Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada a constatação de que o crescimento econômico só será retomado no segundo semestre de 1996. Para nós, cujos gabinetes no Congresso refletem todo o peso da angústia popular, a expectativa, vinda de um órgão do Ministério do Planejamento, é grave demais. Como é que o povo vai aguentar? A classe média já começa a se desfazer de equipamentos essenciais para a sua sobrevivência, como o automóvel e o telefone. Aqui em Brasília, onde a maioria recebe salários fixos no final do mês, isso pode parecer exagero. Mas no interior é assim que as coisas estão ocorrendo. Escola particular para os filhos já é um luxo para muitos poucos. Viagens de recreio parecem coisa do passado. O objetivo da classe média, no momento, é evitar dívidas e assegurar padrões mínimos de qualidade de vida. Quem disser o contrário estará mentindo.

É do mesmo IPEA a informação de que a retração industrial chegou ao nível de 18,8 por cento no semestre. A queda de atividade da economia, só em julho, foi de 6,5 por cento. E eu pergunto se haverá oxigênio para suportar as pressões sociais neste e no próximo semestre. Alguém tem que entender que há um limite para os juros, para o intervencionismo, para a imposição de limites ao crescimento, para o controle do consumo. A questão não pode ser tratada com a frieza das estatísticas monetaristas. Por trás disso tudo há 130 milhões de brasileiros que não são cobaias de laboratórios. Enfim, há uma questão política, para não dizer de segurança social. Alertas e mais alertas têm sido feitas, sem resultado. Ainda acredito que a sensibilidade do Presidente Fernando Henrique Cardoso ainda pode desempatar esse jogo, em que quase todos perdem, por causa do capricho de poucos.

É a minha esperança.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DCN2 de 01/09/1995 - Página 14952